14 de maio de 2022

Design é empatia

 

Definição
1. Faculdade de compreender emocionalmente um objeto (um quadro, p.ex.).

2. Capacidade de projetar a personalidade de alguém num objeto, de forma que este pareça como que impregnado dela.

 

Ao completar cinco décadas de prática ininterrupta do design consigo, finalmente, entender a essência de minha atividade profissional, que é a empatia.

Esse impulso de primeiro escutar o outro, traduzir seu anseio, entender sua expectativa, ouvir sua voz interior, seu desejo talvez ainda não expresso, sua necessidade ainda não verbalizada. É se colocar na pele do destinatário final de seu projeto, não o cliente que pagou por ele, mas o usuário final quando interage com o resultado, seja na forma de produto, ambiente ou mensagem.  

Tarefa difícil é manter a distância critica e emocional para não ofuscar a realidade.

Não é o desejo narcisista de deixar sua marca pessoal que deve predominar no design. Para isso existe o artista cujo único e inalienável compromisso deve ser consigo mesmo. Para o design o compromisso é com o outro.

 

 

 

20 de outubro de 2021

Artesanato e gastronomia nordestina

 

O artesanato representa para o nordeste parte indissociável de seu patrimônio cultural, cujos artesãos moldam nas formas seu cotidiano e suas lembranças, além dos utilitários que são a resposta as suas necessidades cuja capacidade econômica não permite o acesso a esses mesmos bens produzidos industrialmente. É, portanto, e antes de tudo, uma estratégia de resiliência diante da adversidade. Com talento e habilidade usam aquilo que está ao alcance de suas mãos. É também um fator de fixação das pessoas ao seu lugar de origem, garantindo uma vida digna. Em algumas regiões do nordeste o artesanato se transformou no arrimo de famílias numerosas cujos esposos e filhos imigraram para o sul do país durante as grandes secas. Ganhar o sustento com aquilo que se produz é motivo de satisfação, que eleva autoestima, que induz ao processo criativo, criando novas coleções de produtos com foco no turismo. Lastreado na tradição, o artesanato nordestino se renova sem perder sua identidade, sendo um dos exemplos mais notáveis o Espedito Seleiro de Nova Olinda.  Um dos maiores atributos do artesanato nordestino é sua diversidade, explorando todas as matérias primas possíveis, das opalas do Piauí até a areia colorida das falésias do Ceará. Em cada um dos nove estados existem produtos que se transformaram em ícones locais e muitos artesãos uma notoriedade mundial, como os santeiros do Piauí. O Brasil possui até o momento uma única cidade classificada pela UNESCO como cidade criativa do artesanato, que é João Pessoa, não apenas por sua expressiva produção, mas também por ser a porta de escoamento da rica diversidade artesanal paraibana, com destaque para a Renda Renascença que já conquistou para o Cariri a indicação geográfica de origem e seu polo mais importante, Monteiro, candidata a Cidade chancelada pelo Conselho Mundial de Artesanato.

O artesanato junto com a gastronomia e a musica são três dos segmentos da Economia Criativa que maior destaque e reconhecimento possuem na memória emocional e no inconsciente coletivo. Em cada região um sabor e um modo de temperar os pratos e viver a experiência gastronômica. São esses saberes e fazeres referenciados com a cultura local o grande atrativo para o turismo de experiência, que começa a buscar as rotas gastronômicas e os territórios culturais como alternativa de destino em tempos de pós-pandemia.

28 de fevereiro de 2021

Contribuições para a Criação de um Distrito Criativo em João Pessoa

O FATO 

A Cidade de João Pessoa foi reconhecida pela UNESCO em 2017 como Cidade Criativa do artesanato e da arte popular. Esse reconhecimento se traduz no ingresso à Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO - UCCN, compartilhando experiências e intercambiando as melhores praticas com 250 cidades de 72 países.  

 

A RENOVAÇÃO DO TITULO 

A permanência de uma cidade na UCCN é passível de renovação a cada quatro anos, em função das ações realizadas. Portanto ao final de 2021 a permanência de João Pessoa na Rede será reavaliada com base em suas realizações. 

 

AVALIAÇÃO 

Avaliar o impacto de políticas públicas de estimulo a Economia Criativa é mais viável em áreas concentradas, pela facilidade de planejar o uso e ocupação do espaço urbano, com equipamentos e serviços relacionados, atraindo capital intelectual, artístico e humano de qualidade. 

 

JUSTIFICATIVA PARA A CRIAÇÃO DE UM DISTRITO CRIATIVO 

Diversas cidades elegeram uma área urbana de valor histórico e cultural em situação de decadência para a realização de uma serie de medidas de estimulo às atividades criativas, em pareceria com a iniciativa civil fazendo aflora o conceito de distritos criativos. 

O conhecimento acumulado com essas experiências demonstra que os resultados positivos em termos de melhoria da qualidade de vida e de trabalho são decorrentes do trabalho cooperativo e colaborativo de seus habitantes, estimulados por ações afirmativas e indutoras promovida por instituições publicas e privadas atuando de modo harmônico e planejado, fazendo emergir uma atmosfera receptiva à diversidade social e cultural e ao surgimento de novas ideias.  

 

RISCOS 

Em algumas capitais do mundo onde esse processo se verificou de modo espontâneo, pela restauração, redirecionamento de uso e ocupação de imóveis degradados ocorreu uma maior valorização desse espaço urbano, expulsando os antigos moradores, sem os quais o território perde sua historia, seus personagens, sua cultura urbana. Fenômeno conhecido como Gentrificação.  

 

CAUTELA 

Não basta preservar o patrimônio físico sem preservar sua história. Sem essas referencias desaparece nas pessoas o sentimento de pertencimento, indispensáveis em qualquer processo criativo ou produtivo que queira se vincular a um determinado tempo e lugar.  

Eleger um espaço urbano para nele concentrar ações de estimulo a uma determinada atividade é pratica comum, sobretudo quando relacionadas ao entretenimento.  

Uma proposta mais ousada é eleger não somente um tipo de atividade, mas dezenas delas, por seu caráter criativo e produtivo, demarcando a utilização do espaço urbano para trabalho, moradia e lazer, atraindo turistas e visitantes e propiciando segurança e mobilidade.  

 

LIMITES DO DISTRITO 

Determinar os limites onde começa e termina o espaço urbano que será privilegiado com uma serie de medidas de estimulo a atividade criativa pode atrair ao invés do capital financeiro produtivo o capital especulativo. 

Esses limites do Distrito Criativo devem ser visíveis, seja pela sinalização ou pórticos nos principais eixos de penetração viária e instalação de mobiliário urbano compatível com o contexto local.  

Do ponto de vista invisível o Distrito Criativo é definido por uma legislação especifica, que privilegia as atividades relacionadas com a Economia Criativa.   

