15 de janeiro de 2011

Cultura material brasileira e a valorização dos produtos singulares

Quais são os produtos que têm a cara do Brasil, ícones de nossa cultura material, singulares e expressivos e de uso/consumo consagrado?

Uma lista básica começa com as sandálias havaianas; a garrafa escura de cerveja de 700 ml; o berimbau; o pandeiro e o tamborim; o copo americano; o orelhão; a jangada nordestina; a caixinha de fósforos de madeira; a cuia de tomar chimarrão no sul e a de tacacá no norte; o guaraná; o pão de queijo; o pé de moleque; o licor de jabuticaba...

Reconhecer todos estes produtos é o primeiro passo para criar um acervo de referências possíveis de serem utilizadas em outros contextos, na construção de uma nova oferta de produtos, mais qualificados e sintonizados com as novas demandas do mercado.

Na nova “economia da experiência” os produtos que tenham histórias para contar, que remetam a fatos e lugares, saberes e fazeres tradicionais são muito mais valorizados e desejados. O desafio é colocar em evidências estes atributos, diversificar e direcionar a oferta. Produtos capazes de despertar a curiosidade e o desejo nas pessoas identificadas com a singularidade das raízes culturais brasileiras, acompanhando o crescimento da demanda por bens simbólicos com forte identificação cultural com um determinado território.

O Brasil esta em uma curva ascendente na colocação destes produtos no comercio internacional, crescimento que deve ser potencializado com os próximos eventos mundiais que aqui ocorrerão. O Brasil esta na moda, dizem os mais otimistas.

A proposta de desenvolver um design de características vernaculares, ou seja, que utilize os elementos mais expressivos da cultura brasileira, fazendo uso dos repertórios e códigos simbólicos singulares, reavivando tradições e fazeres próprios e exclusivos de um determinado grupo social, é mais do que uma proposta, é um desafio e uma nova janela de oportunidades para as pequenas empresas industriais e artesanais.

Um “olhar para dentro”, indispensável para dar a partida no processo criativo diferenciado, não se consegue à distância. É necessário a vivência e o mergulho no cotidiano. Muitos são os territórios culturais que conformam o Brasil e me cada um deles uma matriz cultural existe e precisa somente ser revelada.

Em cada vivência dela extrair os cheiros, os sabores, os perfumes, as cores, as histórias, os mitos e ritos do lugar. É necessário o olhar educado, capaz de separar o particular do geral, capaz de distinguir aqueles objetos e imagens que de tão vistas não são mais percebidas e de tão tocadas já não são mais sentidas.

Resgatar o brilho destas imagens e produtos em novos produtos é fazer com que se transformem no brilho no olhar do turista.

Um comentário:

  1. talvez possa acrescentar o mate leão e o biscoito Globo tão brasileiro, ou melhor, tão carioca...

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