20 de dezembro de 2013
9 de dezembro de 2013
Arte popular, artesanato, manualidades - Novos paradigmas
Arte popular, artesanato, manualidades e industrianato são
conceitos ultrapassados pela realidade. As fronteiras conceituais não foram
suficientes para dar conta da diversidade de expressões estéticas e visuais
existentes hoje no comercio de bens simbólicos.
A análise tátil e visual de um produto não é suficiente para
classificá-lo e atribuir um valor. É preciso conhecer suas origens, matérias primas
e técnicas utilizadas, habilidades e conhecimentos requeridos na sua realização.
Essa informação é uma nova exigência desse mercado para aqueles que promovem e
comercializam, sejam lojas especializadas de artesanato, galerias de arte ou
feiras comerciais.
O que esse mercado busca hoje? Peças únicas, de valor
artístico inquestionável, que podem ser fruto de um indivíduo de baixa
escolaridade e distanciado da sociedade de consumo urbana ou de alguém com
formação artística acadêmica superior. Tanto faz. A originalidade e a inovação
que convivem e dialogam com a tradição e as raízes culturais são os paradigmas
de um desenvolvimento sustentável e socialmente responsável. Não importa de nem
onde e nem em que condições emergem.
Do mesmo modo, a ruptura das fronteiras entre aquele que
cria, para seu prazer ou para seu sustento, ou daquele que cria para aquele que
produz, deveu-se a em grande parte a inserção do design nas unidades de
produção artesanal, introduzindo técnicas e métodos próprios do processo de
criação. Desapareceram as figuras do artista popular e do artesão, fundidos em
um só individuo, capaz de criar e de reproduzir com pequenas variações os
modelos originais.
Restringir o acesso ao mercado, ou determinar o valor
comercial de um produto apenas por uma análise acadêmica, é hoje impensável. O mercado consumidor de bens simbólicos já
está amadurecido para discernir o que é bom daquilo que é apenas belo.Bom e belo, dois conceitos que comportam imensas
considerações. Pessoalmente penso que o belo é fruto do equilíbrio e da
harmonia dos elementos, já o bom é aquilo que inova, surpreende, instiga a
reflexão e traz o encantamento e o frescor de algo novo, porém referenciado em
tempo e lugar.
25 de novembro de 2013
Como organizar um casamento - Design do efêmero
A experiência de organizar o casamento de minha filha serviu mais uma vez para utilizar a metodologia do design na solução de problemas complexos e com grande número de variáveis. Pelo fato da noiva ser designer, se casando com um designer, sendo eu um designer e a mãe dela também, isso não tornou minha tarefa mais difícil, como podem ter pensado alguns. Ao contrário, as coisas transcorreram sem atropelos e com poucos erros, graças à aplicação do “design thinking” como agora virou moda dizer.
O relato dessa experiência tem por objetivo ajudar aqueles que pretendem organizar um casamento tornar sua tarefa menos árdua e com certeza mais prazeirosa. Se o casamento virou uma indústria como pude constatar, nada melhor que realizar um projeto de design para o mesmo, seguindo a mesma metodologia que sempre defendemos ser a mais apropriada quando se deseja um resultado surpreendente emocionante com um custo aceitável.
Resumindo, os passos são os seguintes:
1. Mapa mental e visual do universo simbólico dos noivos
2. Lista e análise dos principais protagonistas e atores envolvidos.
3. Definição de data e local
4. Definição do conceito
5. Seleção da equipe técnica
6. Formação de repertório
7. Design gráfico e site
8. Fornecedores estratégicos a. Decoração b. Alimentos e bebidas c. Recepção e transporte d. Hospedagem e. Música f. Salão de beleza
9. Acompanhamento da produção
10. Realização
11. Pós-evento
Explicando melhor:
Um projeto de design começa pelo cliente, revelando suas necessidades e expectativas, desejos e possibilidades. Portanto, o primeiro passo foi tentar traduzir em textos e imagens aquilo com que o casal sonha. Uma ferramenta atual: o Pinterest
Segundo passo foi fazer a lista de convidados. Uma mais ampla e generosa e uma segunda com aquelas pessoas que estarão presentes, seja onde for à cerimônia. É em torno dessa segunda lista, menor, mais íntima, que a cerimônia deve ser pensada com um acréscimo de alguns outros nomes cuja presença é apenas provável. Ferramenta: Google docs.