Os limites de um território podem ser definidos pelo inicio do estranhamento, onde uma praça ou uma rua podem ter seu perfil de ocupação definido pelo tipo de equipamento ou empreendimentos existentes.  

 

ECOSISTEMA CRIATIVO 

Dentro do Distrito Criativo coexiste uma diversidade de usos atuais do tecido urbano atual que devem ser respeitadas.  

Locais de maior interesse turístico e cultural são pontos sensíveis onde medidas de maior proteção devem ser planejadas incluindo estacionamentos e acessos seguros, como é o caso do Hotel Globo, assim como a ocupação cultural desses espaços. 

A proposta consiste em determinar usos e ocupações diferenciados para algumas ruas e praças. As ruas e avenidas que possuírem empreendimentos criativos instalados terão tratamento diferenciado estimulando sua ocupação por novos empreendimentos da economia criativa (como é o caso da Rua General Osório, da Praça Antenor Navarro e imediações), através de incentivos fiscais, redução ou isenção temporária de impostos municipais e financiamento subsidiado para restauração e reforma de imóveis.  

Um Distrito Criativo se faz também com atividades não permanentes ou de ocupação efêmera no território como é o caso de feiras, shows e eventos temáticos com uma agenda permanente, preferencialmente nos finais de semana, incentivando a frequência, e consequentemente o interesse, de residentes não locais, criando a necessária aproximação e a diversidade sociocultural. 

 

Eduardo Barroso Neto / João Pessoa, Novembro de 2020


16 de março de 2020

Manifesto das Cidades Criativas da UNESCO no Brasil


Manifesto das Cidades Criativas da UNESCO no Brasil
Do contexto
A Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO foi criada em 2004 com o objetivo de proporcionar uma aproximação mais efetiva entre cidades que detenham, em alguma das áreas da economia criativa, um desempenho superior, estimulando-as a colaborarem entre si, intercambiando conhecimentos e compartilhando as melhores práticas.
O prestigio e visibilidade que essa rede aporta, desperta o interesse de muitas cidades, que buscam conquistar um titulo concedido pela UNESCO, que agrega valor à imagem da cidade certificando-a como destino turístico qualificado.
Diante de objetivos comuns como a proteção do meio ambiente, a promoção da inclusão social de grupos desfavorecidos e o fomento da diversidade cultural, torna-se indispensável uma ação coordenada e multidisciplinar. Sem um intercâmbio efetivo entre as cidades a rede perde sua razão de ser.
Esse manifesto propõe um pacto de compromisso das cidades criativas do Brasil de trabalharem integradas para o bem comum, desenvolvendo projetos inovadores, impactantes e compartilháveis, apontando caminhos para um futuro desejável e sustentável.
Da destinação
Esse Manifesto é dirigido aos gestores de instituições públicas e privadas e promotoras de políticas públicas relacionadas com a Economia Criativa, em especial nas cidades brasileiras que participam, ou aquelas que desejam se incorporar, na Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO – UCCN.
Do propósito
Têm como desafio propor ações e projetos que contribuam para o fortalecimento da Economia Criativa no ambiente urbano, em especial aqueles segmentos definidos pela UNESCO, a saber: artes midiáticas, artesanato e arte popular, cinema, design, gastronomia, literatura e musica.
Contudo, outras atividades relacionadas com desenvolvimento e realização de produtos e serviços baseados no talento e na capacidade criativa, inventiva e inovadora do ser humano, devem ser também consideradas.
Da transversalidade
As ações e projetos devem buscar sinergia com os demais segmentos criativos, de modo transversal envolvendo distintos segmentos criativos na mesma cidade, ou com outras cidades da rede, em função de sua expertise.
Das ações e projetos estruturantes
1. Constituir uma equipe interinstitucional e multidisciplinar, com representantes do poder publico, iniciativa privada e academia, para gerenciar e/ou acompanhar as ações e projetos pactuados no dossiê de candidatura da cidade junto à UNESCO.  
2. Mapear os setores da economia criativa (ou no segmento escolhido)  identificando, quantificando e qualificando as atividades e atores que compõem o núcleo criativo, a oferta e demanda pelos produtos e serviços, e as atividades diretamente relacionadas ou de apoio. Essas informações são os insumos indispensáveis dos Observatórios da Economia Criativa, que  processam, analisam e difundem informações na forma de conhecimentos práticos para os processos de tomada de decisão por gestores públicos, privados e agentes culturais além de apontar oportunidades que valorizem as potencialidades locais.
3. Pesquisar a cultura material e imaterial local, a partir das memórias afetivas de seus habitantes, cujo resultado é uma matriz de referencia para os criadores de produtos e serviços lastreados na identidade da cultural do lugar. Os resultados são insumos para Bancos de dados e imagens, Centros de Referencia, Museus ou Espaços de preservação da memória cultural do lugar.
4. Propor legislação municipal de estimulo aos empreendimentos relacionados com a economia criativa, definindo e /ou delimitando espaços urbanos com tratamento diferenciado para atração e acolhimento de atividades relacionadas com a geração e produção de bens e serviços criativos, sejam eles distritos criativos, ruas vocacionadas, corredores culturais ou ambientes compartilhados para os criadores e agentes culturais.
Das ações e projetos estratégicos
5. Documentar e disseminar os projetos de maior êxito, aplicáveis em outros contextos, reduzindo custos e investimentos, aproveitando o capital humano e intelectual existente.
6. Promover o intercâmbio e cooperação técnica, a  partir da organização de encontros entre especialistas e criadores, dando visibilidade internacional para ideias, projetos e expertises de valor.
7. Premiar e certificar os melhores produtos, serviços e seus criadores, estimulando a renovação e a diversificação constante do portfólio criativo de cada cidade.
8. Criar um marco legal no município que permita aos agentes financeiros apoiar os empreendimentos da economia criativa, seja na forma de empréstimos diferenciados, financiamentos com retorno subsidiado ou a fundo perdido, bolsas de estudos e pesquisa e/ou investimento em infraestrutura.
9. Negociar com instituições governamentais a realização de uma agenda comum para as cidades criativas do Brasil convergentes com os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) das Nações Unidas e o cumprimento das ações pactuadas com a UNESCO.
10. Formar uma consciência critica sobre a importância da economia criativa, produzindo e divulgando material didático e pedagógico, destinado a todos os graus do ensino formal e para a população em geral, apoiada por processos de formação e capacitação profissional.
11. Incentivar a elaboração de planos municipais de economia criativa visando  uma agenda de desenvolvimento calcada em redes de parcerias, inovação e competitividade.  
Da autoria
Esse documento é uma proposta das representações de Fortaleza e João Pessoa, de autoria de Joaquim Cartaxo (Superintendente do SEBRAE/CE) e Eduardo Barroso Neto (Prefeitura de João Pessoa). Contou, em sua elaboração, com o apoio e contribuição critica de Indrasen Vencatachell .
A redação foi concluída e noticiada durante o 4ª Seminário Internacional sobre Cidades Inovadoras realizado em Fortaleza nos dia 4,5 e 6 de março de 2020.

