A primeira das propostas debatidas foi a necessidade de ampliar os preceitos que uma
cidade deve ter, enquanto espaço de vivencia do cidadão. A proposta é agregar aos verbos morar,
trabalhar, circular e desfrutar, o verbo “conviver”. Isso significa, dentre
outras ações de importância, revitalizar os centros urbanos criando neles novos
espaços de moradia e de produção cultural; criar áreas de lazer e entretenimento
em espaços públicos devolutos; restringir a circulação de veículos em zonas ou
horários previamente estabelecidos favorecendo a circulação de pedestres;
investir em transporte urbano não convencional e com elevado grau de
confiabilidade dos horários e, finalmente, produzir de modo compartilhado com a
população, através de consultas públicas e sugestões de suas representações
organizadas, um “plano de metas de
gestão do município’ e o compromisso firmado de prestação de contas semestral
das ações realizadas, compromisso esse assegurado na “Lei Orgânica do Município”.
Dos mais de 5.500 municípios brasileiros menos de 0,5% deles já asseguraram
este direito aos seus cidadãos. É ainda muito pouco.
Estas intervenções acima descritas, capazes de cerzir o tecido urbano (hoje
esgarçado e remendado de modo precário por intervenções casuísticas) dando-lhe
mais espaço de cidadania, dependem muito mais do desejo comum do que recursos
financeiros, começando pela troca do calendário político pelo planejamento
prospectivo de longo prazo. O início das mudanças começa muitas vezes por soluções
pontuais de problemas crônicos, em uma espécie de homeopatia urbana, atacando
as causas e não as consequências.
Estas reflexões são oportunas, pois as vésperas de um
processo eleitoral que irá decidir o destino dos municípios brasileiros, os
candidatos a prefeito, assim como os pretendentes a o cargo de vereadores,
deveriam deixar claras as causas que defendem e suas intenções, reveladas por
um posicionamento formal sobre o futuro que aspiram para nossas cidades.
Imbuídos
deste espírito transgeneracional talvez
consigamos escolher novos representantes e gestores capazes de redesenharem a
cidade do Século XXI, cujos contornos podemos
visualizar. Uma cidade mais sustentável, inclusiva, multicultural, harmônica
e criativa. Esse é o nosso sonho possível.
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