Definir o local e data considerando as dificuldades estruturais e logísticas em cada escolha é o terceiro passo. Seis meses é um prazo razoável para organizar um casamento a contento e mais que um ano um pouco temerário. No meu caso particular foram 12 meses da data do noivado ao casamento, porém com o agravante de serem duas cerimônias, o casamento civil na França e o Religioso no Brasil. Foram dois eventos perfeitos em tudo, com uma providencial ajuda do tempo em dois inacreditáveis dias de céu azul e sem vento em duas cidades conhecidas por seu “temperamento” chuvoso: Lille e Florianópolis. Definir as datas das cerimônias deve levar em consideração a facilidade logística para os convidados que tiverem de viajar. Escolher feriados tem seus inconvenientes pelo incremento da demanda por voos e hospedagens e aumento das tarifas.
Quarto passo é definir um conceito para o casamento, entendido como um conjunto de escolhas estéticas e formais. Isso implicará em todas as decisões que vierem depois, da decoração a música. Conceito é diferente de “tema” como andam fazendo em aniversário de crianças. Conceito é pensar em um tempo e lugar, em imagens que ficarão para sempre na memória. No conceito está o repertório simbólico e iconográfico escolhido. O vestido da noiva é a expressão maior do conceito adotado. Formal ou informal? Tradicional ou transgressor? Aberto ou fechado? Cada resposta leva a decisões muito precisas, e sempre mais complicadas quanto mais radicais forem essas escolhas. O caminho do meio é o mais seguro, mais fácil, menos arriscado, porém o mais previsível e pouco surpreendente. Casamento ao ar livre é lindo nos filmes. Na vida real a possibilidade de dar zebra é sempre muito maior. Basta ver a quantidade de dias com temperatura amena, céu claro e sem vento existem em um ano. Garanta sempre um espaço protegido das intempéries caso o tempo não colabore.
O quinto passo é contratar uma “cerimonialista” como são chamadas as profissionais especializadas em organizar eventos, pois sem elas a dificuldade de encontrar fornecedores confiáveis será muito maior. O custo dessas profissionais é apenas aparentemente baixo, pois seus ganhos serão sempre acrescidos da comissão praticada em toda cadeia produtiva do casamento, embora neguem. A função destas pessoas é providenciar até três orçamentos para cada item de um casamento e fazer o acompanhamento da produção até o dia da cerimônia, indispensável sem elas.
O sexto passo é fazer repertório, assistindo casamentos no horário e nos locais escolhidos. Essa informação é preciosa para observar todos os detalhes de uma decoração, principalmente na hora de assinar os contratos com esses fornecedores, já acostumada a se saírem bem nos questionamentos posteriores, dadas a descrição genérica da natureza de suas atividades.
O sétimo passo é o design gráfico. Definir uma cor padrão, um monograma e suas aplicações, os impressos (convite, menu da festa, cartão agradecimento, etc) e um “hot-site” do casamento. Nesse site inclua a lista de sugestão de presentes, de preferência de lojas virtuais que transformam o objeto escolhido em dinheiro. Uma elegante forma de não impor uma escolha estética aos noivos e de contribuir financeiramente ao começo de vida a dois.
Escolher os fornecedores estratégicos e o oitavo passo. Todos oferecem um extenso cardápio de opções. Do serviço de Buffet ao fotógrafo, os melhores tem uma agenda já quase completa para os próximos dois anos. Em certos itens o barato sai caro. Veja os portfólios, compare os fornecedores, experimente, negocie. Essa é a parte mais demorada, que exige tempo e disposição. Um bom produto é também consequência de bons insumos e de serviços de qualidade dos fornecedores. Não delegue para a “cerimonialista” estas escolhas. A atuação dela começa após definir o que queremos, acompanhando a produção, até o encerramento da cerimônia e da festa de casamento. Porém, faça um “check-list” com todos os itens, prazos e custos, para monitorar o trabalho de produção.