4 de dezembro de 2018

Abertura da Feira Internacional de Economia Criativa em João Pessoa


Há um ano atrás João Pessoa foi reconhecida pela UNESCO como Cidade Criativa do Artesanato e da arte popular. Esse reconhecimento foi fruto de um trabalho de pesquisa e de prospecção sobre as vocações, potencialidades e visões de futuro para a cidade, aportada por seus dirigentes e representantes de instituições públicas, acadêmicas e da sociedade civil.

Ao conceder esse titulo para João Pessoa, a UNESCO reconheceu o esforço realizado nos últimos cinco anos em projetos de importância e impacto social, como é o caso do Programa João Pessoa Artesã, idealizado e conduzido pela primeira dama Maisa Cartaxo.

O dossiê apresentado na candidatura da cidade apontava os ativos culturais existentes nas duas esferas de poder; o potencial da cidade como pólo de escoamento de uma produção artística rica e diversificada, fruto de anos de trabalho realizado pelo Programa Estadual de Artesanato, mas também, e sobretudo, as propostas e compromissos para os próximos cinco anos. Estas propostas incluiam a criação de uma infraestrutura de equipamentos contemplando todo a criação, a produção e a comercialização de uma oferta nova, diversificada e culturalmente comprometida de bens simbólicos, em especial, de um artesanato qualificado. A criação dessa nova oferta seria de responsabilidade do Laboratório de Inovação Cultural; a produção na Fábrica Social de Artesanato e a comercialização e promoção no Celeiro Criativo, inaugurado em janeiro desse ano sob a responsabilidade de Lucia França e sua dedicada equipe. 

São três equipamentos inovadores, impactantes e reproduzíveis em outras cidades, razão de ser da Rede Mundial de Cidades Criativas, que é o compartilhamento das melhores práticas, a cooperação e o intercâmbio. Exemplo prático dessa cooperação já iniciada são os projetos “Saberes e Sabores da Paraiba” e “Cartografia das Singularidades Culturais” ambos realizados com o imprescindível apoio e patrocínio do SEBRAE Paraiba e coordenados por especialistas de duas cidades criativas do design: Cidade do México e Puebla, respectivamente Carlos Alvarado e Mariana De La Rosa, ambos presentes nessa solenidade.

Ao contemplar um ano de pertencimento a Rede Mundial de Cidades Criativas, João Pessoa vem cumprindo e superando os compromissos pactuados com a UNESCO. Propôs e realizou o primeiro Encontro das Cidades Criativas do Brasil e, fazendo-se presente, por sua autoridade municipal máxima o Prefeito Luciano Cartaxo, na reunião anual na Polônia, demostrando assim seu compromisso com a UNESCO e sua visão de futuro, resumidos em dois videos bilíngues.

João Pessoa esteve presente também  no XI Encontro Iberoamericano de Artesanato, em San Miguel Allende no México e na Assembléia do Conselho Mundial de Artesanato, em Montevideu, onde a Paraiba obteve três dos quatro prêmios concedidos ao Brasil como reconhecimento da Excelência Artesanal nos países do Cone Sul, outorgados  à Mestre Valentin, Joca dos Galos e Redes Santa Luzia.

Todas essas ações foram fruto da sintonia de ideias e propostas apresentadas e debatidas no grupo gestor do Programa João Pessoa Criativa tendo a sua frente o incansável trabalho da Focus Point Marielza Rodrigues do Sebrae.

Para fechar com chave de Ouro esse primeiro ano de atividades como Cidade Criativa do Artesanato,  João Pessoa realiza com esse evento, que hoje se inicia, prova de sua capacidade de articulação multi-institucional. A aliança de esforços e recursos financeiros aportados, em especial pelo Sebrae, Prefeitura, UFPB e Instituto Federla de Educação, mas também, os recursos humanos e institucionais aportados pela Universidade Federal de Campina Grande, Unipê; Federação das Industrias, Senai, Sesc e Fecomercio, foram fundamentais e sem os quais esse evento não teria sido possível.

Parenteses especial deve ser feito ao papel estratégico do SEBRAE PARAÍBA em todo esse processo, parceiro desde a primeira hora, em especial à Regina Amorim e toda a diretoria executiva que souberam captar esse novo “espirito do tempo” de colaboração e aposta na inteligência e na criatividade como os ativos fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Conseguiram com o SEBRAE Nacional o aporte de recursos que viabilizaram a realização desse evento e já garantiram recursos para a realização de outra Feira no próximo ano, bem como ações para o desenvolvimento de negócio criativos nos segmentos da múcica, audovisual, design, Startups digitais, tecnologia da informação e comunicação.

A Primeira Feira Internacional de Economia Criativa foi pensada, desde o principio,  para ser acolhida na Estação Cabo Branco, esse grandioso equipamento púbico dirigido com competência por Marianne Góes e sua equipe, cujo suporte técnico e operacional é de um valor não dimensionável.

A feira estará aberta de terça à sábado, das 14 às 21 horas, recebendo em seus espaços o melhor do artesanato, do design, do cinema, da música e da gastronomia. Para cada um dessas áreas, hoje conhecidas como Indústrias Criativas, teremos um salão. São eles: Salão Internacional do Artesanato, coordenado pelo SEBRAE e pelo Programa do Artesanato Paraibano com a curadoria de Lu Maia, além da presença do Celeiro Criativo mostrando o que de melhor a Paraiba produz na arte popular e no artesanato. O caráter internacional do Salão  está na presença do artesanato do Chile, Colômbia, Equador,Peru e México com destaque ara a presença das cidades de Querétaro e San Cristobal de las Casas, cidade UNESCO do Artesanato.
O Salão do Design, com a realização da primeira edição do Prêmio de Design da Paraíba, ficou sob  a responsabilidade dos coordenadores dos cursos de design da Paraíba, representados pelo Professor Kleber Barros da UFPB. O Primeiro Salão de Design realizada na Paraiba foi pensando como modo de revelar os novos talentos e divulgar os melhores projetos aproximando assim a oferta com a demanda de design. Os prêmio serãp conceidos pelos votos de um juri técnico e o voto dos visitantes.
O Salão da Música, em sua oitava edição, coordenado por Rivaldo Dias, programou diversos shows e oficinas criativas explorando a música como linguagem identitária.
O Salão Internacional do Cinema, com a exibição de filmes de todas as cidades criativas do Cinema da UNESCO, além de uma excepcional produção local. Esse Salão, coordenado pelo professor João de Lima, da UFPB, somente foi possível graças a colaboração da Cidade de Santos, Cidade Criativa do Cinema, e que será sede da reunião Anual da Rede da UNESCO em 2020, com um especial agradecimento a focus point Niedja dos Santos.
Somado-se a esses alimentos para a alma, teremos também alimentos para o corpo, com a Salão da Gastronomia, coordenado pela Professora Marisete Fernandes de Lima, da UFPB e da Feira de Agricultura Familiar coordenada pelo IFPB/FUNETEC, assessorados pelo consagrado chef Onildo Rocha.

