15 de agosto de 2024

Por uma Rede Brasileira de Território Criativos

Com a recriação da Secretaria da Economia Criativa, novamente dirigida por Claudia Leitão, no âmbito de Ministério da Cultura, é natural que volte a discussão a proposta de criação de uma Rede Brasileira de Cidades Criativas, como havia sido pensando em 2012.  Naquela época nenhuma cidade brasileira fazia parte da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO. Hoje, 12 anos depois, são 14 as cidades brasileiras que fazem parte desta Rede planetária de cooperação e intercâmbio, nos sete segmentos definidos pela UNESCO, a partir de processos seletivos altamente competitivos, onde a cada dois anos somente duas cidades por pais podem aderir a essa rede. Em 2018 foi criada a ECriativa – Rede Brasileira de Cidades Criativas da UNESCO no Brasil, cujas reuniões semestrais demostram sua vitalidade e dinâmica participativa, buscando espaços de negociações junto aos entes federais, propondo e compartilhado ferramentas de avaliação e plataformas de comunicação com a sociedade. Sua importância é inequívoca e os resultados práticos mensuráveis.  

As cidades candidatas que não foram escolhidas para fazer parte da Rede da UNESCO nos processos seletivos anteriores, que contam entre duas e três dezenas, em sua maioria com notáveis experiências que merecem ser compartilhadas, ressentem de um espaço institucional para compartilhamento de suas melhores práticas, pressionando pela criação de um rede que as abrigue e que possa proporcionar as oportunidades que necessitam de promoção, disseminação e difusão de suas experiências exitosas.

Contudo a criação de uma segunda rede de cidades criativas do Brasil, dispersará recursos, hoje escassos, além de dividir os esforços daqueles envolvidos nos projetos e atividades em desenvolvimento na Rede já existente, configurando-se, provavelmente, em uma rede secundária, de cidades aspirantes a Rede da UNESCO, que pouco contribuirá para o incremento da eficiência dos processos de interlocução, cooperação e intercâmbio, razão maior de ser de uma rede.  

Um proposta mais coerente com os dias atuais é a criação de uma Rede Brasileira de Territórios Criativos, unindo cidades próximas com similaridades culturais e com um ecossistema criativo singular e competitivo. Uma metodologia para orientar a criação destes territórios criativos foi objeto de uma publicação especifica do SEBRAE/CE no início de 2024, assim como a definição do primeiro território criativo no Cariri cearense, conformada pelas cidades de Barbalha, Crato, Campos Sales, Juazeiro do Norte, entre outras.

A estratégia de apostar nos territórios criativos é mais inclusiva, generosa, poderosa e assimilável do que criar uma outra Rede de Cidades Criativas, superpondo e duplicando esforços. Contudo isso implica em um novo olhar sobre a promoção da Economia Criativa, abstraindo da tentação de definir a cidade como a menor unidade de interlocução para a implantação de uma política pública.

 

9 de agosto de 2024

Imagine o antigo Hotel TAMBAÚ em João Pessoa transformado no mais importante Museu da América Latina.

 Vista aérea do Hotel Tambaú, que tem mais de 40 anos de história e fica em frente ao mar da capital paraibana — Foto: Francisco França / Jornal da Paraíba

Porque não sonhar com um Tambaú/Louvre, Tambaú/Guggenheim ou Tambaú/MOMA?

Uma tendência dos grandes museus do mundo é sua descentralização. O Louvre abriu em 2012 sua primeira filial em Lens (Norte da França) e em 2017 em Abu Dhabi (Emirados Árabes). O Guggenheim em sua política de expansão criou filiais em Las Vegas, Berlim, Veneza, Bilbao e Abu Dhabi. Quando abriu suas portas em Bilbao mudou radicalmente a face da cidade. Conheci Bilbao em 1996, um cidade industrial cinzenta e sem atrativos, voltei recentemente e descobri um território cultural, verde e vibrante. O Metro projetado por Foster, o viaduto por Calatrava, o Espaço Cultural por. Stark e o Museu, como atração principal, por Frank Gehry.  

Agora imaginem, João Pessoa, com seu icônico hotel Tambaú, impecavelmente reformado e climatizado, com uma cobertura retrátil, abrigando grandes mostras de arte em parceria com um grande museu internacional. Isso colocaria a cidade no Mapa Mundial da Cultura, atraindo capital humano e financeiro de qualidade dispostos a investir na cidade, gerando riqueza, criando um circulo virtuoso de crescimento, bases para uma cidade rica e sustentável.

João Pessoa é Cidade Criativa da UNESCO. Para justificar o título deve sempre buscar grandes desafios.Esse poderia ser um deles.

5 de agosto de 2024

Proposta de Criação do Conselho Ibero-Americano para o Artesanato e a Arte PopuLar – IBEROARTE

As 14 cidades dos países Ibero-americanos que pertencem a Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO no segmento artesanal e as 12 cidades da América Latina que integram a Rede do Conselho Mundial de Artesanato –WCC necessitam de um espaço institucional para compartilhar suas inquietações, expectativas, anseios e propostas.

As redes institucionais existentes, pela ausência de mecanismo efetivos de compartilhamento, não exercem essas funções que justificariam melhor sua razão de ser, deixando um vazio institucional e abrindo espaço para a criação de uma organização independente e de caráter regional, que represente os interesses dos artesãos em todos os fóruns possíveis, orientando políticas públicas e propondo projetos conjuntos de intercambio e cooperação.

Todas as cidades abaixo mencionadas seriam convidas para a Assembleia de criação, que poderá ter caráter híbrido facilitando maior adesão, assim como as instituições e os programas nacionais ou regionais de apoio ao artesanato.

Cidades da Rede UNESCO

Barcelos, Caldas da Rainha e Castelo Branco (Portugal); Manises (Espanha); João Pessoa (Brasil); Pasto (Colômbia); Trinidad (Cuba); Jacmel (Haiti); San Cristobal de las Casas (México); Chordeleg, Duran e Montecristi (Equador); Ayacucho (Peru); Areguá (ParaguaI).

 Cidades da Rede Mundial de Cidades Artesanais

Monteiro (Brasil); La Bisbal d’Emporda (Espanha); Carretera Austral, Chimbarongo, Donihue, Ilque & Huelmo, Liguiñe, Rari (Chile); Trinidad (Cuba); Cuenca, Gualaceo (Equador): Artigas (Urugia).