4 de dezembro de 2018

Abertura da Feira Internacional de Economia Criativa em João Pessoa


Há um ano atrás João Pessoa foi reconhecida pela UNESCO como Cidade Criativa do Artesanato e da arte popular. Esse reconhecimento foi fruto de um trabalho de pesquisa e de prospecção sobre as vocações, potencialidades e visões de futuro para a cidade, aportada por seus dirigentes e representantes de instituições públicas, acadêmicas e da sociedade civil.

Ao conceder esse titulo para João Pessoa, a UNESCO reconheceu o esforço realizado nos últimos cinco anos em projetos de importância e impacto social, como é o caso do Programa João Pessoa Artesã, idealizado e conduzido pela primeira dama Maisa Cartaxo.

O dossiê apresentado na candidatura da cidade apontava os ativos culturais existentes nas duas esferas de poder; o potencial da cidade como pólo de escoamento de uma produção artística rica e diversificada, fruto de anos de trabalho realizado pelo Programa Estadual de Artesanato, mas também, e sobretudo, as propostas e compromissos para os próximos cinco anos. Estas propostas incluiam a criação de uma infraestrutura de equipamentos contemplando todo a criação, a produção e a comercialização de uma oferta nova, diversificada e culturalmente comprometida de bens simbólicos, em especial, de um artesanato qualificado. A criação dessa nova oferta seria de responsabilidade do Laboratório de Inovação Cultural; a produção na Fábrica Social de Artesanato e a comercialização e promoção no Celeiro Criativo, inaugurado em janeiro desse ano sob a responsabilidade de Lucia França e sua dedicada equipe. 

São três equipamentos inovadores, impactantes e reproduzíveis em outras cidades, razão de ser da Rede Mundial de Cidades Criativas, que é o compartilhamento das melhores práticas, a cooperação e o intercâmbio. Exemplo prático dessa cooperação já iniciada são os projetos “Saberes e Sabores da Paraiba” e “Cartografia das Singularidades Culturais” ambos realizados com o imprescindível apoio e patrocínio do SEBRAE Paraiba e coordenados por especialistas de duas cidades criativas do design: Cidade do México e Puebla, respectivamente Carlos Alvarado e Mariana De La Rosa, ambos presentes nessa solenidade.

Ao contemplar um ano de pertencimento a Rede Mundial de Cidades Criativas, João Pessoa vem cumprindo e superando os compromissos pactuados com a UNESCO. Propôs e realizou o primeiro Encontro das Cidades Criativas do Brasil e, fazendo-se presente, por sua autoridade municipal máxima o Prefeito Luciano Cartaxo, na reunião anual na Polônia, demostrando assim seu compromisso com a UNESCO e sua visão de futuro, resumidos em dois videos bilíngues.

João Pessoa esteve presente também  no XI Encontro Iberoamericano de Artesanato, em San Miguel Allende no México e na Assembléia do Conselho Mundial de Artesanato, em Montevideu, onde a Paraiba obteve três dos quatro prêmios concedidos ao Brasil como reconhecimento da Excelência Artesanal nos países do Cone Sul, outorgados  à Mestre Valentin, Joca dos Galos e Redes Santa Luzia.

Todas essas ações foram fruto da sintonia de ideias e propostas apresentadas e debatidas no grupo gestor do Programa João Pessoa Criativa tendo a sua frente o incansável trabalho da Focus Point Marielza Rodrigues do Sebrae.

Para fechar com chave de Ouro esse primeiro ano de atividades como Cidade Criativa do Artesanato,  João Pessoa realiza com esse evento, que hoje se inicia, prova de sua capacidade de articulação multi-institucional. A aliança de esforços e recursos financeiros aportados, em especial pelo Sebrae, Prefeitura, UFPB e Instituto Federla de Educação, mas também, os recursos humanos e institucionais aportados pela Universidade Federal de Campina Grande, Unipê; Federação das Industrias, Senai, Sesc e Fecomercio, foram fundamentais e sem os quais esse evento não teria sido possível.

Parenteses especial deve ser feito ao papel estratégico do SEBRAE PARAÍBA em todo esse processo, parceiro desde a primeira hora, em especial à Regina Amorim e toda a diretoria executiva que souberam captar esse novo “espirito do tempo” de colaboração e aposta na inteligência e na criatividade como os ativos fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Conseguiram com o SEBRAE Nacional o aporte de recursos que viabilizaram a realização desse evento e já garantiram recursos para a realização de outra Feira no próximo ano, bem como ações para o desenvolvimento de negócio criativos nos segmentos da múcica, audovisual, design, Startups digitais, tecnologia da informação e comunicação.

A Primeira Feira Internacional de Economia Criativa foi pensada, desde o principio,  para ser acolhida na Estação Cabo Branco, esse grandioso equipamento púbico dirigido com competência por Marianne Góes e sua equipe, cujo suporte técnico e operacional é de um valor não dimensionável.

A feira estará aberta de terça à sábado, das 14 às 21 horas, recebendo em seus espaços o melhor do artesanato, do design, do cinema, da música e da gastronomia. Para cada um dessas áreas, hoje conhecidas como Indústrias Criativas, teremos um salão. São eles: Salão Internacional do Artesanato, coordenado pelo SEBRAE e pelo Programa do Artesanato Paraibano com a curadoria de Lu Maia, além da presença do Celeiro Criativo mostrando o que de melhor a Paraiba produz na arte popular e no artesanato. O caráter internacional do Salão  está na presença do artesanato do Chile, Colômbia, Equador,Peru e México com destaque ara a presença das cidades de Querétaro e San Cristobal de las Casas, cidade UNESCO do Artesanato.
O Salão do Design, com a realização da primeira edição do Prêmio de Design da Paraíba, ficou sob  a responsabilidade dos coordenadores dos cursos de design da Paraíba, representados pelo Professor Kleber Barros da UFPB. O Primeiro Salão de Design realizada na Paraiba foi pensando como modo de revelar os novos talentos e divulgar os melhores projetos aproximando assim a oferta com a demanda de design. Os prêmio serãp conceidos pelos votos de um juri técnico e o voto dos visitantes.
O Salão da Música, em sua oitava edição, coordenado por Rivaldo Dias, programou diversos shows e oficinas criativas explorando a música como linguagem identitária.
O Salão Internacional do Cinema, com a exibição de filmes de todas as cidades criativas do Cinema da UNESCO, além de uma excepcional produção local. Esse Salão, coordenado pelo professor João de Lima, da UFPB, somente foi possível graças a colaboração da Cidade de Santos, Cidade Criativa do Cinema, e que será sede da reunião Anual da Rede da UNESCO em 2020, com um especial agradecimento a focus point Niedja dos Santos.
Somado-se a esses alimentos para a alma, teremos também alimentos para o corpo, com a Salão da Gastronomia, coordenado pela Professora Marisete Fernandes de Lima, da UFPB e da Feira de Agricultura Familiar coordenada pelo IFPB/FUNETEC, assessorados pelo consagrado chef Onildo Rocha.

