29 de novembro de 2010

Arte Urbana



Em um dos pontos mais movimentados de Brasília surge esta imagem, sem texto algum que indique sua procedência ou motivação. Seria este cartaz o testemunho de um pai orgulhoso da primeira comunhão de sua filha; uma promessa por alguma graça alcançada; a propaganda subliminar de alguma religião ou simplesmente Arte Urbana?

Seja qual for a motivação que a originou, essa imagem instiga e provoca um momento de reflexão, no meio do transito, na pausa do semáforo fechado. Parece uma foto retirada de algum álbum antigo de família, cuja pureza contrasta com a sujeira da parede que a recebe. Pelo visto ela deverá durar meses, e somente desaparecerá pela ação do tempo e das intempéries, já que a limpeza urbana parece ter esquecido deste pedaço da cidade. Seja como for, cumpre esta imagem a função da arte, que nos instiga, provoca, faz pensar. Muitos nem a percebem, outros tantos dão pouca ou nenhuma importância ocupados demais que estão com seus problemas. Para alguns, entretanto, esta imagem tem o poder de abrir uma janela efêmera de lembranças da infância, dos filhos, da inocência perdida, das crenças místicas e de esperança.

06/junho/2011
O mistério desta foto, que durante meses me tocou, se desfez. O autor desta imagem é Afrânio Ribeiro, único fotógrafo da Cidade de São João Nepomuceno, nos primeiros anos do século XX e o anjinho da foto é sua filha Sônia. Nesta época meu avô, Eduardo Barroso, morava e clinicava nesta mesma cidade, e provavelmente deveria ser no mínimo um conhecido de Afrânio ou cruzado com ele nas festas do Clube Trombeteiros, que fui conhecer nos anos sessenta por seus inesquecíveis bailes de carnaval. São João Nepomuceno ocupa um lugar de estaque em minhas memórias afetivas da adolescência, onde diversas vezes desembarquei de um Trem Maria Fumaça que cortava a região, passando por Mar de Espanha, Pequeri, Guarará e Bicas.
Um século depois a neta de Afrânio, Usha Velasco, também fotógrafa, recuperando os álbuns de família, transformou este acervo em um projeto de arte urbana, através do Prêmio Mark Ferrez, e as áreas públicas de Brasília o espaço de exibição.

2 comentários:

  1. Parece ser aquela menina que morreu tragicamente em Brasília, nos anos 80, Ana Lídia. Vc se lembra do crime bárbaro? Os brasilienses a têm como anjo já que morreu aos 8 anos, eu acho.

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  2. Olha isso Dudu: http://xicarasdenostalgia.blogspot.com/

    beijos

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