Arte popular, artesanato, manualidades e industrianato são
conceitos ultrapassados pela realidade. As fronteiras conceituais não foram
suficientes para dar conta da diversidade de expressões estéticas e visuais
existentes hoje no comercio de bens simbólicos.
A análise tátil e visual de um produto não é suficiente para
classificá-lo e atribuir um valor. É preciso conhecer suas origens, matérias primas
e técnicas utilizadas, habilidades e conhecimentos requeridos na sua realização.
Essa informação é uma nova exigência desse mercado para aqueles que promovem e
comercializam, sejam lojas especializadas de artesanato, galerias de arte ou
feiras comerciais.
O que esse mercado busca hoje? Peças únicas, de valor
artístico inquestionável, que podem ser fruto de um indivíduo de baixa
escolaridade e distanciado da sociedade de consumo urbana ou de alguém com
formação artística acadêmica superior. Tanto faz. A originalidade e a inovação
que convivem e dialogam com a tradição e as raízes culturais são os paradigmas
de um desenvolvimento sustentável e socialmente responsável. Não importa de nem
onde e nem em que condições emergem.
Do mesmo modo, a ruptura das fronteiras entre aquele que
cria, para seu prazer ou para seu sustento, ou daquele que cria para aquele que
produz, deveu-se a em grande parte a inserção do design nas unidades de
produção artesanal, introduzindo técnicas e métodos próprios do processo de
criação. Desapareceram as figuras do artista popular e do artesão, fundidos em
um só individuo, capaz de criar e de reproduzir com pequenas variações os
modelos originais.
Restringir o acesso ao mercado, ou determinar o valor
comercial de um produto apenas por uma análise acadêmica, é hoje impensável. O mercado consumidor de bens simbólicos já
está amadurecido para discernir o que é bom daquilo que é apenas belo.Bom e belo, dois conceitos que comportam imensas
considerações. Pessoalmente penso que o belo é fruto do equilíbrio e da
harmonia dos elementos, já o bom é aquilo que inova, surpreende, instiga a
reflexão e traz o encantamento e o frescor de algo novo, porém referenciado em
tempo e lugar.
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