Na retaguarda, para que tudo isso fosse possivel, contamos com o trabalho entusiasmado,  competente e voluntário de dezenas de pessoas, representadas por duas delas: Debora Carvalho e Daniel Rendón.  

Agradecemos a presença de nossos convidados internacionais representados por Manoel Ernesto, da Rede Defacto da Colômbia; Ines Maré, da Fábrica de Design da Argentina; Patricia Bellon da Empresa Etniko da Espanha, Karina Trejo Acuña diretora do Programa de Artesanato do Estado de Queretaro no México, de Indrassen Vencatachelum Presidente da RIDA Rede Internacional para o Desenvolvimento do Artesanato com sede na França e de Antonio Betolaza, Presidente do Conselho Mundial de Artesanato para a América Latina.

João Pessoa cumpre, com a realização dessa Feira, um de seus compromissos com a UNESCO, e aponta um caminho que pretende seguir. O caminho do desenvolvimento sustentável, pautado na capacidade humana de superação de seus problemas com inteligência e criatividade. Mais que opção de sobrevivência para a espécie humana, o desenvolvimento sustentável deve ser equitativo, socialmente justo, culturalmente diferenciado e economicamente viável. Um  compromisso inalienável com as gerações futuras.

Em nome da organização desejo à todos uma boa Feira, boas compras, bons negócios e bons momentos de amizade, lazer e cultura.





Entrevista Buenos Aires


1.       ¿Cómo ha evolucionado el rol del diseñador hasta hoy en los últimos  
10 años?
La divisón clásica del diseño en tres grandes campos de actuación: gráfico, producto e interiores, ya no se sostiene más. Prueba de eso es la fusión de las tres grandes asociaciones internacionales, ICSID de los diseñadores industriales, el ICOGRADA de los diseñadores gráficos e el IFI de los diseñadores de interior en una solo respresentación global: el WDO –Word Design Organization. Las escuelas de diseño más sintonizadas con las demandas del mercado, ya no ofrecen cursos con especializaciones pre establecidas. Frente a las inumerables especializaciones, que el mercado demanda, ofrecen apenas las bases del diseño, dejando que los alumnos elijan sus propios caminos, pues lo que diferencia una especialidad de diseño de las otras es solamente el conocimiento y el dominio de procesos de producción, ya que el método proyectual y creativo es el mismo. El diseño esta dejando de ser una profesión para ser una estratégia de acercamiento de los problemas de alta complejidad, que necesitan de respuestas innovadoras e disruptivas. Distinto de las demás actividades proyectuales que parte de la observación y análisis de las partes constituyentes de un problema para la comprensión del mismo en su totalidad, el diseãndor parte del todo para llegar a los detalles. Antes de preocuparse por la eficiencia de un producto, mensaje o servico el diseñador empieza por cuestionar la necesidad, la función y la utilidad de esas cosas.

2. ¿Qué habilidades considera debería tener un diseñador en la actualidad?
Diseñar es proyectar nuevas realidades y por lo tanto el diseñador necesita tornar el  invisible, visible. Para eso necesita dominar todos los lenguajes de comunicación, sean gráficos, digitales, tridimensionales, verbales y hasta corporales. Necesita conocer y comprender los fenómenos físicos, los materiales y procesos de producción, los usos y costumbres de la sociedad para la cual estará trabajando; las necesidades, aspiraciones, anhelos y deseos de los individuos. Sumado a esto, debe posser un sentimiento de pertencimiento a una determinada cultura, como su patrimonio inalienable, capaz de hacer la diferencia en un mundo cada vez más igual y homogeneo. Y por fin, necesita de una autoestima elevada que aporte la coraje necesario para enfrentar el desconocido y proponer soluciones nuevas y osadas, capaces de cambiar comportamientos para el bien común.

3. ¿Qué cree que debe mejorar el ámbito académico en cuestión de  
formación de profesionales y la producción del conocimiento?
Las universidades deben fomentar una actuación equitativa y cooperativa en sus tres campos de actuación: la enseñanza, la investigación y la extensión, en un processo continuo de retroalimentación. De simples provedoras de diplomas las escuelas de diseño se deberian preocupar más en formar profesionales competitivos y ciudadanos conscientes de los profundos cambios en la sociedad y en el medio ambiente de los cuales somos responsables y protagonistas principales. Estimular el intercambio y la cooperación con otras universidades confrontando métodos y herramientas; oxigenando los contenidos con otras experiencias, abriendo sus puertas para la actualización profesional de los egresados.  Los maestros cambiar su postura de de transmisores de conociemientos para decodificadores de repertórios culturales. Hacer más que dar respuestas para las inquietudes de los alumnos, los profesores deben hacer preguntas que estimulen la reflexión y la toma de consciencia.   
¿De qué  manera el diseño puede incorporar metodologías y procesos de  
investigación de las ciencias? (sociales y naturales)
La base de cualquier proceso de toma de decisión son los conoscimientos adquiridos en la confrontación de la información, que por su vez son fruto de la análisis de datos actuales y confiables. Conocer la realidad de un determinado contexto humano o natural exige técnicas y herramientas adecuadas, muchas ya consagradas por las ciencias, capazes de identificar la matriz cultural de un determinado territorio y decodificando los repertorios sensitivos y emocionales de su habitantes. Cuando el diseño coloca el ser humano como centro de atención necesita conocer sus hábitos, necesidades, deseos y aspiraciones. La ergonomia, la antropomentria, la etnografia, la sociologia, la antropologia aportan conoscimientos indispensables para el diseñador.


