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3 de novembro de 2018


Acontecerá dos dias 05 a 09 de novembro no espaço The House Mall, em João Pessoa, a edição Paraibana do projeto “Saberes e Sabores”. Este projeto faz parte do plano de trabalho pactuado com a UNESCO pelo Programa João Pessoa Cidade Criativa.
Tem por objetivo promover a integração de três áreas da economia criativa, o artesanato e a gastronomia através do design, em um processo de desenvolvimento colaborativo de uma nova coleção de produtos artesanais destinados a melhorar a preparação e apresentação de pratos típicos selecionados da culinária Paraibana, com foco no turismo de experiência.

Durante cinco dias designers convidados do Brasil e do exterior, ceramistas e especialistas em gastronomia, em um esforço criativo compartilhado, definirão um padrão de apresentação da culinaria tradicional, agregando valor pela inserção de elementos da cultura regional e diferenciação qualitativa.

No segundo momento uma rede de restaurantes credenciados a utilizarem o selo “Saberes e Sabores da Paraíba” pela utilização normatizada desses pratos, criando uma demanda constante e crescente por esses produtos artesanais, em uma espiral virtuosa.  

Essa Oficina Criativa dá inicio ao ciclo de inovação e de produção de uma nova oferta artesanal de João Pessoa. Partindo de uma demanda induzida, fruto de um acordo entre hotéis e restaurantes, assegura-se a manutenção e continuidade do Programa.  Os produtos concebidos nessa Oficina Criativa serão produzidos na Fábrica Social de Artesanato.

Antecedentes
Saberes e Sabores do Maranhão 2008 (Publicado pelo Governo do Estado do Maranhão)
Saberes e Sabores de Santa Catarina 2015 (suspenso)
Saberes e Sabores de Puebla 2016 (Publicado pelo Governo do Estado de Puebla)

Coordenação:
Eduardo Barroso Neto
Equipe técnica:
Camille Aquino  (Designer Industrial UFCG)
Carlos Alvarado Dufour (Designer do México – Participou das 3 edições de Saberes e Sabores)
Daniel Rendón Farfán (Designer do México)
Eveline Vasconcellos (Designer - Fortaleza)
Fabio de Moraes (Designer do SENAI)
Gina Dantas (ceramista de João Pessoa)
Kleber Barroso (Designer industrial UFPB)
Marianne Góes (Designer de Interiores -João Pessoa)
Nicia Paes Bormann (Arquiteta - Ceará)
Onildo Rocha (Chef)
Túlio Paracampos (participou na primeira edição. Designer e ceramista de Fortaleza)
Valeria Antunes (Arquiteta e artesã de João Pesssoa)

Patrocinio
SEBRAE

Organização
Prefeitura de João Pessoa

Apoio
The House Mall
Cabana Fabrica de Móveis
Tely
Tela Sat


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4 de junho de 2015

Oficina Criativa Design + Gastronomia + Artesanato

Conceito norteador dos projetos
A proposta é promover o entrelaçamento de três atividades da economia criativa. O design intervindo na gastronomia, gerando trabalho e estimulando a demanda de produtos e utensílios artesanais, que produzidos localmente internalizam renda na comunidade.
Como cada alimento tem uma história, uma origem, e uma forma de preparo que pode mudar de uma região para outra, entender essas diferenças e, em suas singularidades, descobrir o repertorio emocional das pessoas, e deles extrair valor, é o desafio proposto. Não se trata da tendência defendida pelo movimento do “Food Design” onde é a experiência no ato de comer é o foco de sua preocupação. Nem tampouco projetar embalagens de produtos alimentícios, conm cara do lugar, ou ainda, intervir na própria forma dos alimentos, como desafio artístico.
O que buscamos será unir os saberes tradicionais das cozinhas com aquele presente nas oficinas artesanais. O sabor de uma soma de saberes, que toca não somente o palato, mas a alma das pessoas.
Cada prato da culinária remetendo a um determinado tipo de sensação e prazer. A uma lembrança, no tempo e no espaço. Cada prato com uma uma linguagem formal e simbólica, que o distinguiam e o coloquem em valor. Dotado de estímulos táteis e visuais capazes de provocar um maior entendimento do valor da experiência presente no ato de alimentar, não somente o corpo, mas também o espírito. Com saúde, prazer, cultura e emoção.
Resultados esperados Novas coleções de produtos relacionados com os principais pratos da culinária de Santa Catarina, tais como: travessas, vasilhames, utensílios e complementos de mesa, na forma de coleções, cuja produção seja preferencialmente local e sua adoção pelos restaurantes comprometidos com o projeto “Florianópolis – Cidade UNESCO da Gastronomia”.
Dotar os pratos de uma referencia simbólica, relacionada com a história ou a cultura do lugar, ampliando a percepção de seu valor. O que se espera são artefatos que proponham uma solução relacionada com sua cultura de origem, estimulando a preservação de hábitos e tradições, porém aberta ao novo, as experimentações que enriquecem e ampliam o repertorio cultural.

