2 de junho de 2011

Jogos de empresas em empresas publicas – parte 2


Levamos exatos oito meses para sairmos da idéia à ação. Postei aqui nesse blog em 15 de outubro passado a idéia, ainda embrionária, de utilizar os Jogos de Empresas como forma de buscar uma mudança de mentalidade e de atitude frente aos desafios do presente e do futuro.

No dia 14 de junho próximo começam oficialmente os Primeiros Jogos Internos do CNPq. Durante quatro meses equipes heterogêneas irão disputar provas relacionadas com oito tipos de inteligências. Nestes oito meses que se passaram um pequeno porém extraordinário e motivado grupo de colaboradores trabalhou arduamente para propor, desenvolver e organizar a realização de 23 atividades lúdico-competitivas, que não encontram precedência no serviço público.

A gênese deste processo, fruto de alguns ensaios e experimentos que conduzi, principalmente os Primeiros Jogos de Design realizados na Universidade da Antuérpia, na Bélgica, em 1995, partem da premissa que para alterar o curso dos acontecimentos é necessário mudar primeiro o comportamento e o ângulo de visão dos envolvidos com os problemas. O futuro é quase sempre um reflexo do passado. Basta olhar para trás e ver como as coisas evoluem para imaginar como se desenvolverão, para melhor ou para pior. Se as opções escolhidas no passado estão levando a um mal resultado manter inalterados os comportamentos, os métodos e as rotinas, servirá apenas para aprofundar e tornar ainda mais difícil a solução dos problemas. Contudo, se o futuro que desejamos é diferente daquele que se anuncia também será diferente a rota a ser seguida. Problemas novos exigem soluções novas. Jogos são espaços de vivência de situações novas para construção de novas possibilidades ou realidades.

Quinze anos depois de usar os Jogos como método de trabalho, e agora vivendo a responsabilidade de gerenciar os recursos humanos de uma organização com sessenta anos de história, de pioneirismo e de protagonismo, no trato das questões que envolvem o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, encontro na filosofia do design um guia norteador.

Um diagnóstico da realidade atual aporta as informações necessárias que justificam uma mudança de metodologia no trato das pessoas. Uma ação de escuta das insatisfações é a ferramenta escolhida para comprovar o que a intuição e as observações já haviam revelado. Mapear os problemas e identificar suas origens compõe a base de informações que servem para orientar as ações a serem empreendidas e também como um embrião de um processo permanente, e indispensável, de monitoramento de sinais de mudanças, dentro e fora do espaço institucional.

Quando o tecido social de uma organização está esgarçado uma tensão se estabelece, e com ela a ansiedade, a insatisfação e a doença. Quando 10% da força de trabalho de uma organização encontra-se de licença médica um alarme tem de soar, e medidas corretivas devem ser tomadas imediatamente. E, para priorizar as ações necessárias é preciso classificá-las por importância e ocorrência. Visão sistêmica permite saber por onde começar e qual problema deve ser resolvido primeiro.

Alguns destes problemas nunca haviam sido antes enfrentados, faltando à experiência necessária para melhor gerenciá-los. O principal deles foi à mudança física do local de trabalho de 1500 pessoas, alternando rotinas, excluindo todos de uma zona de conforto na qual estavam habituados. Somando-se a isso a constatação da perda do sentimento coletivo de orgulho e pertencimento à instituição por sua importância e história. A própria perda da memória institucional, sem o registro das contribuições individuais é uma falha a ser corrigida. Comportamentos autoritários herdados subsistem e enfraquecem a mobilidade interna e a gestão por competências. Rotinas de trabalho desestimulantes corroem a satisfação no trabalho. O distanciamento da função de formulador de políticas de estado, para simples organismo de fomento passivo destroem a auto-estima e a possibilidade de valorização do capital intelectual da instituição.

Os Jogos Corporativos surgem como um processo alternativo para lidar com este conjunto de problemas de modo inovador e com baixo investimento. Brincando colocam-se temas importantes em discussão, dentre eles a construção de cenários futuros, as necessárias mudanças frente aos problemas ambientais e a cultura como pano de fundo.

Vozes dissonantes e descrentes seguramente serão ouvidas, apostando na cizânia e no fracasso. Afinal tudo que é inovador incomoda os que estão lucrando com a manutenção do "status quo" e com o caos.

Mas como tudo na vida, maiores são os riscos melhores serão os resultados se tudo der certo. Aposto nisso com a convicção que dentro de 3 meses, quando terminarem os jogos, teremos um novo ânimo coletivo, e uma nova estratégia para a gestão de pessoas.

3 comentários:

  1. Muito interessante.Parabéns!

    João Paulo

    ResponderExcluir
  2. Diagnóstico comum a várias instituições públicas. O retrato me parece familiar.
    Bom ter pessoas que pensam a força de trabalho de uma instituição como um conjunto de pessoas e não apenas como recursos.
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. A interação é fundamental no ambiente de trabalho.
    Parabénssssssssssssss pela iniciativa.
    Abraços
    Claudinha

    ResponderExcluir

Obrigado por deixar seus comentários.