A lista final de convidados confirmados deve estar concluída no máximo 30 dias antes do casamento. Neste período defina a ocupação das mesas na recepção, especificando os lugares de cada convidado, de preferência seguindo a velha fórmula francesa de um homem e uma mulher alternadamente. Esse trabalho de inteligência social é fundamental para o êxito de uma festa. Saber colocar na mesma mesa pessoas com interesses convergentes e capacidade de se comunicarem entre si depende do grau de conhecimento que temos sobre elas. Na dúvida use a intuição.
A alma de uma festa é a música. Contrate uma banda ou um DJ que toquem de tudo, sem preconceitos ou preferências únicas. O bacana é variar de ritmo estimulando e acompanhando a animação das pessoas. Coloque transporte alternativo para aqueles que exageram na bebida. Isso poderá evitar sentimento de culpa por algum acidente com convidados voltando da festa. Antes de ir embora controle o que foi consumido, quebrado ou que sobrou principalmente das bebidas finas. É ai que se escondem os gastos imprevistos.
Depois de tudo terminado as lembranças ficarão registradas nas fotos e vídeos do casamento. Portando não economize nesse item, contando apenas com os parentes e amigos para executarem esse trabalho. Um bom fotógrafo é capaz de captar os instantes que apenas os noivos detêm de sua dimensão emocional. Faça um álbum, edite os vídeos, guarde esses momentos com cuidado. Quanto mais o tempo passar maior valor sentimental te-rão. Reconheço que ficou um pouco longo esse texto. Meu propósito foi apenas ajudar quem tiver a árdua tarefa de organizar um casamento e não sabe por onde começar.
Em Florianópolis Recomendo: Styllu´s Buffet / La fête / Will Koetzler Fotógrafo / DJ Chisfestere. Não recomendo: Flora Betel
O relato dessa experiência tem por objetivo ajudar aqueles que pretendem organizar um casamento tornar sua tarefa menos árdua e com certeza mais prazeirosa. Se o casamento virou uma indústria como pude constatar, nada melhor que realizar um projeto de design para o mesmo, seguindo a mesma metodologia que sempre defendemos ser a mais apropriada quando se deseja um resultado surpreendente emocionante com um custo aceitável.
Resumindo, os passos são os seguintes:
1. Mapa mental e visual do universo simbólico dos noivos
2. Lista e análise dos principais protagonistas e atores envolvidos.
3. Definição de data e local
4. Definição do conceito
5. Seleção da equipe técnica
6. Formação de repertório
7. Design gráfico e site
8. Fornecedores estratégicos a. Decoração b. Alimentos e bebidas c. Recepção e transporte d. Hospedagem e. Música f. Salão de beleza
9. Acompanhamento da produção
10. Realização
11. Pós-evento
Explicando melhor:
Um projeto de design começa pelo cliente, revelando suas necessidades e expectativas, desejos e possibilidades. Portanto, o primeiro passo foi tentar traduzir em textos e imagens aquilo com que o casal sonha. Uma ferramenta atual: o Pinterest
Segundo passo foi fazer a lista de convidados. Uma mais ampla e generosa e uma segunda com aquelas pessoas que estarão presentes, seja onde for à cerimônia. É em torno dessa segunda lista, menor, mais íntima, que a cerimônia deve ser pensada com um acréscimo de alguns outros nomes cuja presença é apenas provável. Ferramenta: Google docs.
Definir o local e data considerando as dificuldades estruturais e logísticas em cada escolha é o terceiro passo. Seis meses é um prazo razoável para organizar um casamento a contento e mais que um ano um pouco temerário. No meu caso particular foram 12 meses da data do noivado ao casamento, porém com o agravante de serem duas cerimônias, o casamento civil na França e o Religioso no Brasil. Foram dois eventos perfeitos em tudo, com uma providencial ajuda do tempo em dois inacreditáveis dias de céu azul e sem vento em duas cidades conhecidas por seu “temperamento” chuvoso: Lille e Florianópolis. Definir as datas das cerimônias deve levar em consideração a facilidade logística para os convidados que tiverem de viajar. Escolher feriados tem seus inconvenientes pelo incremento da demanda por voos e hospedagens e aumento das tarifas.