9 de dezembro de 2013

Arte popular, artesanato, manualidades - Novos paradigmas



Arte popular, artesanato, manualidades e industrianato são conceitos ultrapassados pela realidade. As fronteiras conceituais não foram suficientes para dar conta da diversidade de expressões estéticas e visuais existentes hoje no comercio de bens simbólicos.

A análise tátil e visual de um produto não é suficiente para classificá-lo e atribuir um valor. É preciso conhecer suas origens, matérias primas e técnicas utilizadas, habilidades e conhecimentos requeridos na sua realização. Essa informação é uma nova exigência desse mercado para aqueles que promovem e comercializam, sejam lojas especializadas de artesanato, galerias de arte ou feiras comerciais.

O que esse mercado busca hoje? Peças únicas, de valor artístico inquestionável, que podem ser fruto de um indivíduo de baixa escolaridade e distanciado da sociedade de consumo urbana ou de alguém com formação artística acadêmica superior. Tanto faz. A originalidade e a inovação que convivem e dialogam com a tradição e as raízes culturais são os paradigmas de um desenvolvimento sustentável e socialmente responsável. Não importa de nem onde e nem em que condições emergem.

Do mesmo modo, a ruptura das fronteiras entre aquele que cria, para seu prazer ou para seu sustento, ou daquele que cria para aquele que produz, deveu-se a em grande parte a inserção do design nas unidades de produção artesanal, introduzindo técnicas e métodos próprios do processo de criação. Desapareceram as figuras do artista popular e do artesão, fundidos em um só individuo, capaz de criar e de reproduzir com pequenas variações os modelos originais. 

Restringir o acesso ao mercado, ou determinar o valor comercial de um produto apenas por uma análise acadêmica, é hoje impensável.  O mercado consumidor de bens simbólicos já está amadurecido para discernir o que é bom daquilo que é apenas belo.Bom e belo, dois conceitos que comportam imensas considerações. Pessoalmente penso que o belo é fruto do equilíbrio e da harmonia dos elementos, já o bom é aquilo que inova, surpreende, instiga a reflexão e traz o encantamento e o frescor de algo novo, porém referenciado em tempo e lugar.

14 de abril de 2011

O valor das coisas tangíveis

Consultando as estatísticas desse meu blog descubro que o texto mais acessado é o que tem por titulo “como calcular o preço de venda de um produto artesanal” com mais de 900 visualizações. Deduzo, portanto, que a maioria dos que me visitam são artesãos ou pessoas com eles envolvidas, com exceção dos patrícios que me confundem com um cirurgião e um juiz de futebol que são meus homônimos e que vivem em Portugal.

Suponho também que a questão do preço e conseqüentemente a comercialização são os temas mais preocupantes para este grupo de visitantes. Deste modo, me sinto compelido a trazer outras reflexões sobre estes temas.

A primeira delas diz respeito ao valor agregado, ou valor percebido pelos consumidores, expresso na capacidade de atração, de encantamento, de sedução ou de surpresa que um produto é capaz de despertar nas pessoas. Este “algo mais” que distancia um produto do lugar comum, do “déjà vu”, está sobre uma linha tênue que separa o banal do extraordinário. Para alcançar e se manter nesta posição de fronteira é necessário ousar, transgredir, romper as convenções estéticas e formais. Significa perscrutar o coração e a mente dos seus consumidores buscando decodificar seus desejos e aspirações ainda não reveladas.

Este exercício criativo, ao invés de copiar as boas idéias alheias, é tarefa para pessoas treinadas na pratica cotidiana da inovação, como é o caso dos artistas, designers e afins. Esta parceria entre criadores e produtores deve ser apoiada, estimulada, fomentada e patrocinada pelas instituições, como o SEBRAE, que atuam no setor pois, salvo exceções, as unidades de produção artesanal assim como as micro e pequenas empresas não possuem capital, e cultura de risco, para investir na contratação destes serviços.

