12 de dezembro de 2009

Férias


Desligar da realidade cotidiana do trabalho, postergar compromissos cuja importância não requer urgência, descansar o corpo (nem sempre) e a mente para recarregar as baterias biológicas que nos fazem seguir adiante, são as razões que me levam a tirar férias. Gozar os dias sem ver o passar das horas que escravizam e aceleram o tempo. Guardar o relógio. Fazer coisas sem importância para descobrir o quanto são fundamentais para resgatar a minha dimensão humana. Reverter à lógica das ações e dos comportamentos enraizados. Conceder-me certas indulgências. Colocar o bom-humor como o principal valor. Desfrutar da cozinha. Dormir e sonhar bastante. Tomar banho de sol, de mar e de bar. Acumular boas lembranças. Encontrar os amigos e, se possível, fazer novos, daqueles que a gente considera como se fossem de infância. Estar com pessoas que amo. Dar trégua ao coração. Esquecer os problemas. E ao final, voltar com saudade, a saúde melhor e com novos projetos para o ano novo, pois a cabeça nunca para de pensar. Espero que essas sejam minhas férias até 31 de dezembro. Feliz natal à todos e um grandioso 20!0.

7 de dezembro de 2009

Malas da Memória

As pequenas cidades do interior do Brasil, principalmente aquelas desprovidas de atrativos naturais extraordinários (e preservados) ou de um passado de histórias e feitos, não encontram caminhos alternativos para se desenvolverem e estagnam, ou diminuem de tamanho com o passar dos anos. Vivem de suas memórias muito mais que de uma visão de futuro. Na inexistência de um patrimônio tangível, visível, que justifique ser lembrada, visitada e revistada o que resta são as memórias afetivas de seus cidadãos que migraram em busca de uma vida melhor. Como os muçulmanos que peregrinam à Meca, eles mantém vivo o sonho de voltar a sua cidade para viver, reviver, lembrar e ser lembrado. Este vai-e-vem anual, celebrado em geral na semana de aniversário da cidade, recompõe o tecido social e renova os laços afetivos entre seus habitantes.
Fenômeno pouco entendido e explorado na medida em que não canaliza esta energia positiva em ações, benefícios e investimentos mais permanentes para a cidade.
Muitos destes cidadãos emigrados, que constituíram famílias e empresas em seus novos destinos, sentem-se em dívida com seu passado e por isso sempre voltam. Constituem-se em um público com disposição de compra, que conhece os mesmos códigos, falam a mesma linguagem, possuem um passado comum.

Na nova economia o que detona o impulso de compra das pessoas é a necessidade de atender um desejo ou necessidade ligada a uma experiência vivida e de dar sentido a esta ação. Apenas desfrutar o momento já não basta. É necessário se apropriar de algo que o represente e dê continuidade. Um produto vale hoje pela quantidade de inteligência (ou experiência) que traz consigo, seja por ter uma história própria ou ser testemunha de alguma outra historia real ocorrida. Momentos intensamente vividos, com possibilidade de serem inesquecíveis, exigem uma prova material daquele instante, uma imagem ou um objeto. Da fusão destas aspirações e desejos, muitas vezes implícitos, surge a proposta de criação do projeto ”Malas da Memória”. Mais que uma metáfora das viagens, estas malas serão ao mesmo tempo utilitárias e decorativas, práticas e simbólicas, cheias de promessas de lembranças e recordações, iniciadas com pequenos objetos do dia-a-dia da cidade: Postais precocemente amarelados pelo tempo que representam; um copo para celebrar; uma flor para perfumar; uma santa para devotar e um espelho para lembrar que o tempo passa.

Estas malas podem ser caixas, bolsas, objetos quadrados, retangulares, de papel, de couro, de metal, grandes, médias, pequenas. Trazem colados em sua parte externa, o selo de sua cidade de origem, ou daquelas que com ela participam de seu conteúdo. Numa alusão as tradicionais cestas de Natal, poderão ser oferecidas no aniversário do município ou em grandes eventos, entre amigos, entre famílias, como brinde corporativo. Padronizadas para atender grandes demandas, se transformam no produto preferencial das “Fábricas sociais de Artesanato”. Individualmente customizadas assumem a função de depositárias do inventario afetivo de cada um. As malas poderão ainda se transformar no altar do exílio; em um oratório de devoção; em um quadro de lembranças e feitos ou em uma caixa de pandora. A cada um caberá escolher seu destino.

O projeto “Malas da Memória” se inicia por um processo de divulgação, mobilização, adesão e compromisso. Utilizando as novas mídias e o comercio eletrônico a produção é condicionada à demanda. Os compradores podem definir o conteúdo de sua mala, inserindo ou eliminando itens, definindo cores, texturas e acabamentos. Processo gerador de trabalho e renda para os artesãos locais, as “Malas da Memória” reforçam ainda o sentimento de auto-estima e criam um vinculo afetivo entre as pessoas nascidas em um mesmo lugar. As “Malas da Memória do Brasil” é mais que um conceito. É uma proposta de direito compartilhado por todos aqueles que compreenderem e assimilarem suas regras e condições, baseadas na sensibilidade; no respeito à cultura; no compromisso social; na valorização dos saber e do fazer local e na integração com o meio ambiente.

2 de dezembro de 2009

2010

Matriz Iconográfica




O quadro acima serve como referência para orientação no processo de tabulação e síntese dos resultados das pesquisas identitárias e iconograficas desenvolvidas por meio da "escuta sensível" entendida como uma metodologia de pesquisa, apoiada por ferramentas especificas de mediação, que tem por objetivo conhecer os elementos diferenciadores do ponto de vista cultural a partir das memórias afetivas dos entrevistados.

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