Na retaguarda, para que tudo isso fosse possivel, contamos com o trabalho entusiasmado,  competente e voluntário de dezenas de pessoas, representadas por duas delas: Debora Carvalho e Daniel Rendón.  

Agradecemos a presença de nossos convidados internacionais representados por Manoel Ernesto, da Rede Defacto da Colômbia; Ines Maré, da Fábrica de Design da Argentina; Patricia Bellon da Empresa Etniko da Espanha, Karina Trejo Acuña diretora do Programa de Artesanato do Estado de Queretaro no México, de Indrassen Vencatachelum Presidente da RIDA Rede Internacional para o Desenvolvimento do Artesanato com sede na França e de Antonio Betolaza, Presidente do Conselho Mundial de Artesanato para a América Latina.

João Pessoa cumpre, com a realização dessa Feira, um de seus compromissos com a UNESCO, e aponta um caminho que pretende seguir. O caminho do desenvolvimento sustentável, pautado na capacidade humana de superação de seus problemas com inteligência e criatividade. Mais que opção de sobrevivência para a espécie humana, o desenvolvimento sustentável deve ser equitativo, socialmente justo, culturalmente diferenciado e economicamente viável. Um  compromisso inalienável com as gerações futuras.

Em nome da organização desejo à todos uma boa Feira, boas compras, bons negócios e bons momentos de amizade, lazer e cultura.





Entrevista Buenos Aires


1.       ¿Cómo ha evolucionado el rol del diseñador hasta hoy en los últimos  
10 años?
La divisón clásica del diseño en tres grandes campos de actuación: gráfico, producto e interiores, ya no se sostiene más. Prueba de eso es la fusión de las tres grandes asociaciones internacionales, ICSID de los diseñadores industriales, el ICOGRADA de los diseñadores gráficos e el IFI de los diseñadores de interior en una solo respresentación global: el WDO –Word Design Organization. Las escuelas de diseño más sintonizadas con las demandas del mercado, ya no ofrecen cursos con especializaciones pre establecidas. Frente a las inumerables especializaciones, que el mercado demanda, ofrecen apenas las bases del diseño, dejando que los alumnos elijan sus propios caminos, pues lo que diferencia una especialidad de diseño de las otras es solamente el conocimiento y el dominio de procesos de producción, ya que el método proyectual y creativo es el mismo. El diseño esta dejando de ser una profesión para ser una estratégia de acercamiento de los problemas de alta complejidad, que necesitan de respuestas innovadoras e disruptivas. Distinto de las demás actividades proyectuales que parte de la observación y análisis de las partes constituyentes de un problema para la comprensión del mismo en su totalidad, el diseãndor parte del todo para llegar a los detalles. Antes de preocuparse por la eficiencia de un producto, mensaje o servico el diseñador empieza por cuestionar la necesidad, la función y la utilidad de esas cosas.

2. ¿Qué habilidades considera debería tener un diseñador en la actualidad?
Diseñar es proyectar nuevas realidades y por lo tanto el diseñador necesita tornar el  invisible, visible. Para eso necesita dominar todos los lenguajes de comunicación, sean gráficos, digitales, tridimensionales, verbales y hasta corporales. Necesita conocer y comprender los fenómenos físicos, los materiales y procesos de producción, los usos y costumbres de la sociedad para la cual estará trabajando; las necesidades, aspiraciones, anhelos y deseos de los individuos. Sumado a esto, debe posser un sentimiento de pertencimiento a una determinada cultura, como su patrimonio inalienable, capaz de hacer la diferencia en un mundo cada vez más igual y homogeneo. Y por fin, necesita de una autoestima elevada que aporte la coraje necesario para enfrentar el desconocido y proponer soluciones nuevas y osadas, capaces de cambiar comportamientos para el bien común.

3. ¿Qué cree que debe mejorar el ámbito académico en cuestión de  
formación de profesionales y la producción del conocimiento?
Las universidades deben fomentar una actuación equitativa y cooperativa en sus tres campos de actuación: la enseñanza, la investigación y la extensión, en un processo continuo de retroalimentación. De simples provedoras de diplomas las escuelas de diseño se deberian preocupar más en formar profesionales competitivos y ciudadanos conscientes de los profundos cambios en la sociedad y en el medio ambiente de los cuales somos responsables y protagonistas principales. Estimular el intercambio y la cooperación con otras universidades confrontando métodos y herramientas; oxigenando los contenidos con otras experiencias, abriendo sus puertas para la actualización profesional de los egresados.  Los maestros cambiar su postura de de transmisores de conociemientos para decodificadores de repertórios culturales. Hacer más que dar respuestas para las inquietudes de los alumnos, los profesores deben hacer preguntas que estimulen la reflexión y la toma de consciencia.   
¿De qué  manera el diseño puede incorporar metodologías y procesos de  
investigación de las ciencias? (sociales y naturales)
La base de cualquier proceso de toma de decisión son los conoscimientos adquiridos en la confrontación de la información, que por su vez son fruto de la análisis de datos actuales y confiables. Conocer la realidad de un determinado contexto humano o natural exige técnicas y herramientas adecuadas, muchas ya consagradas por las ciencias, capazes de identificar la matriz cultural de un determinado territorio y decodificando los repertorios sensitivos y emocionales de su habitantes. Cuando el diseño coloca el ser humano como centro de atención necesita conocer sus hábitos, necesidades, deseos y aspiraciones. La ergonomia, la antropomentria, la etnografia, la sociologia, la antropologia aportan conoscimientos indispensables para el diseñador.


4. ¿Cómo ha evolucionado el trabajo del diseño en territorio en los  
últimos 10 años? Cuáles han sido los aprendizajes?
La primera lección es que no existen dos lugares iguales. Cada territorio es definido por sus singularidades culturales. No importa cual sea el problema, la solución pasa por las condiciones existentes y ofrecidas en el espacio de intervención. Conocer un territorio empieza por una escucha sensible, entrevistando los actores locales, separados en grupos por afinidad: especialistas, memória viva, memória visual y formadores de opinión. De esas encuestas identificar las vocaciones,  el potencial y las visiones de futuro de sus habitantes. Las intervenciones deben impulsar los atributos positivos y las fortalezas identificadas en vez de intentar disminuir o eliminar las deficiencias, ya que exige muchos más recursos y energía.     