Quarto passo é definir um conceito para o casamento, entendido como um conjunto de escolhas estéticas e formais. Isso implicará em todas as decisões que vierem depois, da decoração a música. Conceito é diferente de “tema” como andam fazendo em aniversário de crianças. Conceito é pensar em um tempo e lugar, em imagens que ficarão para sempre na memória. No conceito está o repertório simbólico e iconográfico escolhido. O vestido da noiva é a expressão maior do conceito adotado. Formal ou informal? Tradicional ou transgressor? Aberto ou fechado? Cada resposta leva a decisões muito precisas, e sempre mais complicadas quanto mais radicais forem essas escolhas. O caminho do meio é o mais seguro, mais fácil, menos arriscado, porém o mais previsível e pouco surpreendente. Casamento ao ar livre é lindo nos filmes. Na vida real a possibilidade de dar zebra é sempre muito maior. Basta ver a quantidade de dias com temperatura amena, céu claro e sem vento existem em um ano. Garanta sempre um espaço protegido das intempéries caso o tempo não colabore.
O quinto passo é contratar uma “cerimonialista” como são chamadas as profissionais especializadas em organizar eventos, pois sem elas a dificuldade de encontrar fornecedores confiáveis será muito maior. O custo dessas profissionais é apenas aparentemente baixo, pois seus ganhos serão sempre acrescidos da comissão praticada em toda cadeia produtiva do casamento, embora neguem. A função destas pessoas é providenciar até três orçamentos para cada item de um casamento e fazer o acompanhamento da produção até o dia da cerimônia, indispensável sem elas.
O sexto passo é fazer repertório, assistindo casamentos no horário e nos locais escolhidos. Essa informação é preciosa para observar todos os detalhes de uma decoração, principalmente na hora de assinar os contratos com esses fornecedores, já acostumada a se saírem bem nos questionamentos posteriores, dadas a descrição genérica da natureza de suas atividades.
O sétimo passo é o design gráfico. Definir uma cor padrão, um monograma e suas aplicações, os impressos (convite, menu da festa, cartão agradecimento, etc) e um “hot-site” do casamento. Nesse site inclua a lista de sugestão de presentes, de preferência de lojas virtuais que transformam o objeto escolhido em dinheiro. Uma elegante forma de não impor uma escolha estética aos noivos e de contribuir financeiramente ao começo de vida a dois.
Escolher os fornecedores estratégicos e o oitavo passo. Todos oferecem um extenso cardápio de opções. Do serviço de Buffet ao fotógrafo, os melhores tem uma agenda já quase completa para os próximos dois anos. Em certos itens o barato sai caro. Veja os portfólios, compare os fornecedores, experimente, negocie. Essa é a parte mais demorada, que exige tempo e disposição. Um bom produto é também consequência de bons insumos e de serviços de qualidade dos fornecedores. Não delegue para a “cerimonialista” estas escolhas. A atuação dela começa após definir o que queremos, acompanhando a produção, até o encerramento da cerimônia e da festa de casamento. Porém, faça um “check-list” com todos os itens, prazos e custos, para monitorar o trabalho de produção.
A lista final de convidados confirmados deve estar concluída no máximo 30 dias antes do casamento. Neste período defina a ocupação das mesas na recepção, especificando os lugares de cada convidado, de preferência seguindo a velha fórmula francesa de um homem e uma mulher alternadamente. Esse trabalho de inteligência social é fundamental para o êxito de uma festa. Saber colocar na mesma mesa pessoas com interesses convergentes e capacidade de se comunicarem entre si depende do grau de conhecimento que temos sobre elas. Na dúvida use a intuição.
A alma de uma festa é a música. Contrate uma banda ou um DJ que toquem de tudo, sem preconceitos ou preferências únicas. O bacana é variar de ritmo estimulando e acompanhando a animação das pessoas. Coloque transporte alternativo para aqueles que exageram na bebida. Isso poderá evitar sentimento de culpa por algum acidente com convidados voltando da festa. Antes de ir embora controle o que foi consumido, quebrado ou que sobrou principalmente das bebidas finas. É ai que se escondem os gastos imprevistos.
