20 de outubro de 2021

Artesanato e gastronomia nordestina

 

O artesanato representa para o nordeste parte indissociável de seu patrimônio cultural, cujos artesãos moldam nas formas seu cotidiano e suas lembranças, além dos utilitários que são a resposta as suas necessidades cuja capacidade econômica não permite o acesso a esses mesmos bens produzidos industrialmente. É, portanto, e antes de tudo, uma estratégia de resiliência diante da adversidade. Com talento e habilidade usam aquilo que está ao alcance de suas mãos. É também um fator de fixação das pessoas ao seu lugar de origem, garantindo uma vida digna. Em algumas regiões do nordeste o artesanato se transformou no arrimo de famílias numerosas cujos esposos e filhos imigraram para o sul do país durante as grandes secas. Ganhar o sustento com aquilo que se produz é motivo de satisfação, que eleva autoestima, que induz ao processo criativo, criando novas coleções de produtos com foco no turismo. Lastreado na tradição, o artesanato nordestino se renova sem perder sua identidade, sendo um dos exemplos mais notáveis o Espedito Seleiro de Nova Olinda.  Um dos maiores atributos do artesanato nordestino é sua diversidade, explorando todas as matérias primas possíveis, das opalas do Piauí até a areia colorida das falésias do Ceará. Em cada um dos nove estados existem produtos que se transformaram em ícones locais e muitos artesãos uma notoriedade mundial, como os santeiros do Piauí. O Brasil possui até o momento uma única cidade classificada pela UNESCO como cidade criativa do artesanato, que é João Pessoa, não apenas por sua expressiva produção, mas também por ser a porta de escoamento da rica diversidade artesanal paraibana, com destaque para a Renda Renascença que já conquistou para o Cariri a indicação geográfica de origem e seu polo mais importante, Monteiro, candidata a Cidade chancelada pelo Conselho Mundial de Artesanato.

O artesanato junto com a gastronomia e a musica são três dos segmentos da Economia Criativa que maior destaque e reconhecimento possuem na memória emocional e no inconsciente coletivo. Em cada região um sabor e um modo de temperar os pratos e viver a experiência gastronômica. São esses saberes e fazeres referenciados com a cultura local o grande atrativo para o turismo de experiência, que começa a buscar as rotas gastronômicas e os territórios culturais como alternativa de destino em tempos de pós-pandemia.