5. ¿Cuáles son las oportunidades y desafíos del diseño para la región?
Vivimos en un mundo dominado por los bienes simbólicos, donde los productos y servicios tienen un precio determinado, no por su valor intrinseco en cuanto mercancia, sino por su valor simbólico. Por eso el diseñador debe valerse de su repertorio cultural, único y singular para proponer algo distinto y deseable. El mercado, hoy por hoy, se configura como una cola larga donde todos pueden encontrar un nicho de oportunidades. En vez de proyectar para las industrias, el diseñador pasa a ser el productor de sus propias ideas. En todos los campos de la actividad humana veo oportunidades para el diseño. Nuestro modo de pensar se transformó en la nueva estratégia empresarial y mercadológica, en la cual se utilizan metodologías y herramientas de lo que se denomina “design thinking” para salir de la zona de confort pautada por la innovación, con el fin de buscar  innovación radical y/o disruptiva.  De la oferta de alimentos a la construccion civil, donde en ambos casos se desperdicia una cuarta parte de lo que fue producido por falta de diseño, hasta los servicios esenciales de salud, mobilidad, educación y seguridad pública, existen demandas reprimidas en la espera de soluciones innovadoras y factibles. Especificamente en el campo del diseño de indumentaria es importante considera-la como nuestra segunda piel, cada vez mas inteligente, sensible, individual, exclusiva, confortables y adaptable a las condiciones externas, además de ser la cascara, la embalaje, la parte visible de nuestra identidad.

3 de dezembro de 2018

Abertura da Segunda Jornada Iberoamericana de Design e Artesanato



Naquele ano  de 1999 eramos muitos, de muitos países, preocupados com o futuro do artesanato em um mundo cada vez mais globalizado. Sonhamos sonhos possíveis, alertando para o risco da perda de identidade e do necessário esforço de prover os meios necessários para que o desenvolvimento se fizesse de modo harmônico.
Reconhecemos a importância do design como instrumento de inovação e preservação da cultura local, expresso em um longo capitulo nos anais do evento.
Dos que firmaram esse documento histórico, muitos já se foram, restando aqui e agora apenas eu e Manuel Ernesto como testemunhos de um momento onde o artesanato deixava de ser uma preocupação relacionado ao bem estar social, para uma dimensão mais ampla, economicamente viável e culturalmente responsável.   
Propúnhamos a criação de grupos de apoio permanente aos artesãos, apoiando todas as etapas do ciclo de produção. O Laboratório Brasileiro de Design - LBDI era nossa referência como grupo pioneiro na prática e difusão do design social. Os resultados de um projeto de pesquisa e desenvolvimento de uma coleção de produtos artesanais de referência cultural de Santa Catarina inspirou Artesanias de Colômbia, que nos convidou para propor uma politica de design para o artesanato.
20 anos depois são 33 Laboratórios de Design e Inovação, atendendo todos os 33 estados da Colômbia. Mais de 1.300 coleções de produtos desenvolvidos. Expoartesanias, a maior e mais importante Feira de Artesanato da América Latina, realizada sempre no mês de dezembro em Bogotá, tem hoje como critério de seleção a inovação e o vínculo cultural dos produtos que serão exibidos e comercializados.
O Artesanato no México, de excepcional riqueza, com expoentes únicos como as cerâmicas de Mata Ortiz ou os bichos e alebrijes de Jacobo em Oaxaca, que aparentemente prescindiram do design como protagonistas do processo de criação, não são tradições ancestrais. Foram fruto da inteligência de um homem, que as foi transmitindo e seduzindo outros a fazerem o mesmo, pois descobriram um nicho de mercado que hoje valoriza o autêntico e exclusivo produto. São verdadeiros designers autodidatas, capazes de criar um produto de sonho e desejo. Esses são dois exemplos das oportunidades existentes em uma mundo que privilegia os bens simbólicos, que valem não pelo seu valor intrínseco enquanto objeto, mas por seu valor intangível, aportado pela qualidade, pela confiabilidade, pela cumplicidade e pelo design.    
No Brasil, os últimos vinte anos foram os anos dourados para o artesanato brasileiro. O Programa de Artesanato do SEBRAE, criado com o apoio da Fundação Espanhola, em um histórico curso organizado em Ouro Preto, tomou como base o texto produzido e apresentado na primeira Jornada, como o Termo de Referência do artesanato.  
Pesquisas sobre a iconografia foram realizadas em praticamente todos os estados do Brasil. Do mesmo modo foram criados os núcleos de design e centenas de intervenções de êxito, feitas por muitos aqui presentes.
O projeto Talento do Brasil, que aproximou o artesanato da moda, criando memoráveis coleções, que hoje são peças cult é outro exemplo de programas de exito unindo design e artesanato.
Passamos a reconhecer os grandes mestres do artesanato e da arte popular e seu prestigio no mercado mundial, sendo o Mestre Expedito Celeiro e Dona Isabel do Jequitinhonha apenas para citar dois exemplos.
 Uma das maiores contribuições ao artesanato o SEBRAE deu ao criar o Prêmio TOP 100 do Artesanato brasileiro, que já realizou 4 edições tri anuais, criando uma cultura de aprendizagem na avaliação de produtos e provocando um salto de qualidade do artesanato brasileiro. Esse prêmio mudou a vida de seus ganhadores, pela visibilidade e promoção conseguidas.
Foi criando o Centro de Referência do Artesanato, único em se gênero no mundo, funcionando no Rio de Janeiro, que somados ao projeto “Brasil Original” e ao Premio Top 100 colocam o SEBRAE como principal protagonista na promoção do artesanato brasileiro em todo o continente e talvez no mundo ocidental.
Entretanto o segmento artesanal ainda é o elo mais frágil da economia criativa, necessitando de um suporte institucional para sua manutenção competitiva no mercado.
Toda essa massa critica acumulada deve ser compartilhada para aqueles que virão. Essa segunda jornada é uma espécie de passada de bastão, onde os princípios éticos que durante anos foram pactuados, sejam preservados.  Que as boas experiencias sejam continuadas e multiplicadas. Que novos Laboratórios sejam criados como forma de apoio permanente ao desenvolvimento do artesanato de referência cultural.
Os processos exitosos de intervenção, cada um com suas abordagens próprias, ao serem compartilhados revelam-se novas estratégias, métodos e ferramentas de êxito, tais como as técnicas de escuta sensível que desenvolvemos com o objetivo de decodificar as memórias afetivas dos habitantes do lugar, sua matriz cultural, suas vocações, potencialidades e desejos de sua visão de um futuro possível e desejável.
Vejo esse evento como um novo marco, pautado pela cooperação e pelo intercâmbio, compartilhando projetos e soluções. Sugiro que Fortaleza e Querétaro do México, duas cidades candidatas ao titulo de cidades criativas do design e do artesanato respectivamente, demostrem sua capacidade de colaboração organizando ações de continuidade, e em especial a próxima jornada, sem que se passem mais vinte anos. 
Os recursos são cada vez mais escasso para serem desperdiçados em tentativa e erro. O tempo é cada vez mais curto para reverter erros planetários. Somos hoje cidadãos do mundo, conscientes da necessidade de mudar os hábitos de consumo, se quisermos sobreviver como espécie. Temos um compromisso inadiável com nossa única morada, de passar de uma sociedade do desperdício para uma sociedade sustentável.
São 17 os princípios e práticas propostos pela ONU para o desenvolvimento sustentável. Adesivados até na porta do elevador do SEBRAE.
1999 era o segundo ano de funcionamento do Centro de Design do Ceará, pioneiro na introdução do ensino do design no Estado. Pioneiro em sua forma de ensinar o design descritas em dezenas de artigos. O CDC foi considerado, em uma pesquisa feita pela Universidade da Flórida, como a experiência mais relevante no ensino do Design junto com a Universidade de las Américas em Puebla. Relatar a experiência do CDC, exigiria um tempo que não disponho nesse evento. A primeira jornada de design e artesanato  foi organizada pelo CDC, demostrando dessa forma seu compromisso com o design social e culturalmente responsável.
O design e o artesanato provaram nesses 20 anos que quando bem realizados conseguem deixar sua marca na  vida daqueles que dele dependem. É verdade que muitos não tiveram sucesso e ainda lutam por sobreviver. Mas as soluções exitem, já foram testas, e custam pouco. Custam apenas  desejo político de realizá-las. Quem sabe, se com o desejo de Fortaleza ser uma cidade criativa da UNESCO abra-se o espaço que se necessita de apoio à preservação das tradições, o estímulo a diversidade cultural, o apoio aos talentos criativos que anida não tiveram o espaço de expressão que merecem  e um casamento frutífero entre o saber e o fazer. Agora, e nos próximos 20 anos.
Vida longa ao artesanato e o design, juntos e misturados.