4. ¿Cómo ha evolucionado el trabajo del diseño en territorio en los  
últimos 10 años? Cuáles han sido los aprendizajes?
La primera lección es que no existen dos lugares iguales. Cada territorio es definido por sus singularidades culturales. No importa cual sea el problema, la solución pasa por las condiciones existentes y ofrecidas en el espacio de intervención. Conocer un territorio empieza por una escucha sensible, entrevistando los actores locales, separados en grupos por afinidad: especialistas, memória viva, memória visual y formadores de opinión. De esas encuestas identificar las vocaciones,  el potencial y las visiones de futuro de sus habitantes. Las intervenciones deben impulsar los atributos positivos y las fortalezas identificadas en vez de intentar disminuir o eliminar las deficiencias, ya que exige muchos más recursos y energía.     

5. ¿Cuáles son las oportunidades y desafíos del diseño para la región?
Vivimos en un mundo dominado por los bienes simbólicos, donde los productos y servicios tienen un precio determinado, no por su valor intrinseco en cuanto mercancia, sino por su valor simbólico. Por eso el diseñador debe valerse de su repertorio cultural, único y singular para proponer algo distinto y deseable. El mercado, hoy por hoy, se configura como una cola larga donde todos pueden encontrar un nicho de oportunidades. En vez de proyectar para las industrias, el diseñador pasa a ser el productor de sus propias ideas. En todos los campos de la actividad humana veo oportunidades para el diseño. Nuestro modo de pensar se transformó en la nueva estratégia empresarial y mercadológica, en la cual se utilizan metodologías y herramientas de lo que se denomina “design thinking” para salir de la zona de confort pautada por la innovación, con el fin de buscar  innovación radical y/o disruptiva.  De la oferta de alimentos a la construccion civil, donde en ambos casos se desperdicia una cuarta parte de lo que fue producido por falta de diseño, hasta los servicios esenciales de salud, mobilidad, educación y seguridad pública, existen demandas reprimidas en la espera de soluciones innovadoras y factibles. Especificamente en el campo del diseño de indumentaria es importante considera-la como nuestra segunda piel, cada vez mas inteligente, sensible, individual, exclusiva, confortables y adaptable a las condiciones externas, además de ser la cascara, la embalaje, la parte visible de nuestra identidad.

3 de dezembro de 2018

Abertura da Segunda Jornada Iberoamericana de Design e Artesanato



Naquele ano  de 1999 eramos muitos, de muitos países, preocupados com o futuro do artesanato em um mundo cada vez mais globalizado. Sonhamos sonhos possíveis, alertando para o risco da perda de identidade e do necessário esforço de prover os meios necessários para que o desenvolvimento se fizesse de modo harmônico.
Reconhecemos a importância do design como instrumento de inovação e preservação da cultura local, expresso em um longo capitulo nos anais do evento.
Dos que firmaram esse documento histórico, muitos já se foram, restando aqui e agora apenas eu e Manuel Ernesto como testemunhos de um momento onde o artesanato deixava de ser uma preocupação relacionado ao bem estar social, para uma dimensão mais ampla, economicamente viável e culturalmente responsável.   
Propúnhamos a criação de grupos de apoio permanente aos artesãos, apoiando todas as etapas do ciclo de produção. O Laboratório Brasileiro de Design - LBDI era nossa referência como grupo pioneiro na prática e difusão do design social. Os resultados de um projeto de pesquisa e desenvolvimento de uma coleção de produtos artesanais de referência cultural de Santa Catarina inspirou Artesanias de Colômbia, que nos convidou para propor uma politica de design para o artesanato.
20 anos depois são 33 Laboratórios de Design e Inovação, atendendo todos os 33 estados da Colômbia. Mais de 1.300 coleções de produtos desenvolvidos. Expoartesanias, a maior e mais importante Feira de Artesanato da América Latina, realizada sempre no mês de dezembro em Bogotá, tem hoje como critério de seleção a inovação e o vínculo cultural dos produtos que serão exibidos e comercializados.
O Artesanato no México, de excepcional riqueza, com expoentes únicos como as cerâmicas de Mata Ortiz ou os bichos e alebrijes de Jacobo em Oaxaca, que aparentemente prescindiram do design como protagonistas do processo de criação, não são tradições ancestrais. Foram fruto da inteligência de um homem, que as foi transmitindo e seduzindo outros a fazerem o mesmo, pois descobriram um nicho de mercado que hoje valoriza o autêntico e exclusivo produto. São verdadeiros designers autodidatas, capazes de criar um produto de sonho e desejo. Esses são dois exemplos das oportunidades existentes em uma mundo que privilegia os bens simbólicos, que valem não pelo seu valor intrínseco enquanto objeto, mas por seu valor intangível, aportado pela qualidade, pela confiabilidade, pela cumplicidade e pelo design.    
No Brasil, os últimos vinte anos foram os anos dourados para o artesanato brasileiro. O Programa de Artesanato do SEBRAE, criado com o apoio da Fundação Espanhola, em um histórico curso organizado em Ouro Preto, tomou como base o texto produzido e apresentado na primeira Jornada, como o Termo de Referência do artesanato.  
Pesquisas sobre a iconografia foram realizadas em praticamente todos os estados do Brasil. Do mesmo modo foram criados os núcleos de design e centenas de intervenções de êxito, feitas por muitos aqui presentes.
O projeto Talento do Brasil, que aproximou o artesanato da moda, criando memoráveis coleções, que hoje são peças cult é outro exemplo de programas de exito unindo design e artesanato.
Passamos a reconhecer os grandes mestres do artesanato e da arte popular e seu prestigio no mercado mundial, sendo o Mestre Expedito Celeiro e Dona Isabel do Jequitinhonha apenas para citar dois exemplos.
 Uma das maiores contribuições ao artesanato o SEBRAE deu ao criar o Prêmio TOP 100 do Artesanato brasileiro, que já realizou 4 edições tri anuais, criando uma cultura de aprendizagem na avaliação de produtos e provocando um salto de qualidade do artesanato brasileiro. Esse prêmio mudou a vida de seus ganhadores, pela visibilidade e promoção conseguidas.
Foi criando o Centro de Referência do Artesanato, único em se gênero no mundo, funcionando no Rio de Janeiro, que somados ao projeto “Brasil Original” e ao Premio Top 100 colocam o SEBRAE como principal protagonista na promoção do artesanato brasileiro em todo o continente e talvez no mundo ocidental.
Entretanto o segmento artesanal ainda é o elo mais frágil da economia criativa, necessitando de um suporte institucional para sua manutenção competitiva no mercado.
Toda essa massa critica acumulada deve ser compartilhada para aqueles que virão. Essa segunda jornada é uma espécie de passada de bastão, onde os princípios éticos que durante anos foram pactuados, sejam preservados.  Que as boas experiencias sejam continuadas e multiplicadas. Que novos Laboratórios sejam criados como forma de apoio permanente ao desenvolvimento do artesanato de referência cultural.
Os processos exitosos de intervenção, cada um com suas abordagens próprias, ao serem compartilhados revelam-se novas estratégias, métodos e ferramentas de êxito, tais como as técnicas de escuta sensível que desenvolvemos com o objetivo de decodificar as memórias afetivas dos habitantes do lugar, sua matriz cultural, suas vocações, potencialidades e desejos de sua visão de um futuro possível e desejável.
Vejo esse evento como um novo marco, pautado pela cooperação e pelo intercâmbio, compartilhando projetos e soluções. Sugiro que Fortaleza e Querétaro do México, duas cidades candidatas ao titulo de cidades criativas do design e do artesanato respectivamente, demostrem sua capacidade de colaboração organizando ações de continuidade, e em especial a próxima jornada, sem que se passem mais vinte anos. 
Os recursos são cada vez mais escasso para serem desperdiçados em tentativa e erro. O tempo é cada vez mais curto para reverter erros planetários. Somos hoje cidadãos do mundo, conscientes da necessidade de mudar os hábitos de consumo, se quisermos sobreviver como espécie. Temos um compromisso inadiável com nossa única morada, de passar de uma sociedade do desperdício para uma sociedade sustentável.
São 17 os princípios e práticas propostos pela ONU para o desenvolvimento sustentável. Adesivados até na porta do elevador do SEBRAE.
1999 era o segundo ano de funcionamento do Centro de Design do Ceará, pioneiro na introdução do ensino do design no Estado. Pioneiro em sua forma de ensinar o design descritas em dezenas de artigos. O CDC foi considerado, em uma pesquisa feita pela Universidade da Flórida, como a experiência mais relevante no ensino do Design junto com a Universidade de las Américas em Puebla. Relatar a experiência do CDC, exigiria um tempo que não disponho nesse evento. A primeira jornada de design e artesanato  foi organizada pelo CDC, demostrando dessa forma seu compromisso com o design social e culturalmente responsável.
O design e o artesanato provaram nesses 20 anos que quando bem realizados conseguem deixar sua marca na  vida daqueles que dele dependem. É verdade que muitos não tiveram sucesso e ainda lutam por sobreviver. Mas as soluções exitem, já foram testas, e custam pouco. Custam apenas  desejo político de realizá-las. Quem sabe, se com o desejo de Fortaleza ser uma cidade criativa da UNESCO abra-se o espaço que se necessita de apoio à preservação das tradições, o estímulo a diversidade cultural, o apoio aos talentos criativos que anida não tiveram o espaço de expressão que merecem  e um casamento frutífero entre o saber e o fazer. Agora, e nos próximos 20 anos.
Vida longa ao artesanato e o design, juntos e misturados.