Depois de tudo terminado as lembranças ficarão registradas nas fotos e vídeos do casamento. Portando não economize nesse item, contando apenas com os parentes e amigos para executarem esse trabalho. Um bom fotógrafo é capaz de captar os instantes que apenas os noivos detêm de sua dimensão emocional. Faça um álbum, edite os vídeos, guarde esses momentos com cuidado. Quanto mais o tempo passar maior valor sentimental te-rão. Reconheço que ficou um pouco longo esse texto. Meu propósito foi apenas ajudar quem tiver a árdua tarefa de organizar um casamento e não sabe por onde começar.
Em Florianópolis Recomendo: Styllu´s Buffet / La fête / Will Koetzler Fotógrafo / DJ Chisfestere. Não recomendo: Flora Betel
21 de setembro de 2013
Turismo cultural em Marrakech – Uma viagem (improvisada) de três dias ao Marrocos.
Decidi ir para Marrakech depois de uma disputa mental em
visitar cidades que ainda não conheço e me interessam por razões diversas entre
elas Carcassone por ser o coração da Provance; Berlim por sua dinâmica cultural
ou alguma das muitas cidades árabes do norte da áfrica. Desisti do sul da França pela dificuldade
logística e da Alemanha pelo frio que fazia.
Estava em Paris diante da perspectiva de um fim de semana
chuvoso e com uma agenda livre de uma semana antes de voltar ao Brasil. Ficar
na cidade ou aproveitar as ofertas de viagens de última hora? Viajar de improviso na Europa pode ser decisão
de impulso diante da oferta de voos baratíssimos do tipo “last minute”. Assim, optei
por ir à Marrakech, com a grafia e o sotaque francês, onde desembarquei no domingo
pela manhã, depois de um voo de três horas, com um Guia da Cidade editado pela Hachette
comprado no aeroporto de Orly. O tempo do voo serviu como preparação mínima
para entender e me locomover pela cidade, de taxi, ônibus, a pé e de charrete,
assim nessa sequencia, por quilômetros de largas avenidas e ruelas de dar medo.
A primeira descoberta foi que a cidade de Marrakech é
monocromática, cor de louça de barro, entre o ocre e o avermelhado. Nada escapa
dessa imposição cromática. Os táxis, os transportes coletivos, as casas, até os
meios-fios são pintados da mesma cor. O
único que desobedeceu a essa norma e habito local foi Yves Saint Laurent, pintando
de azul anil as paredes da casa (foto abaixo) e as cerâmicas de um Jardim particular que foi
morada do pintor Jacques Majorelle, comprada e restaurada por Yves e seu amigo
Jacques Berger. Virou atração turística obrigatória. Plantas dos cinco
continentes, cuidadosamente selecionadas e cultivadas durante anos,
distribuídas em espaço próprios nos canteiros, que circundados por pequenos
pontos de água, seriam a personificação do paraíso para os sentidos, não fosse à
fila interminável de turistas que fizeram desse espaço uma referencia no
turismo eco cultural. Diante da aridez
do deserto esse contraponto ecológico foi o maior luxo que o dinheiro pode comprar
para seus primeiros proprietários. Puro luxo emocional. Como de resto são os
Riads e restaurantes das mil e uma noites existentes na cidade. Estabeleci de
imediato o conflito cultural gastronômico, entre a cidade nova que quer ser contemporânea
ou a tradicional marroquina.
Experimentei todas as modalidades de Cuscus e Tahijes, em
restaurantes quase populares até o palácio Dar Yacoosa, com a decoração mais
suntuosa possível, que vale cada Dirahn gasto. Terminar o dia diante de uma
bela mesa, ouvindo virtuosos músicos locais, dança do ventre, incensos
perfumados e um inacreditável vinho local é a compensação por um dia inteiro de
andanças e descobertas, e aprendendo na pratica pedaços do modo local de vender
produtos e serviços. Do preço do taxi ao do artesanato, tudo passa por um duelo
entre ser explorado ou pagar o preço justo. Quanto mais seus olhos brilharem
maior a facada.