3 de novembro de 2018


Acontecerá dos dias 05 a 09 de novembro no espaço The House Mall, em João Pessoa, a edição Paraibana do projeto “Saberes e Sabores”. Este projeto faz parte do plano de trabalho pactuado com a UNESCO pelo Programa João Pessoa Cidade Criativa.
Tem por objetivo promover a integração de três áreas da economia criativa, o artesanato e a gastronomia através do design, em um processo de desenvolvimento colaborativo de uma nova coleção de produtos artesanais destinados a melhorar a preparação e apresentação de pratos típicos selecionados da culinária Paraibana, com foco no turismo de experiência.

Durante cinco dias designers convidados do Brasil e do exterior, ceramistas e especialistas em gastronomia, em um esforço criativo compartilhado, definirão um padrão de apresentação da culinaria tradicional, agregando valor pela inserção de elementos da cultura regional e diferenciação qualitativa.

No segundo momento uma rede de restaurantes credenciados a utilizarem o selo “Saberes e Sabores da Paraíba” pela utilização normatizada desses pratos, criando uma demanda constante e crescente por esses produtos artesanais, em uma espiral virtuosa.  

Essa Oficina Criativa dá inicio ao ciclo de inovação e de produção de uma nova oferta artesanal de João Pessoa. Partindo de uma demanda induzida, fruto de um acordo entre hotéis e restaurantes, assegura-se a manutenção e continuidade do Programa.  Os produtos concebidos nessa Oficina Criativa serão produzidos na Fábrica Social de Artesanato.

Antecedentes
Saberes e Sabores do Maranhão 2008 (Publicado pelo Governo do Estado do Maranhão)
Saberes e Sabores de Santa Catarina 2015 (suspenso)
Saberes e Sabores de Puebla 2016 (Publicado pelo Governo do Estado de Puebla)

Coordenação:
Eduardo Barroso Neto
Equipe técnica:
Camille Aquino  (Designer Industrial UFCG)
Carlos Alvarado Dufour (Designer do México – Participou das 3 edições de Saberes e Sabores)
Daniel Rendón Farfán (Designer do México)
Eveline Vasconcellos (Designer - Fortaleza)
Fabio de Moraes (Designer do SENAI)
Gina Dantas (ceramista de João Pessoa)
Kleber Barroso (Designer industrial UFPB)
Marianne Góes (Designer de Interiores -João Pessoa)
Nicia Paes Bormann (Arquiteta - Ceará)
Onildo Rocha (Chef)
Túlio Paracampos (participou na primeira edição. Designer e ceramista de Fortaleza)
Valeria Antunes (Arquiteta e artesã de João Pesssoa)