3 de novembro de 2018


Acontecerá dos dias 05 a 09 de novembro no espaço The House Mall, em João Pessoa, a edição Paraibana do projeto “Saberes e Sabores”. Este projeto faz parte do plano de trabalho pactuado com a UNESCO pelo Programa João Pessoa Cidade Criativa.
Tem por objetivo promover a integração de três áreas da economia criativa, o artesanato e a gastronomia através do design, em um processo de desenvolvimento colaborativo de uma nova coleção de produtos artesanais destinados a melhorar a preparação e apresentação de pratos típicos selecionados da culinária Paraibana, com foco no turismo de experiência.

Durante cinco dias designers convidados do Brasil e do exterior, ceramistas e especialistas em gastronomia, em um esforço criativo compartilhado, definirão um padrão de apresentação da culinaria tradicional, agregando valor pela inserção de elementos da cultura regional e diferenciação qualitativa.

No segundo momento uma rede de restaurantes credenciados a utilizarem o selo “Saberes e Sabores da Paraíba” pela utilização normatizada desses pratos, criando uma demanda constante e crescente por esses produtos artesanais, em uma espiral virtuosa.  

Essa Oficina Criativa dá inicio ao ciclo de inovação e de produção de uma nova oferta artesanal de João Pessoa. Partindo de uma demanda induzida, fruto de um acordo entre hotéis e restaurantes, assegura-se a manutenção e continuidade do Programa.  Os produtos concebidos nessa Oficina Criativa serão produzidos na Fábrica Social de Artesanato.

Antecedentes
Saberes e Sabores do Maranhão 2008 (Publicado pelo Governo do Estado do Maranhão)
Saberes e Sabores de Santa Catarina 2015 (suspenso)
Saberes e Sabores de Puebla 2016 (Publicado pelo Governo do Estado de Puebla)

Coordenação:
Eduardo Barroso Neto
Equipe técnica:
Camille Aquino  (Designer Industrial UFCG)
Carlos Alvarado Dufour (Designer do México – Participou das 3 edições de Saberes e Sabores)
Daniel Rendón Farfán (Designer do México)
Eveline Vasconcellos (Designer - Fortaleza)
Fabio de Moraes (Designer do SENAI)
Gina Dantas (ceramista de João Pessoa)
Kleber Barroso (Designer industrial UFPB)
Marianne Góes (Designer de Interiores -João Pessoa)
Nicia Paes Bormann (Arquiteta - Ceará)
Onildo Rocha (Chef)
Túlio Paracampos (participou na primeira edição. Designer e ceramista de Fortaleza)
Valeria Antunes (Arquiteta e artesã de João Pesssoa)

