18 de outubro de 2008

Resumo da palestra de posse da nova diretoria da Associação Cearense de Designers e da comemoração de dez anos da primeira turma do CDC

Vida é competição. Design é competição.
Perdedores ou vitoriosos? Só temos duas opções.


A vida, do modo como foi concebida em nosso ecossistema chamado Terra, é fruto da competição. Desde a formação das mais primitivas formas de vida já existia a competição. Milhões de gametas em competição para somente um vencedor fecundar um óvulo. Essa é a gênese da vitória do mais capaz. Desta competição surgiram milhares de formas distintas de seres vivos. Para todas foram concedidos atributos e qualidades. Para alguns a mobilidade e o instinto de sobrevivência e a força para competir por espaço, por sustento e por poder. Para outras formas de vida mais evoluídas foi outorgada também a noção de ganho e de perda, e com isso formaram-se grupos e com estes o impulso coletivo. Para outras poucas espécies foi dada a inteligência e com elas o livre arbítrio. Porém para apenas uma, dentre milhares de espécies, foi dada além de uma inteligência superior uma ferramenta inestimável que são as mãos e com elas o poder de projetar e moldar seu futuro.

Nascemos portando vitoriosos na medida em que somos o produto da competição de milhões de espermatozóides. Somos duplamente vitoriosos por pertencermos à raça humana que é dotada da forma mais complexa e sofisticada de inteligência.

Nascemos em débito com nossos antepassados que nos legaram a cultura e os progressos da ciência e da tecnologia, tudo isso fruto da competição. Portanto nosso destino é sermos competitivos quando herdamos em nosso DNA estas vitórias acumuladas. Para sobreviver enquanto espécie, temos de ser competitivos e vencedores.

Cada pessoa tem uma medida do que seja a vitória. Para alguns é estar bem consigo mesmo, com saúde, alegria e conforto. Para outras pessoas o que conta é a força e o poder, sobre si e sobre os outros. Para outras é a posse, a propriedade e a acumulação, para outros é a fé e suas crenças para outros a fama e a admiração.

Somos do tamanho de nossas expectativas e de nossos sonhos e somente nós temos a régua para medi-lo.


Considerem-se vitoriosos aqueles que amam a atividade ou profissão que escolheram. Fazer design é um privilégio e viver do design um privilégio maior ainda. Desconfio que poucas atividades humanas dêem tanto prazer que aquelas cuja essência é criar o novo, o desconhecido e se antecipar ao futuro. Temos diante de nós um grande desafio e uma grande oportunidade que é de contribuir para que o nosso mundo seja melhor. O mundo material com o qual viveremos dentro de dez anos hoje sequer foi inventado. Temos um mundo por projetar. Quando olhamos para um problema e conseguimos visualizar inúmeras alternativas de soluções diferentes é porque sabemos que existe uma delas que pode ser a melhor e que somos capazes de concebê-la. Isso vale para uma casa, uma loja, uma rua, uma cidade, um produto, uma mensagem, ou uma empresa.

Somos vitoriosos por termos recebido esta dádiva do pensamento assimétrico e do inconformismo que nos faz criar e ao fazê-lo nos permite experimentar uma imensa satisfação interior. Design é pura competição. Queremos sempre fazer o melhor, mais barato, mais eficaz, mais seguro, mais responsável, mais humano, mais compassivo, mais autentico mais bonito e mais satisfatório.

Ao projetar já começamos vitoriosos quando vamos em busca do desafio de vencer a mediocridade, o ordinário, o supérfluo, e o desnecessário. Esta competição, entretanto, deve ter regras, sendo a ética a primeira e inalienável condição. Respeito ao outro, à cultura e ao meio ambiente não são valores agregados. Devem ser requisitos de partida de qualquer projeto ou ação.

Finalmente sei que somos vitoriosos quando temos a percepção de ter nascido no lugar certo, no melhor momento da história humana, e com a faculdade de poder escolher as pessoas certas.

Teremos a exata dimensão de nossas vitórias e de nosso sucesso quando pudermos fazer não em nossas vidas, mas de nossas vidas, um laboratório do futuro, um instituto do amanhã, um espaço para exercitar o humor e preservar o riso, de criar o imortal e o efêmero e tudo o mais que nossa imaginação for capaz de conceber.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por deixar seus comentários.