Patrocinio
SEBRAE

Organização
Prefeitura de João Pessoa

Apoio
The House Mall
Cabana Fabrica de Móveis
Tely
Tela Sat


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10 de outubro de 2018

Considerações, sugestões e recomendações para as candidaturas brasileiras à UCCN

Tenho acompanhado de perto o desenvolvimento da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO desde 2009, quando fui convidado a colaborar com a mesma durante o Primeiro Fórum Mundial das Industrias Criativas – FOCUS, realizado em Monza, na Itália.
Nos ano seguinte fui contratado pela Prefeitura de São Paulo para elaborar o dossiê de sua candidatura como cidade UNESCO do Design, tarefa essa que durou aproximadamente seis meses de trabalho intenso. Como a UNESCO ainda não disponha, naquele momento, de um modelo e formato definido para a elaboração dos dossiês, o processo de análise implicava em idas e vindas para atender exigências e requerimentos que o comitê de avaliação fazia. Nesse grupo, sediado em Paris, colaborava minha filha, que muito me orientou.
Ainda em 2010, residindo em Florianópolis, sugeri a candidatura da cidade no segmento da Gastronomia, colaborando na elaboração de um extenso dossiê, envolvendo dezenas de pessoas e instituições. Do mesmo modo propus que João Pessoa e Recife tentassem sua indicação como Cidade do Artesanato e Brasilia como Cidade do Cinema.
Em 2011, por questões orçamentárias o Programa das Cidades Criativas da UNESCO suspendeu todas as análises de novas candidaturas, processo que foi retomado somente no final de 2013, com novas regras e normas exigindo a reelaboração de todos os dossiês, dentro de um prazo de 4 meses. Das cidades brasileiras candidatas, cujo processo acompanhava, apenas Florianópolis deu continuidade, tendo side então contratado para elaborar o novo dossiê, permitindo a Cidade ser aceita na Rede no final de 2014.
Em 2015 foi a vez da Cidade de Ensenada no México, entrar para a Rede, consequência de um workshop de design territorial, cuja proposição e coordenação fui responsável.
Em 2017, contratado pelo SEBRAE/PB elaborei o dossiê de João Pessoa, aceita no final do ano como Cidade do Artesanato. Desde então tenho assessorado João Pessoa na implementação dos projetos pactuados com a UNESCO.
Participei das reuniões da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO em Kanazawa no Japão; Pequim na China, Ostersund na Suécia e Cracóvia na Polônia. Em todas elas acompanhando as discussões sobre as exigências de entrada e permanencia das cidades na Rede. Em função desta experiencia é que me permito sugerir e fazer algumas recomendações sobre as novas candidaturas.
O exame dos dossiês pela UNESCO leva em consideração as ações realizadas na Cidade pretendente nos últimos cinco no segmento escolhido, seus ativos culturais e seus atributos como cidade criativa. Essas informações devem responder satisfatoriamente a duas dezenas de perguntas formuladas pela UNESCO. Além disso são consideradas as propostas de ações programadas para os próximos quatro anos, com orçamentos específicos e um compromisso formal da prefeitura da cidade candidata.
As ações futuras devem ser impactantes, inovados e compartilháveis por outras cidades, exigindo um esforço de articulação institucional envolvendo o poder público, a academia e a sociedade civil representativa. Para isso é necessário a constituição de um grupo gestor, designado e coordenado pela Prefeitura da cidade candidata.
Importante enfatizar que a cada edição apenas duas cidades por país são eleitas para a Rede. Sabendo que no Brasil existem atualmente cinco cidades cuja elaboração do dossiê esta sendo apoiada financeiramente pelo MinC, além de outras duas dezenas de cidades pretendentes trabalhando de forma isolada, será um desafio fornecer elementos convincentes para conseguir essa designação em 2019.
Fazer parte da Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO é mais que um privilégio e um reconhecimento, capaz de agregar valor como destino turístico qualificado. É uma oportunidade de acesso as melhores práticas em termos de políticas urbanas. É poder compartilhar experiências e inteligência, atraindo capital humano e financeiro de qualidade.
Isso não se consegue apenas com disposição e boa vontade dos atores políticos. É necessário articulação, compromisso e uma visão de futuro pautada pela Agenda 2030 da ONU.
Pela experiência acumulada com a elaboração recente dos dossiês de Florianópolis e João Pessoa recomendo uma agenda de trabalho compartilhada com os atores institucionais envolvidos que dificilmente será inferior a seis meses de atividades intensas.