Patrocinio
SEBRAE

Organização
Prefeitura de João Pessoa

Apoio
The House Mall
Cabana Fabrica de Móveis
Tely
Tela Sat


·         

10 de outubro de 2018

Considerações, sugestões e recomendações para as candidaturas brasileiras à UCCN

Tenho acompanhado de perto o desenvolvimento da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO desde 2009, quando fui convidado a colaborar com a mesma durante o Primeiro Fórum Mundial das Industrias Criativas – FOCUS, realizado em Monza, na Itália.
Nos ano seguinte fui contratado pela Prefeitura de São Paulo para elaborar o dossiê de sua candidatura como cidade UNESCO do Design, tarefa essa que durou aproximadamente seis meses de trabalho intenso. Como a UNESCO ainda não disponha, naquele momento, de um modelo e formato definido para a elaboração dos dossiês, o processo de análise implicava em idas e vindas para atender exigências e requerimentos que o comitê de avaliação fazia. Nesse grupo, sediado em Paris, colaborava minha filha, que muito me orientou.
Ainda em 2010, residindo em Florianópolis, sugeri a candidatura da cidade no segmento da Gastronomia, colaborando na elaboração de um extenso dossiê, envolvendo dezenas de pessoas e instituições. Do mesmo modo propus que João Pessoa e Recife tentassem sua indicação como Cidade do Artesanato e Brasilia como Cidade do Cinema.
Em 2011, por questões orçamentárias o Programa das Cidades Criativas da UNESCO suspendeu todas as análises de novas candidaturas, processo que foi retomado somente no final de 2013, com novas regras e normas exigindo a reelaboração de todos os dossiês, dentro de um prazo de 4 meses. Das cidades brasileiras candidatas, cujo processo acompanhava, apenas Florianópolis deu continuidade, tendo side então contratado para elaborar o novo dossiê, permitindo a Cidade ser aceita na Rede no final de 2014.
Em 2015 foi a vez da Cidade de Ensenada no México, entrar para a Rede, consequência de um workshop de design territorial, cuja proposição e coordenação fui responsável.
Em 2017, contratado pelo SEBRAE/PB elaborei o dossiê de João Pessoa, aceita no final do ano como Cidade do Artesanato. Desde então tenho assessorado João Pessoa na implementação dos projetos pactuados com a UNESCO.
Participei das reuniões da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO em Kanazawa no Japão; Pequim na China, Ostersund na Suécia e Cracóvia na Polônia. Em todas elas acompanhando as discussões sobre as exigências de entrada e permanencia das cidades na Rede. Em função desta experiencia é que me permito sugerir e fazer algumas recomendações sobre as novas candidaturas.
O exame dos dossiês pela UNESCO leva em consideração as ações realizadas na Cidade pretendente nos últimos cinco no segmento escolhido, seus ativos culturais e seus atributos como cidade criativa. Essas informações devem responder satisfatoriamente a duas dezenas de perguntas formuladas pela UNESCO. Além disso são consideradas as propostas de ações programadas para os próximos quatro anos, com orçamentos específicos e um compromisso formal da prefeitura da cidade candidata.
As ações futuras devem ser impactantes, inovados e compartilháveis por outras cidades, exigindo um esforço de articulação institucional envolvendo o poder público, a academia e a sociedade civil representativa. Para isso é necessário a constituição de um grupo gestor, designado e coordenado pela Prefeitura da cidade candidata.
Importante enfatizar que a cada edição apenas duas cidades por país são eleitas para a Rede. Sabendo que no Brasil existem atualmente cinco cidades cuja elaboração do dossiê esta sendo apoiada financeiramente pelo MinC, além de outras duas dezenas de cidades pretendentes trabalhando de forma isolada, será um desafio fornecer elementos convincentes para conseguir essa designação em 2019.
Fazer parte da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO é mais que um privilégio e um reconhecimento, capaz de agregar valor como destino turístico qualificado. É uma oportunidade de acesso as melhores práticas em termos de políticas urbanas. É poder compartilhar experiências e inteligência, atraindo capital humano e financeiro de qualidade.
Isso não se consegue apenas com disposição e boa vontade dos atores políticos. É necessário articulação, compromisso e uma visão de futuro pautada pela Agenda 2030 da ONU.
Pela experiência acumulada com a elaboração recente dos dossiês de Florianópolis e João Pessoa recomendo uma agenda de trabalho compartilhada com os atores institucionais envolvidos que dificilmente será inferior a seis meses de atividades intensas.