A segunda reflexão está relacionada ao valor monetário que pode ser acrescido ao preço básico de um produto (obtido pela soma do tempo utilizado em sua produção, dos insumos, matéria prima e encargos) cuja margem de elasticidade é determinada em parte pela concorrência, mas principalmente pelo poder e disponibilidade de compra do público visado, fruto da experiência e da vivência que o uso, a proximidade, a contemplação ou fruição que aquele produto proporcionou.

Os consumidores de maior poder aquisitivo, e de maior grau de compreensão/inclinação cultural para o artesanato, a arte popular e o design vernacular, público mais disposto em adquirir produtos de preço mais elevado, não são os freqüentadores habituais das feiras artesanais e lojas de souvenir. Para alcançá-los é necessário uma mudança de estratégia. Trata-se de procurar ir até onde estão, e não esperar que venham até você.

Como fazer isso?
Separando-se da manada, buscando um espaço ou nicho específico que esteja em conexão direta com esse público culturalmente mas exigente. Entrando em seu "habitat", fixo ou provisório, como algo que tem uma história para contar, ou uma emoção para relembrar.

Fazendo parte integrante dos espaços interiores das pousadas e hoteis, dos restaurantes temáticos,das residencias oficiais e dos formadores de opinião.

Fazendo parcerias estratégicas na comercialização, com estes mesmos fornecedores de serviços exclusivos. Como dizem os arqueiros: É mirando (e pensando) mais alto que se acerta o alvo. E o preço se determina de trás para frente. Ou seja,avaliando o quanto vale no mercado a diferença que meu produto possui?

__________
Veja o artigo: "Como calcular o preço de venda de um produto artesanal"

2 de março de 2011

O artesanato dentro da lógica de uma “produção associada”.

Entendo primeiramente a expressão “produção associada” como sendo uma oferta de produtos compatíveis, ou complementares, provenientes de unidades de produção independentes que interagem e cooperam-se entre si, nas distintas fases da cadeia de produção e comercialização. A produção associada presume uma lógica semelhante a dos “arranjos produtivos locais” ou dos “clusters”, com estímulo a constituição de cooperativas de produtores e um plano estratégico comum.

Produtos artesanais com maior qualidade percebida são geralmente feitos com diversos materiais, trabalhados por artesãos diferentes e especializados. Esta soma de materiais e técnicas permite uma maior exploração estética e funcional, tornando o produto único e singular.

Obter um produto artesanal que seja a soma de distintos saberes é um desafio de logística e de gerenciamento (do tempo, dos custos e do individualismo dos artesãos) cujo resultado pode ser o incremento dos ganhos para todos os envolvidos. Esta tem sido a lógica perseguida por alguns projetos, dentre eles os “saberes e sabores do Maranhão”, onde um recipiente de cerâmica dentro de um cesto de palha trançada tem seu valor comercial maior que a soma dos dois produtos vendidos separadamente. O mesmo raciocínio vale para as panelas de pedra sabão de Minas Gerais com suas alças de cobre, ou as cachaças cujas garrafas são cobertas com fibra vegetal trabalhada (Exemplos: Germana e Ypioca) gerando centenas de oportunidades de trabalho.

As jóias, em sua maioria, representam um bom exemplo de produto artesanal cujo altíssimo valor comercial decorre não somente pelos materiais nobres que utiliza, mas também pela qualidade criativa e apuro técnico em sua produção. Outro exemplo são as rendas, que isoladamente possuem um valor comercial cujo teto está muito aquém do valor que poderia alcançar estando associada a uma roupa de luxo.

Estas reflexões remetem a uma outra dimensão do conceito de “produção associada” que é vincular a oferta de produtos a um determinado nicho de mercado. O artesanato pode buscar se associar ao mercado de luxo; ao mercado de turismo; ao mercado de decoração; ao mercado de moda; ao mercado de produtos agro-alimentares ou ao mercado de presentes e lembranças. Para cada nicho de mercado que se desejar atender é necessário fazer preliminarmente um detalhamento da demanda, com informações atuais e confiáveis sobre disposição de compra; sazonalidade; destino da aquisição; preços máximos; tipologias e características.

Cada um destes nichos é constituído de grupos de indivíduos com desejos e expectativas diferentes. Para alguns o valor cultural é o mais importante para outros é a exclusividade, ou a surpresa.
A observação atenta destes grupos demandantes tem permitido apontar algumas janelas novas de oportunidade a serem exploradas pelas unidades de produção artesanais mais dinâmicas, criativas e qualificadas.