27 de setembro de 2018

As origens do Design no Ceará

Em 1996 o então Secretario de Cultura do Ceará, Paulo Linhares, empreendeu um grande esforço no sentido de implantar uma nova política cultural baseada no estimulo à industrial de bens simbólicos de alto valor agregado, inserindo em seus planos a criação de uma Escola de Design no âmbito do Centro Dragão do Mar. Neste sentido, diversas instituições de ensino foram visitadas e propostas foram apresentadas por professores de uma conceituada Escola de Design do Rio de Janeiro e da Itália. No entanto, ambas foram rejeitadas. Buscava-se uma proposta diferenciada e adequada ao Ceará, naquele momento. Uma visita da Subsecretaria de Cultura do Ceará ao Laboratório Brasileiro de Design / LBDI, em Florianópolis, abriu a perspectiva para uma colaboração, tendo em vista, principalmente, as experiências pioneiras de ensino que estavam sendo testadas em Santa Catarina. Assim formulamos um projeto de escola alternativa contando com a intermediação da arquiteta Janete Costa.
Partimos dos dados obtidos com a pesquisa “Oferta e a demanda de Design no Nordeste do Brasil” realizada por minha empresa de consultoria por encomenda do SENAI/Piauí. A carência de profissionais qualificados disponíveis no Ceará não correspondia à demanda reprimida existente. Nossa proposta não pretendia criar (naquele momento) a 68a Escola de Design do país. Defendiamos a criação de uma escola pioneira, inovadora em sua forma e conteúdo, livre das normas e exigências do Ministério da Educação e dos sistemas formais de ensino, sintonizada com as mudanças do mercado e as necessidades do nordeste. Capaz de oferecer ao mercado respostas em um espaço de dois anos.
Para desenhar as bases desta nova Escola de Design convidei um pequeno grupo de professores que reunidos durante uma semana em Fortaleza, estabeleceram as bases do projeto pedagógico. Participaram desse grupo: Augusto Morello, Fundador do ICSID. Presidente da Trienal de Milão. Um dos pioneiros do design Italiano. Editor e critico da Revista Estilo e Industria. Falecido em 2001. Luis Rodriguez Morales; designer Mexicano; PhD. Viveu e trabalhou no Japão, Inglaterra, Dinamarca, Holanda., Cuba e Brasil. Um dos mais consagrados autores sobre teoria e ensino do design na América Latina. Joaquim Redig; designer; professor da UFRJ. Autor de três livros sobre ensino do Design. Romeu Damaso; Professor da Escola de Design da UEMG. Falecido em 2011 Lia Mônica Rossi; MsC; Professora no Curso de Design da UFPB. Falecida em 2018
Este grupo propôs a criação de uma escola cujo ensino fosse fundamentado em três pilares: •Domínio de linguagens •Compreensão de fenômenos •Aplicações na realidade.
Foi sugerida uma grade curricular com quase 100 disciplinas de modo a dar a mais ampla visão possível do universo do design, sem concentrar-se em nenhuma especialidade, contrariando assim as recomendações do MEC, porém indo de encontro ao modelo de ensino que estava sendo adotado nas escolas de design mais avançadas do mundo.Esta escola não formaria designers Industriais, gráficos ou de interiores e sim DESIGNERS. Cidadãos conscientes de seu papel na sociedade e não mais fazedores de produtos e imagens apenas para induzir o consumo. Ao final de cada matéria ou disciplina ampliava-se a visão dos alunos, abrindo novas perspectivas e novos campos de intervenções. A organização das disciplinas pressupunha a criação de uma espiral de competência em graus crescentes de complexidade.No ultimo período seriam concentrados esforços no sentido de preparar os alunos para o mercado de trabalho constituindo eles próprios suas empresas de design. O circulo se fecharia com a criação da primeira Incubadora de Empresas do país de modo a garantir a inserção destes jovens designers no mercado de trabalho.
Devida a escassez de professores com experiência em design no Ceará decidimos concentrar as disciplinas em bloco viabilizando assim a vinda de professores de outros estados do Brasil, ou mesmo do exterior. Como estes professores seriam remunerados por hora-aula e sem vínculos poder-se-ia pagar um valor mais atraente. Para cobrir as despesas com hospedagem e alimentação a SECULT valeu-se da negociação de dívidas de impostos do setor hoteleiro com o Governo do Ceará. Para cobrir as despesas de passagens e honorários foi montado um projeto que foi aprovado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT do Ministério do Trabalho. Recursos adicionais, incluindo bolsas para professores visitantes, foram negociados e obtidos com outras instituições, tais como: CNPq e SECITECE que permitiram adquirir computadores e equipamentos para as Oficinas. Estas decisões permitiram trazer professores da Alemanha, Bélgica, Holanda, Argentina, Chile, Colômbia, México e Estados Unidos, fazendo com que o time de professores do CDC não encontrasse paralelo em nenhuma outra escola de design do Brasil. Em disciplinas cujo conteúdo não eram específicos de Design foram convidados os melhores professores locais entre eles Claudia Leitão, que posteriormente foi Secretaria de Cultura do Ceará.
O processo de seleção consistia em um preparatório com cujo numero de alunos era o dobro ou o triplo da vagas. Durante dois meses, avaliações semanais de desempenho, permitiam uma seleção dos mais talentosos.
Em artigo publicado em uma Revista Internacional a pesquisadora da Universidade da Florida, Maria Bernal, apontou o CDC como uma das duas experiências de maior sucesso no ensino de design na América Latina, ao lado da Universidad de las Américas em Puebla no/ México.
Os principais elementos de diferenciação do CDC com as demais escolas de design podem ser assim resumidos: •Preocupação em capacitar para o mercado e não para a docência (que exige diploma): •Sistema de avaliação baseado em afirmações lingüísticas e aplicação multilateral (Todos avaliam tudo e a todos); •Aprendizado baseado na experimentação e em projetos reais; •Foco nos elementos da cultura regional, porém cotejados com as tendências mundiais; •Apoio financeiro (isenção de pagamento) somente para os que necessitam e com um processo seletivo baseado no mérito. •Acompanhamento pedagógico por profissionais com larga experiência docente de projeto, fazendo a ligação entre conteúdos.
Deste modo duas turmas foram concluídas entre 1997 e 2000. A saída de Maurice Capovilla, da Direção do Instituto Dragão do Mar em meados de 2000 significou o princípio do fim do projeto inicialmente idealizado. As mudanças de orientação do Dragão precipitaram minha saída da direção do CDC em julho de 2001 assim como do coordenador pedagógico Marcelo de Resende. O novo diretor do CDC, Álvaro Guillermo, tentou manter as propostas iniciais, mesmo diante da escassez de recursos e dos novos métodos de administração. A expectativa de todos era por uma mudança do comando da SECULT com a eleição de um novo Governador que poderia então permitir retomar os rumos inicialmente traçados. As mudanças efetivamente vieram com o novo governo porem não aquelas esperadas. O Instituto Dragão do Mar foi extinto e com ele o projeto do Centro de Design do Ceará. Um dos argumentos utilizados nos discurso oficial era o fim dos recursos do FAT e necessidade de adequar o curso à realidade de um Estado pobre. A proposta de transferir o Curso de Design para o SENAC significou uma radical mudança do modelo de ensino até então defendido. O fim de uma utopia. Mais uma vez, a vitória do formalismo acadêmico sobre a ousadia e a inovação, exatamente os princípios norteadores do design. Durou pouco esta experiência. A terceira turma nunca conseguiu concluir seu curso.
Eduardo Barroso Artigo redigido em 2003 e revisado em 2018.
Relação (não exaustiva) dos professores do CDC nos primeiros anos do curso
Adélia Borges Grad. MUBE São Paulo
Alberto Ireneu Puppi PhD UFPR Curitiba
Alberto Rossa Grad. Universidade de Guadalajara Guadalajara / MX
Alvaro Guillermo Guardia São Paulo
Alvaro Hardy MsA UFMG Belo Horizonte
Amilton Arruda MsA UFPE Recife
Antonio Jorge Fonseca MsA ONDI Havana / CU
André Dalmazzo Grad. UFSM Santa Maria
Arno Vogel PhD FLACSO Rio de Janeiro
Augusto Morello Grad. ADI / ICSID Milão
Bia Martinez MsA São Paulo
Bernadete Teixeira MsA UEMG Belo Horizonte
Bernardo Krieguel Grad ESDI Nova York / USA
Carlos Alvarado Dufour MsA Azcapotazalco C. México
Celio Teodorico Santos MsA UDESC Florianópolis
Charles Bezerra MsC UFPE Recife
Cláudia Leitão PhD UECE Fortaleza
Cybele Cunha Lauande Grad. UFMA São Luís
Daniel Borgaro MsA Universidade Iberoamericana C. México
Darlan Ferreira Moreira Grad. CDC Fortaleza
Dirk Jacobs MsA HFG Antuérpia / BE
Eduardo Araújo MsC UFCG Campina Grande
Eduardo Barroso Neto MsA LBDI Florianópolis
Gissel Iza Saffar MsA UEMG Belo Horizonte
Guinther Parschalk MsA São Paulo
Gui Bonsiepe PhD CNPq Florianópolis
Helcio Noguchi Autod Rio de Janeiro
Henry Benavides MsA Bahia Design Salvador
Janet Robinson MsA ESDI Rio de Janeiro
Joaquim Redig Grad. PUC - Rio Rio de Janeiro
Jose Dias MsA UFRJ Rio de Janeiro
Jose Korn Bruzzone MsA Universidad Del Pacifico Santiago
Juan Carlos Capa MsA Madrid ES
Júlio Silveira Téc. Fortaleza
João Calligaris MsA UDESC Florianópolis
Jorge Montaña Grad. Bogotá / CO
José Marconi Bezerra MsA UFPB C. Grande
Lalada Dalglish MsA São Paulo
Lacidez Marques MsA Phillips Eindhoven / HL
Lia Mônica Rossi Grad. UFPB C. Grande
Luis Rodríguez Morales PhD Universidade Iberoamericana México
Luis Saralle MsA UNC Mendoza AR
Majoi Aina Vogel Grad. UFRJ / CDC Rio de Janeiro
Manoel Acosta Téc. Artesanias de Colômbia Bogotá / CO
Maria Regina Alvarez MsA UEMG Florianópolis
Marcelo Resende Grad. LBDI Florianópolis
Martha Alvarado MsA UAM México
Milvia Perez MsA ONDI Havana Cuba
Pedro Alan Martinez MsA Cuernavaca / MX
Priscila Farias MsA São Paulo
Roberto Bezerra MsA UFCE Fortaleza
Romeu Dâmaso Grad. UEMG B. Horizonte
Solange Coutinho MsA UFPE Recife
Tatiana Telles Ferreira MsA UFSC Mexico
Terezinha Maciel MsA UECE Fortaleza