27 de setembro de 2018

As origens do Design no Ceará

Em 1996 o então Secretario de Cultura do Ceará, Paulo Linhares, empreendeu um grande esforço no sentido de implantar uma nova política cultural baseada no estimulo à industrial de bens simbólicos de alto valor agregado, inserindo em seus planos a criação de uma Escola de Design no âmbito do Centro Dragão do Mar. Neste sentido, diversas instituições de ensino foram visitadas e propostas foram apresentadas por professores de uma conceituada Escola de Design do Rio de Janeiro e da Itália. No entanto, ambas foram rejeitadas. Buscava-se uma proposta diferenciada e adequada ao Ceará, naquele momento. Uma visita da Subsecretaria de Cultura do Ceará ao Laboratório Brasileiro de Design / LBDI, em Florianópolis, abriu a perspectiva para uma colaboração, tendo em vista, principalmente, as experiências pioneiras de ensino que estavam sendo testadas em Santa Catarina. Assim formulamos um projeto de escola alternativa contando com a intermediação da arquiteta Janete Costa.
Partimos dos dados obtidos com a pesquisa “Oferta e a demanda de Design no Nordeste do Brasil” realizada por minha empresa de consultoria por encomenda do SENAI/Piauí. A carência de profissionais qualificados disponíveis no Ceará não correspondia à demanda reprimida existente. Nossa proposta não pretendia criar (naquele momento) a 68a Escola de Design do país. Defendiamos a criação de uma escola pioneira, inovadora em sua forma e conteúdo, livre das normas e exigências do Ministério da Educação e dos sistemas formais de ensino, sintonizada com as mudanças do mercado e as necessidades do nordeste. Capaz de oferecer ao mercado respostas em um espaço de dois anos.
Para desenhar as bases desta nova Escola de Design convidei um pequeno grupo de professores que reunidos durante uma semana em Fortaleza, estabeleceram as bases do projeto pedagógico. Participaram desse grupo: Augusto Morello, Fundador do ICSID. Presidente da Trienal de Milão. Um dos pioneiros do design Italiano. Editor e critico da Revista Estilo e Industria. Falecido em 2001. Luis Rodriguez Morales; designer Mexicano; PhD. Viveu e trabalhou no Japão, Inglaterra, Dinamarca, Holanda., Cuba e Brasil. Um dos mais consagrados autores sobre teoria e ensino do design na América Latina. Joaquim Redig; designer; professor da UFRJ. Autor de três livros sobre ensino do Design. Romeu Damaso; Professor da Escola de Design da UEMG. Falecido em 2011 Lia Mônica Rossi; MsC; Professora no Curso de Design da UFPB. Falecida em 2018
Este grupo propôs a criação de uma escola cujo ensino fosse fundamentado em três pilares: •Domínio de linguagens •Compreensão de fenômenos •Aplicações na realidade.
Foi sugerida uma grade curricular com quase 100 disciplinas de modo a dar a mais ampla visão possível do universo do design, sem concentrar-se em nenhuma especialidade, contrariando assim as recomendações do MEC, porém indo de encontro ao modelo de ensino que estava sendo adotado nas escolas de design mais avançadas do mundo.Esta escola não formaria designers Industriais, gráficos ou de interiores e sim DESIGNERS. Cidadãos conscientes de seu papel na sociedade e não mais fazedores de produtos e imagens apenas para induzir o consumo. Ao final de cada matéria ou disciplina ampliava-se a visão dos alunos, abrindo novas perspectivas e novos campos de intervenções. A organização das disciplinas pressupunha a criação de uma espiral de competência em graus crescentes de complexidade.No ultimo período seriam concentrados esforços no sentido de preparar os alunos para o mercado de trabalho constituindo eles próprios suas empresas de design. O circulo se fecharia com a criação da primeira Incubadora de Empresas do país de modo a garantir a inserção destes jovens designers no mercado de trabalho.
Devida a escassez de professores com experiência em design no Ceará decidimos concentrar as disciplinas em bloco viabilizando assim a vinda de professores de outros estados do Brasil, ou mesmo do exterior. Como estes professores seriam remunerados por hora-aula e sem vínculos poder-se-ia pagar um valor mais atraente. Para cobrir as despesas com hospedagem e alimentação a SECULT valeu-se da negociação de dívidas de impostos do setor hoteleiro com o Governo do Ceará. Para cobrir as despesas de passagens e honorários foi montado um projeto que foi aprovado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT do Ministério do Trabalho. Recursos adicionais, incluindo bolsas para professores visitantes, foram negociados e obtidos com outras instituições, tais como: CNPq e SECITECE que permitiram adquirir computadores e equipamentos para as Oficinas. Estas decisões permitiram trazer professores da Alemanha, Bélgica, Holanda, Argentina, Chile, Colômbia, México e Estados Unidos, fazendo com que o time de professores do CDC não encontrasse paralelo em nenhuma outra escola de design do Brasil. Em disciplinas cujo conteúdo não eram específicos de Design foram convidados os melhores professores locais entre eles Claudia Leitão, que posteriormente foi Secretaria de Cultura do Ceará.
O processo de seleção consistia em um preparatório com cujo numero de alunos era o dobro ou o triplo da vagas. Durante dois meses, avaliações semanais de desempenho, permitiam uma seleção dos mais talentosos.
Em artigo publicado em uma Revista Internacional a pesquisadora da Universidade da Florida, Maria Bernal, apontou o CDC como uma das duas experiências de maior sucesso no ensino de design na América Latina, ao lado da Universidad de las Américas em Puebla no/ México.
Os principais elementos de diferenciação do CDC com as demais escolas de design podem ser assim resumidos: •Preocupação em capacitar para o mercado e não para a docência (que exige diploma): •Sistema de avaliação baseado em afirmações lingüísticas e aplicação multilateral (Todos avaliam tudo e a todos); •Aprendizado baseado na experimentação e em projetos reais; •Foco nos elementos da cultura regional, porém cotejados com as tendências mundiais; •Apoio financeiro (isenção de pagamento) somente para os que necessitam e com um processo seletivo baseado no mérito. •Acompanhamento pedagógico por profissionais com larga experiência docente de projeto, fazendo a ligação entre conteúdos.
Deste modo duas turmas foram concluídas entre 1997 e 2000. A saída de Maurice Capovilla, da Direção do Instituto Dragão do Mar em meados de 2000 significou o princípio do fim do projeto inicialmente idealizado. As mudanças de orientação do Dragão precipitaram minha saída da direção do CDC em julho de 2001 assim como do coordenador pedagógico Marcelo de Resende. O novo diretor do CDC, Álvaro Guillermo, tentou manter as propostas iniciais, mesmo diante da escassez de recursos e dos novos métodos de administração. A expectativa de todos era por uma mudança do comando da SECULT com a eleição de um novo Governador que poderia então permitir retomar os rumos inicialmente traçados. As mudanças efetivamente vieram com o novo governo porem não aquelas esperadas. O Instituto Dragão do Mar foi extinto e com ele o projeto do Centro de Design do Ceará. Um dos argumentos utilizados nos discurso oficial era o fim dos recursos do FAT e necessidade de adequar o curso à realidade de um Estado pobre. A proposta de transferir o Curso de Design para o SENAC significou uma radical mudança do modelo de ensino até então defendido. O fim de uma utopia. Mais uma vez, a vitória do formalismo acadêmico sobre a ousadia e a inovação, exatamente os princípios norteadores do design. Durou pouco esta experiência. A terceira turma nunca conseguiu concluir seu curso.
Eduardo Barroso Artigo redigido em 2003 e revisado em 2018.
Relação (não exaustiva) dos professores do CDC nos primeiros anos do curso
Adélia Borges Grad. MUBE São Paulo
Alberto Ireneu Puppi PhD UFPR Curitiba
Alberto Rossa Grad. Universidade de Guadalajara Guadalajara / MX
Alvaro Guillermo Guardia São Paulo
Alvaro Hardy MsA UFMG Belo Horizonte
Amilton Arruda MsA UFPE Recife
Antonio Jorge Fonseca MsA ONDI Havana / CU
André Dalmazzo Grad. UFSM Santa Maria
Arno Vogel PhD FLACSO Rio de Janeiro
Augusto Morello Grad. ADI / ICSID Milão
Bia Martinez MsA São Paulo
Bernadete Teixeira MsA UEMG Belo Horizonte
Bernardo Krieguel Grad ESDI Nova York / USA
Carlos Alvarado Dufour MsA Azcapotazalco C. México
Celio Teodorico Santos MsA UDESC Florianópolis
Charles Bezerra MsC UFPE Recife
Cláudia Leitão PhD UECE Fortaleza
Cybele Cunha Lauande Grad. UFMA São Luís
Daniel Borgaro MsA Universidade Iberoamericana C. México
Darlan Ferreira Moreira Grad. CDC Fortaleza
Dirk Jacobs MsA HFG Antuérpia / BE
Eduardo Araújo MsC UFCG Campina Grande
Eduardo Barroso Neto MsA LBDI Florianópolis
Gissel Iza Saffar MsA UEMG Belo Horizonte
Guinther Parschalk MsA São Paulo
Gui Bonsiepe PhD CNPq Florianópolis
Helcio Noguchi Autod Rio de Janeiro
Henry Benavides MsA Bahia Design Salvador
Janet Robinson MsA ESDI Rio de Janeiro
Joaquim Redig Grad. PUC - Rio Rio de Janeiro
Jose Dias MsA UFRJ Rio de Janeiro
Jose Korn Bruzzone MsA Universidad Del Pacifico Santiago
Juan Carlos Capa MsA Madrid ES
Júlio Silveira Téc. Fortaleza
João Calligaris MsA UDESC Florianópolis
Jorge Montaña Grad. Bogotá / CO
José Marconi Bezerra MsA UFPB C. Grande
Lalada Dalglish MsA São Paulo
Lacidez Marques MsA Phillips Eindhoven / HL
Lia Mônica Rossi Grad. UFPB C. Grande
Luis Rodríguez Morales PhD Universidade Iberoamericana México
Luis Saralle MsA UNC Mendoza AR
Majoi Aina Vogel Grad. UFRJ / CDC Rio de Janeiro
Manoel Acosta Téc. Artesanias de Colômbia Bogotá / CO
Maria Regina Alvarez MsA UEMG Florianópolis
Marcelo Resende Grad. LBDI Florianópolis
Martha Alvarado MsA UAM México
Milvia Perez MsA ONDI Havana Cuba
Pedro Alan Martinez MsA Cuernavaca / MX
Priscila Farias MsA São Paulo
Roberto Bezerra MsA UFCE Fortaleza
Romeu Dâmaso Grad. UEMG B. Horizonte
Solange Coutinho MsA UFPE Recife
Tatiana Telles Ferreira MsA UFSC Mexico
Terezinha Maciel MsA UECE Fortaleza