Dou duas dicas para quem for a Marrakech. Nunca compre nada
no primeiro dia da viagem. Procure saber, converse e desconverse. Deixe para
comprar no dia seguinte quando a emoção e o desejo estiverem esfriados.
Segunda: Tudo aquilo que não tiver o preço escrito ou tabelado seja você a dar
o primeiro numero. Oferta que terá de ser bem mais abaixo daquilo que estiver
disposto a pagar, porque irão chorar lagrimas de crocodilo ou rir da sua
proposta, para começar o jogo no qual são mestres, vender pelo melhor preço seu
produto ou serviço de acordo com a paciência do cliente. Assim comprei um Killim
pequeno, como prova material da minha primeira tentativa de imersão na cultura
local, visitando os locais de produção artesanal, uma babuch para andar dentro
de casa e os inevitáveis presentes.
O coração da cidade é a Praça Jemma-el-Fna. Durante o dia
parte desse gigantesco espaço vazio é ocupado por dezenas de encantadores de
serpente, com algumas enroladas no pescoço, querendo cobrar por cada foto que
deles for tirada. O mesmo fazem músicos
com trajes e instrumentos típicos e demonstrações de macacos e falcões
amestrados e dezenas de vendedores de sucos de laranja, dulcíssimas. Ao cair da tarde e pela noite adentro a praça
se enche de centenas de barracas com comidas exóticas, cheiros e temperos
fortes consumidos com as mãos sem ajuda do álcool, proibido perto da mesquita.
Milhares de pessoas circulam curiosas para ouvir os contadores de histórias, os
músicos locais e negociar com vendedores de pequenos artesanatos.
Dessa praça, que fica situada no meio da área murada do
centro da cidade, a Medina, sai um emaranhado de ruas e ruelas sem passeios,
disputadas palmo a palma por ciclistas e motociclistas, carroças de burro,
turistas lentos e pessoas apressadas. Mulheres de burca negra, apenas mostrando
os olhos ou uma exímia motorista de ônibus, demonstram ambiguidade da vida da
mulher na cultura muçulmana. A sujeira nas
ruas e o estado de conservação dos imóveis espantam. As ruas não têm placas com
seus nomes, desconhecem a simetria. Ruelas que se estreiam às vezes em
passagens de um metro de largura, tornando impossível a localização sem a ajuda
de informações das pessoas do local. Todos solícitos e simpáticos. Os mais
prestativos caminham na sua frente até o destino informado, claro a espera de
alguma ajuda financeira, nunca menor que cinco euros. Aprende-se depressa a ter
de andar com um bom e detalhado mapa da cidade, algum senso de orientação e tempo
para errar algumas vezes.O mapa abaixo é o mais detalhado que encontrei sobre a Medina.
Vale a pena o esforço de fazer essa viagem. Rompem-se velhas ilusões, preconceitos ou estereótipos. Descobre-se uma cidade que oscila entre a tradição e a modernidade, que vive uma desigualdade social gritante e uma inegável tensão no choque de culturas. Nela o folclore vira objeto de consumo de massa e a arte popular e o artesanato cada vez mais repetitivo, sem a ousadia do design, talvez com temor de perder sua identidade. Uma pena. As inovações presentes em algumas raras exceções, na moda no vestuário e em objetos de adorno, multiplicam às vezes por dez o seu preço percebido.
Vale a pena o esforço de fazer essa viagem. Rompem-se velhas ilusões, preconceitos ou estereótipos. Descobre-se uma cidade que oscila entre a tradição e a modernidade, que vive uma desigualdade social gritante e uma inegável tensão no choque de culturas. Nela o folclore vira objeto de consumo de massa e a arte popular e o artesanato cada vez mais repetitivo, sem a ousadia do design, talvez com temor de perder sua identidade. Uma pena. As inovações presentes em algumas raras exceções, na moda no vestuário e em objetos de adorno, multiplicam às vezes por dez o seu preço percebido.
