3 de junho de 2011

O futuro e/da inovação

Recebi hoje um ‘e-mail’ com uma apresentação em ‘power point’ anexada tendo como fundo uma foto de estúdio do Antonio Fagundes e o titulo “Eu tenho apenas 58 anos”. O texto enumerava boa parte da cultura material dos dias de hoje como coisas que sequer se sonhavam há 58 anos atrás. O que, para espanto do netinho, interlocutor dessa estória, imaginou ter seu avô uns 200 anos.

O texto incluía, dentre outras coisas: celular, computador, internet, raios laser, microondas, televisão, cartão de crédito, lente de contato, lavadoras, ar condicionado, relógio que não precisa de dar corda...

Isso me fez lembrar que o mesmo gradiente de distância tecnológica que nos separa de 50 anos atrás até os dias de hoje serão os mesmo para daqui a 10 anos. O desenvolvimento tecnológico verificado nos últimos anos demonstra que para cada ano de evolução a distância é de cinco anos para trás.

A cada novo lançamento de um gadget eletrônico o mundo não pode mais viver sem ele. O iPhone criou um abismo com relação aos demais celulares, obrigando todos a evoluírem rapidamente em sua direção, ou senão correr o risco de desaparecer do mercado.

Necessidades são criadas. A vida hoje sem a internet, sem o google e sem as redes sociais seria a repetição de um filme velho em que fomos atores e não queremos mais vive-lo.

No mundo ocidental a moral e os costumes se modificaram na mesma velocidade. Uma só geração assistiu a liberalização sexual com a invenção da pílula anticoncepcional e sua reversão com o aparecimento da Aids. A diferença de raças e de gênero caírem por terra, com um negro-muçulmano ser presidente dos Estados Unidos e mulheres serem presidentes de vários países.

O choque de duas civilizações, com projetos de futuro diferentes, resultaram em milhões de mortes inocentes, cujo maior ícone, foram às torres gêmeas.

É ilusório pensar que chegamos ao fim da história. Mudanças radicais ocorrerão cada vez mais e com maior velocidade. Mudanças tecnológicas e mudanças culturais. Para isso é necessário pensar em um novo modelo para produzir inovações radicais. Mais multidisciplinar, mais prospectivo. É preciso antes de desenhar um novo produto desenhar o mundo onde ele irá operar.

Os laboratórios, como espaços privilegiados de experimentações, deverão incorporar a cultura como insumo indispensável de cada projeto, entendendo cultura como a janela pela qual enxergamos o mundo. Não somente o que vivemos mas o aquele que pretendemos viver. Toda construção humana nasce primeiro no cérebro e no coração.

Estes laboratórios, para desenharem o futuro necessitam privilegiar a multidisciplinaridade. EquipeS monodisciplinares tendem a auto-referência. Bebendo da mesma fonte fazem as mesmas construções mentais ou pensam sobre o mesmo ângulo. A natureza demonstra que tudo que é homogêneo tende a entropia. A construção da inovação começa na aceitação dos muitos saberes, das múltiplas inteligências, para o enfrentamento dos problemas complexos.

Um comentário:

  1. Adorei suas observações. Também acredito que na construção dos novos cenários somente com visão holísitica e multidisciplinar as inovações serão benéficas em amior escala.
    Saudades,
    Pati

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