4 de junho de 2018

João Pessoa lança na Polônia a Feira Internacional da Economia Criativa

Dentro de uma semana começa na Polônia a Reunião Anual da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO, com a estreia de João Pessoa neste seleto grupo de 180 cidades de todo o mundo, representada por seu Prefeito Luciano Cartaxo, pelo Secretário de Comunicação Josival Pereira e o Diretor do Centro de Línguas Estrangeira Jonathan Vieira. Acompanho o grupo como consultor e coordenador dos projetos pactuados pela cidade quando de sua candidatura.

14 de maio de 2018

A presença de João Pessoa na reunião anual da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO

Algumas cidades buscam com o titulo de Cidade Criativa da UNESCO uma agregação de valor em sua imagem como destino turístico qualificado. Outras cidades buscam, ao entrar nessa rede, projetos e soluções para problemas comuns, compartilhando as melhores práticas em políticas urbanas e nas ações centradas na Economia Criativa por acreditarem que esse é o melhor caminho para o desenvolvimento sustentável. João Pessoa é uma delas.
A presença do Prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, na reunião anual das Cidades Criativas da UNESCO, em junho na Polônia, é uma demonstração inequívoca dos compromissos assumidos. Leva consigo 40 convênios de cooperação para apresentar para algumas cidades da Rede UNESCO a proposta de uma Feira de Economia Criativa em João Pessoa, cuja realização está prevista para novembro deste ano.
Em apenas seis meses participando da Rede da UNESCO João Pessoa já mostrou sua opção preferencial por desenvolver projetos e ações baseadas na cooperação e intercâmbio como forma de ganhar mais robustez e eficácia nos desafios necessários. Realizou em março o primeiro encontro das cidades criativas do Brasil (E-criativa) criando novos vínculos e fortalecendo laços de amizade, independente das cores político-partidárias de seus dirigentes.
O Programa João Pessoa Cidade Criativa da UNESCO defende a noção que o desenvolvimento harmonico e durável se consegue com inteligência e criatividade na superação dos problemas existentes, sem impactar o meio ambiente, respeitando a diversidade cultural e promovendo a inserção social, pela educação, das populações carentes ou marginalizadas.
O foco inicial sobre o artesanato e arte popular amplia-se para as demais areas da Economia Criativa. A criação de três equipamentos para atender a cadeia de produção do artesanato de referência cultural: o Laboratório de Inovação Cultural, a Fábrica Social de Artesanato e o Celeiro Criativo, respondem respectivamente pela criação, produção e comercialização de bens simbólicos de maior valor agregado. Projetos que contam em sua força de trabalho de especialistas e voluntários do Brasil e do exterior.
Parcerias entre as Prefeitura, Sebrae e Universidades viabilizam a realização de projetos e pesquisas essenciais para o esforço de criação de produtos com identidade e foco no mercado. Dentre eles: Pesquisa sobre os referentes da cultura material e iconográfica da Paraíba e uma pesquisa sobre as memórias gastronômicas, dando suporte ao projeto Saberes e Sabores da Paraíba que busca resgatar a culinária tradicional através do design e do artesanato.
O projeto da Cartografia das Singularidades Culturais é um outro esforço de desenvolvimento conjunto e compartilhado entre Puebla no México e João Pessoa. Trata-se de um aplicativo que apontará em sete mapas, um para cada cada área da Economia Criativa, o que existe de mais singular e importante na cidade. Um guia virtual inédito cujo sistema que será compartilhado com as 180 cidades da Rede UNESCO.
Participar dos encontros anuais da cidades criativas da UNESCO é ser coprotagonista de um momento histórico. Nesses encontros são propostas estratégias e metas para alterar o curso do desenvolvimento com ações centradas na educação e na cultura. João Pessoa é desde agora partícipe de uma história que poderá mudar os destinos do planeta, cuja importância, dimensão e impacto somente poderão ser percebidas e mensuradas com a lente do tempo e da distância.
A Reunião anual da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO será realizada na semana de 11 a 16 de junho na Polônia, dela participando representantes das 180 cidades da Rede. Um momento único para a troca de experiências e de identificação de novos parceiros no desenvolvimento de projetos de interesse comum.