Uma das características estéticas locais, presentes até nos
postes de iluminação pública, é o uso excessivo de elementos de adorno. Tudo é muito rebuscado. Todas as combinações
geométricas de linhas são exploradas nos azulejos, entalhes, grades, pisos,
portas e molduras. Em Marrakech a máxima do design “menos é mais” não se
aplica.
Três dias foram insuficientes para conhecer todos os pontos de maior interesse,
com um mínimo de tempo de fruição. Voltei com a bagagem cheia de óleos e
temperos exóticos, entre eles água de flor de laranjeira, curry, garans e o
desejo de conhecer da próxima vez, Casabranca, toda branca e de frente para o
mar.
4 de setembro de 2013
19 de julho de 2013
5 de abril de 2013
1 de março de 2013
Termo de Referencia sobre Economia Criativa
Entregue ao SEBRAE Nacional o "Termo de Referencia sobre Economia Criativa" que deverá orientar as pesquisas sobre oferta e demanda.
Sugestões de acrécimo são esperadas e benvindas.
Um resumo está disponível no link abaixo:
http://issuu.com/eduardobarrosoneto/docs/trec?mode=window
Sugestões de acrécimo são esperadas e benvindas.
Um resumo está disponível no link abaixo:
http://issuu.com/eduardob
2 de janeiro de 2013
As Cidades do Futuro ou o Futuro das Cidades
Costumo classificar as cidades do futuro em três grupos: A
sonhada, a possível e a provável, fruto das escolhas que fizeram seus
dirigentes e por sua população.
A cidade sonhada é aquela que oferece qualidade de vida a
todos os seus habitantes, que se traduz no aprovisionamento satisfatório dos
serviços essenciais (água, luz, esgoto, comunicações, transporte, segurança,
saúde e educação), mas também em oferta de trabalho e oportunidades para o
empreendedorismo, tudo isso preservando o meio ambiente e valorizando a cultura
e a história. Os recursos financeiros e humanos existentes são utilizados de
modo ético, responsável e transparente.
A cidade possível é aquela que aspira ser um dia a cidade
sonhada e se empenha em sua transformação, começando pelo desejo político de
mudança compartilhado por todas as forças vivas da sociedade. Para isso
planejam o futuro e investe em projetos que vão além do calendário político.
Oxigenam suas instituições convocando colaboradores por seu mérito técnico e
não por interesses fisiológicos ou corporativos.
Uma cidade provável é aquela que aposta na continuidade das
ações e escolhas do passado e em nome dos interesses de minorias preserva as
estruturas de poder.
Em qual dessas cidades vivemos?
Uma Cidade Possível e Criativa.
A economia do terceiro milênio aponta para áreas cuja
capacidade criativa gera novos produtos e serviços que veem ao encontro das
aspirações e desejos das pessoas. Nelas estão inseridas a arquitetura, o
design, a moda, a música e a mídia. Mas também as artes, o artesanato, a
gastronomia; os softwares; o turismo. São setores de baixo impacto ambiental,
relacionados com a cultura e geradores de melhores oportunidades de
trabalho. Esses setores, antes segregados e pouco apoiados, representam hoje 7% do PIB do Brasil e em algumas cidades um
percentual muitíssimo maior na formação do produto interno local.
Neste momento que 5.565 prefeitos começam seus mandatos, em
especial os 200 prefeitos das cidades entre 100 e 500 mil habitantes, é o
momento de fazerem suas escolhas sobre o futuro que aspiram. Seria oportuno que considerem
o potencial de desenvolvimento existente nos segmentos ditos da economia
criativa em seus municípios, cuja importância foi percebida pelo Governo
Federal demonstrada com a criação da Secretaria da Economia Criativa no âmbito do Ministério da Cultura,
em julho passado, que estabelece uma política de governo para o setor, com
ramificações em uma dezena de Ministérios.
O Programa Brasil Criativo, que está
pronto para ser lançado, é o pano de fundo deste movimento irreversível da sociedade
em direção ao estímulo da inteligência e capacidade inovadora
brasileira.
Leia também: http://eduardobarroso.blogspot.com.br/2012/03/como-ser-uma-cidade-criativa.html
Leia também: http://eduardobarroso.blogspot.com.br/2012/03/como-ser-uma-cidade-criativa.html
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