13 de novembro de 2009

Eternizando momentos - A banalização da imagem e a valorização do artesanato


Para mim, e creio que também para muitas pessoas, o indicador de felicidade é a velocidade do tempo. Quando estamos vivendo de um momento memorável nosso desejo é desacelerar o tempo, e se fosse possível pará-lo. Diante dessa impossibilidade temos de guardar algo que eternize aquele instante. Pode ser uma imagem ou um objeto. Durante a maior parte da historia da civilização os homens tentaram preservar e glorificar seus feitos através da posse física do patrimônio conquistado ou através da documentação visual cujo primeiro registro foi o contorno de mãos pintadas nas paredes de uma caverna na pré-história. A fotografia socializou esse desejo, inicialmente com altos custos e dificuldades e depois gratuita e absolutamente banalizada pela tecnologia digital. A evolução das possibilidades de registro da imagem foi exponencial durante os últimos 50 anos. Quando eu era criança somente existiam filmes em rolo, preto e branco. Minha primeira máquina fotográfica foi uma Bieka. Uma caixa quadrada com alça, uma lente e um obturador. Nada mais. Aos vinte anos, conhecendo a Europa, gastei 20 rolos de slides, resultando em um absurdo de 700 fotos que levava horas assistindo em um projetor de carrossel. Depois vieram as câmeras super 8. Documentei as brincadeiras de minhas filhas neste suporte precário da película de acetato que foram dissolvidas pelo tempo. Durante anos a imagem era uma raridade e a fotografia um luxo de resultados sempre imprevistos. Entre o disparar do obturador e ver as imagens reveladas transcorriam dias. Hoje qualquer telefone celular de segunda geração oferece como acessório grátis, uma potente filmadora e maquina fotográfica. As máquinas digitais banalizaram as imagens e estas já não nos satisfazem mais. Quando voltamos de uma experiência inesquecível queremos trazer uma prova física da nossa presença naquele lugar e naquele momento. Pode ser um cinzeiro (cada vez mais raros) que volta distraído na bolsa, o cardápio, ou qualquer outro souvenir que sirva de lembrança. Alguns restaurantes, sintonizados com as tendências ditadas pela economia da experiência, já perceberam que presentear o cliente com o prato em que comeu a especialidade da casa ou o copo que bebeu o coquetel especial, surpreende, encanta, agrega valor, fideliza. Esta tendência aponta para o fato que os turistas, conscientes de seu poder de escolha, buscam cada vez mais a oferta qualificada tanto em produtos como em serviços que irão encontrar nos seus destinos turísticos. Produtos de uso pessoal, objetos de decoração ou de culto, pequenas lembranças que façam uma referência às suas origens e se relacionam com os lugares onde foram concebidas e produzidas, ocupam um lugar cada vez maior na mala dos turistas. Exportação simplificada, customizada, de alto valor social. Oportunidade que deve ser explorada, principalmente a partir de agora, quando o mundo estará com os olhos voltados para o Brasil da Copa do mundo de futebol e das Olimpíadas.

Um comentário:

  1. Lendo este seu comentário, eternizei momentos meus... nostalgia pura mas um exercício muito prazeiroso. Saudades de voce também meu amigo! Bjs, Deca

    ResponderExcluir

Obrigado por deixar seus comentários.