20 de abril de 2018

Dia Mundial da Criatividade e da Inovação

Em 27 de abril de 2017, as Nações Unidas decidiram criar o Dia Mundial da Criatividade e Inovação, escolhendo a data de 21 de abril para incentivar as pessoas a usar a criatividade na solução de problemas para todas as questões relacionadas com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
2018 é o primeiro ano em que será celebrado o Dia Mundial da Criatividade e da Inovação, estando programados eventos em varias cidades do Brasil.
http://www.diamundialdacriatividade.com.br/programacao
Entendo a criatividade como sendo a resposta mais surpreendente e satisfatória para um problema de qualquer natureza, usando os recursos disponíveis com economia, simplicidade e engenhosidade. Implica em olhar os problemas em todos os seus aspectos, mesmo os invisíveis, aportando uma solução inovadora e memorável.
Criatividade não é fazer algo novo. É criar uma nova realidade, que encante e seduza, diferente daquela conhecida em seus aspectos funcionais e emocionais. É tornar real aquilo que existia somente no domínio das necessidades e desejos não satisfeitos ou das intenções não realizadas, ampliando as fronteiras do conhecido. Já a inovação é o processo que torna essa nova realidade acessível as pessoas. Para ser criativo é necessário uma mudança de atitude que pode ser traduzida em comportamentos e hábitos cotidianos, tais como:
1. Um inconformismo crônico baseado na certeza que tudo, absolutamente tudo, pode ser melhorado, questionado permanentemente as certezas conclusivas;
2. Uma visão assimétrica, não linear, quântica, capaz de enxergar realidades paralelas e simultâneas, necessária para projetar futuros possíveis e desejáveis;
3. A determinação de não se contentar com as soluções fáceis e pouco arriscadas, posicionadas a meia distância dos extremos, conhecida como o caminho do meio, que é o caminho da mediocridade;
4. O desejo permanente de mudança, saindo da zona de conforto, permitindo uma distância critica, adulterada pelo excesso de proximidade com os problemas;
5. O hábito de nunca trilhar os mesmos caminhos, evitando as rotinas que entorpecem os sentidos e acomodam o espirito e nos tornam escravos de nossos vícios;
6. Experimentar o novo, sem preconceitos e prejuízos, expandindo as portas de percepção e da intuição;
7. Permitir e aceitar os erros, como partes indissociáveis dos processos criativos, sabendo também festejar os acertos estimulando o desejo de ousar e a coragem de arriscar cada vez mais, desbravando territorios desconhecidos, criando assim a espiral virtuosa da criatividade.
https://www.wciw.org/about/

8 de março de 2018

No dia da Mulher um recado para os designers

Em 1910 numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca foi decidido que o dia oito de Março seria designado como sendo o "Dia Internacional da Mulher". Esta data foi escolhida em função do primeiro protesto organizado por empregadas de indústrias têxteis de Nova York, em 1857, que reivindicavam melhores condições de trabalho, redução da jornada de 16 horas e melhores salários, já que recebiam aproximadamente um terço dos salários dos homens.
Pretendia-se com esta comemoração chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher na sociedade, promover uma tomada de consciência sobre suas dificuldades e principalmente rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher ao longo dos séculos. Mesmo nos países mais desenvolvidos e igualitários em suas oportunidades, muitas mulheres são hoje protagonistas de três jornadas de trabalho, sendo duas delas silenciosas e muitas vezes invisíveis, nos papéis de dona de casa, esposa e/ou mãe. Infelizmente, em nosso mundo contemporâneo, ávido de consumo e carente de informação, transformaram esta data em um dia propício para aquecer o comércio, estimulando a prática de dar presentes como forma de homenageá-las.
Para os designers é um dia para lembrar que produtos e serviços deveriam traduzir as diferentes expectativas e necessidades de gênero. Homens e mulheres guardam preciosas diferenças que devem ser entendidas, mantidas, respeitadas e valorizadas. Porém, quais são estas diferenças e atributos diferenciados? Para responder esta pergunta, consultei duas dezenas de amigas e colegas. Queria saber delas o que pensam de si mesmas e de nós, homens. O resultado não me surpreendeu, e apenas confirmou o que de certo modo já sabia, ou intuía. A agressividade, a objetividade, a praticidade, o pragmatismo e a lealdade são atributos 100% masculinos, enquanto que a emotividade, atenção aos detalhes, a fidelidade, a intuição, o sexto sentido, a sensibilidade e a tolerância são os atributos com os quais as mulheres, em minha modesta pesquisa qualitativa, mais se identificaram.
Como designer não me preocupo, tão somente, em projetar produtos que melhorem as condições de trabalho, reduzam o esforço físico, facilitem o uso e o manuseio dos objetos cotidianos, seja em casa ou na empresa. Sinto que é necessário, além disso, procurar entender e decodificar a lógica da fruição entre a mulher e seu mundo material. Agindo assim estaremos usando com um pouco mais de sabedoria e sensibilidade (que dizem que nos falta) os repertórios simbólicos do universo feminino que funcionam como insumos inconscientes para sua autoestima e valorização pessoal. Finalizo deixando um abraço carinhoso às amigas que me ajudaram nesta pesquisa em 2012* e, através delas, homenageando todas as mulheres com as quais compartilho meu trabalho, meus sonhos e expectativas.
* Obrigado Ana Claudia, Ananélia, Ana Maia, Angela, Áurea, Beth, Helena, Heloisa, Janine, Maria Célia, Milena, Mônica, Regina A, Raquel, Regina C, Rosa, Rossana, Teresita e Wanessa.
Publicado originalmente em 08/03/2012