Para atender o comercio de luxo é necessárias uma qualidade estética e um acabamento perfeito e diferenciado. O luxo não se expressa pelo valor comercial da peça artesanal, mas por seu valor emocional, trazido pela dimensão humana, presente nas mãos que o produziu. Os consumidores típicos do comercio de luxo possuem hoje acesso a todos os produtos que desejam adquirir. Não existem mais barreiras alfandegárias e os custos de logística permitem o comercio mundial em larga escala ser competitivo.
Estima-se que na Cidade de São Paulo vivam 60 mil milionários. Para eles foram criados os shoppings exclusivos e o comercio da região dos Jardins. Nestes locais existe tudo de melhor que a capacidade criativa do homem foi capaz de produzir.
Esta hiper-oferta qualificada chega a um ponto de saturação quando o seu valor simbólico se banaliza. Quem já tem tudo não deseja o mais do mesmo. Busca o novo, a surpresa e o encantamento. Perceber isso é estar no lugar certo, na hora certa e diante das pessoas certas.

Este é o momento e a oportunidade para oferecer o “luxo emocional” apresentado na forma de um serviço ou produto único, exclusivo, com uma história para contar sobre um tempo e um lugar.

Este mesmo tipo de qualidade espera o turista frente à oferta artesanal, acrescido do fato que o produto deve ser parte ou testemunho da vivencia emocional que esta pessoa experimenta. Para justificar estes argumentos basta verificar o comportamento de três grandes grupos de turistas: o acidental, o tradicional e o existencial. O acidental é aquele viajante que fica entre um e cinco dias em média nos destinos. Viaja por compromisso pessoal, profissional, familiar ou religioso e compra apenas os presentes compulsórios. Já o turista tradicional viaja a lazer, para escapar, se evadir da realidade cotidiana. Em geral não procura o novo tendo em vista o grau de risco que toda novidade incorpora. Quer os serviços e os produtos consagrados, conhecidos, sem surpresas.

E por fim o turista existencial. Este viaja para se misturar com outros povos e outras culturas. Viaja para experimentar, aprender e conviver com o novo. Para estes o produto deve ser um vinculo estreito com o momento e o lugar vividos.

Cresce exponencialmente uma demanda reprimida por produtos de qualidade, feita por um tipo de consumidor sazonal, de nível socioeconômico e cultural mais elevado, disposto a pagar mais por um produto que chame sua atenção e o seduza. Este produto deve estar associado à experiência que se está vivendo. Com o tempo este produto será transformado em prova física, testemunha de um momento especial que sobreviverá apenas na memória.

Porém não basta apenas melhorar ou adequar à oferta ao seu publico visado. É necessário pensar novas estratégias de comunicação, divulgação e comercialização para este artesanato diferenciado.

Os turistas que freqüentam feirinhas e lojas de artesanato vão em busca do souvenir, da lembrançinha, do presente compulsório. O turista existencial adquire aquilo que vem de encontro a ele, mesmo que seja como parte da decoração de sua pousada ou hotel ou dos serviços a ele oferecidos. O convivo natural com estes produtos cotidianos cria uma proximidade entre o usuário e o objeto, uma espécie de intimidade silenciosa, de cumplicidade involuntária, que se transforma em desejo de uma lembrança perene. Para estes a assinatura do artesão na peça é como uma certidão de nascimento. Sem ela a origem é desconhecida e duvidosa.
São estes mesmos turistas que procuram, experimentam e divulgam para o mundo os produtos singulares do território. Estes produtos do “terroir”, em especial as comidas e bebidas típicas, precisam de uma embalagem adequada que coloque em evidência seus diferencias de qualidade.

Qualquer que seja o foco do artesanato, algumas condições de trabalho são necessárias; um método e alguns compromissos. O método preconizado pelo SEBRAE abrange as oito etapas do ciclo de inovação: Identificar demanda; Identificar oferta; Desenvolver produtos; Melhorar processos; Capacitar produtores; Agregar valor; Divulgar e Comercializar.

Dentre os compromissos, atendo-se aqueles definidos pelo Prêmio “TOP 100 do
artesanato”, merecem destaque: inovação; respeito ao meio ambiente; respeito à cultura; responsabilidade social; responsabilidade comercial; preço justo; condições de trabalho adequadas; promoção e comercialização seletiva.

Tudo isso é apenas o principio de uma longa caminhada cuja meta é posicionar o produto artesanal brasileiro no lugar de destaque no mercado mundial reservado para os bens simbólicos de forte expressão cultural.

A palestra que faria dia 23/03 na Fundação Luis Eduardo Magalhães em Salvador, a convite do SEBRAE/BA, onde exploraria melhor estes temas, foi cancelada por razões alheias a minha vontade.