26 de novembro de 2017

01 de Maio – Dia Nacional do Design na França

Proponho, a quem de direito, que a partir de 2018 o dia 01 de maio seja considerado na França como o Dia Nacional do Design, fazendo uma justa homenagem a pessoa que mais batalhou pela promoção da cultura do design na frança. Anne-Marie Boutin, nasceu no dia 01/05/1938 e pelo ao menos, desde o ano que a conheci, foi a pessoa mais qualificada para falar sobre o design Francês. Nos encontramos pela primeira vez no congresso do ICSID em Amsterdam, 1984. Anne-Marie foi a primeira diretora do Les Ateliers de Paris, na época a mais interessante escola de design na Europa. Na visita que fiz descobri um modelo de ensino muito mais próximo da realidade influenciando minhas escolhas quando o tema era o ensino do design. Quando Luiza, minha filha caçula, teve de fazer o estagio de conclusão de curso e escolheu o Les Ateliers tomou a decisão mais sábia de sua vida. Era o lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas. Les Ateliers dirigido por uma matemática que amava o design, de temperamento forte, postura dura, porém sensível as questões sociais e uma visão de futuro pelo qual todos lutamos. Foi fundadora e presidente da APCI (Agencia francesa para a promoção da criação industrial) até sua morte, no dia 20 de novembro passado. Criou em 1999 o premio Observatório do Design, considerado o Oscar do design francês. Passou a vida tentando conciliar o mundo do design com o mundo da política pública. Por sua defesa do design conquistou muitos desafetos, que jamais deixarão de reconhecer sua importância. Encontramos-nos poucas vezes. A meu convite veio ao Brasil contar um pouco sobre sua experiência como promotora do design. Sempre que passava por Paris tentava fazer-lhe uma visita de agradecimento. Considero improvável que alguém tenha dado sua vida mais do que ela pela valorização do design na França. Faleceu sem conseguir realizar seu maior sonho o Centro Nacional de Design que espero, mais dia menos dia, há de surgir.

2 de novembro de 2017

João Pessoa Cidade Criativa da UNESCO no artesanato e na arte popular

João Pessoa Cidade Criativa da UNESCO no artesanato e na arte popular é o titulo que a capital da Paraíba recebeu no último dia 31 de outubro após um longo processo, que poucos sabem começou alguns anos atrás. A cada dois anos a UNESCO lança o edital para que as cidades interessadas se inscrevam para entrarem na Rede. Quando o resultado é anunciado, meses mais tarde, muitos questionam, por desconhecimento, as razões porque essa ou aquela cidade foram aceitas e outras rejeitadas. Conhecer os mecanismos e exigências da UNESCO é fundamental antes de se fazer qualquer crítica responsável.
Para fazer parte da Rede da UNESCO é necessário responder satisfatoriamente uma serie de perguntas que uma cidade de pequeno porte terá grande dificuldade, dentre elas a existência de um mercado demandante compatível com a oferta de bens simbólicos; da existência de ações de envergadura internacional e do desejo e da capacidade de investimento do poder público. Essa simples razão explica o porquê da maioria das cidades da Rede serem capitais e poucas delas cidades do interior. Essa conquista foi obtida não somente pelos méritos e ativos culturais que a cidade ostenta ou pelos investimentos na economia criativa realizados nos últimos cinco anos, mas também por suas propostas de futuro. São ações que quando realizadas a partir de 2018 abrirão novos mercados para o artesanato Pessoense, Paraibano, Nordestino e Brasileiro seja através da cooperação técnica internacional, seja pela participação em eventos especializados para os quais nossos talentosos artistas serão constantemente solicitados em participar. Do seleto grupo de 180 cidades de todo o mundo que compõe a Rede da UNESCO apenas oito cidades brasileiras conseguiram até o momento essa façanha. São elas: Brasília e Curitiba no design, Salvador na música, Belém, Florianópolis e Paraty na gastronomia, Santos no cinema e João Pessoa no artesanato.
João Pessoa se destaca em todas as sete áreas da Economia Criativa definidos pela UNESCO. A decisão de priorizar o artesanato e a arte popular em seu dossiê de candidatura foi em razão de ser um segmento que necessita do poder público por sua fragilidade sócia econômica e pelas possibilidades de ações transversais com o design, o turismo e a gastronomia, criando uma espiral virtuosa. Receber esse título é sem dúvida razão para comemorar, mas também para se preocupar em realizar o que foi prometido. Para isso será necessário à participação de todas as instituições e lideranças envolvidas com a Economia Criativa, seja em nível municipal, estadual ou federal, deixando de lado as intrigas e picuinhas políticas do passado. Afinal estamos olhando para o futuro e para o bem comum. Uma cidade criativa é antes de tudo colaborativa.