19 de outubro de 2008

O design na economia da experiência

Esgotadas todas as formas de sedução dos consumidores, as empresas partem para a última fronteira, aquela de criar experiências memoráveis na mente dos clientes e com isto os tornar fiéis. Seduzir para fidelizar. Porém não uma sedução apenas conquistada com as aparências, estéticas principalmente. Depois de conteúdo (conceitual, cultural, social...). Estas etapas se sucedem quando são esgotados os argumentos que já não satisfazem mais os consumidores, cada vez mais cientes de seu poder de determinação do mercado. Primeiramente os consumidores compravam função, depois mais conscientes passaram a exigir a qualidade e em seguida a diversidade estética. Agora, a nova estratégia adotada é tornar produtos e serviços experiências inesquecíveis.

Quanto custa um produto, qualquer que seja? Custa o tamanho da quantidade e da qualidade daquilo que se propõe.
Pense no desejo de tomar um café. Ele pode ser servido em um copinho de plástico no bar da esquina. Ou pode ser servido em uma xícara de porcelana italiana no terraço de um hotel em Veneza com vista para o Gran Canal. O preço destes dois serviços é completamente diferente embora o seu conteúdo seja o mesmo: um café. O que determina o preço não é a qualidade do café e nem o tipo de xícara e sim o lugar e o momento. O que conta é a experiência que aquele serviço proporciona. Algo memorável, inesquecível. Onde o desejo de permanecer ou voltar será proporcional ao preço da conta.

Este é o novo paradigma. Conseguir, através da fruição, satisfazer os desejos dos consumidores de tal modo que se estabeleça um vínculo entre objeto e momento vivido.

Quando uma pessoa deseja eternizar um momento procura fazê-lo geralmente através de uma imagem gravada ou adquirindo algum objeto referente aquela situação. Este é o impulso da maioria das pessoas ao decidirem comprar uma jóia, um artesanato ou um souvenir. Eternizar um momento com um objeto símbolo. O mesmo impulso que nos leva a tirar uma foto com o celular de algo inesperado, mágico, único e fugaz.

Nesta nova economia, ditada por bens simbólicos, o maior valor agregado que se possa aspirar é criar vínculos afetivos. Este é o sonho e desejo de todos os empresários e os designers as poucas pessoas capazes de compreender, e dar uma resposta satisfatória, a esta nova exigência.

Novas oportunidades se criam, com ganhos em todas as direções. A valorização do artesanato como forma de expressão cultural e sua importância sócio-econômica favorece a aproximação com o design. Desta parceria surgem produtos inseridos dentro de um contexto vivencial. O mesmo ocorre com a gastronomia. Ferran Adrià e sua equipe do restaurante El Bulli na Espanha onde a busca pela inovação é permanente. Estes dois elementos, o artesanato e a gastronomia, somados ao turismo se transformam em um espaço de possibilidades inesgotáveis para o design, escapando das fronteiras tecnológicas impostas pelo processo industrial. Cada produto ou serviço resultante são únicos, singulares, insubstituíveis. Este é o novo desafio e desejo para quem cria, quem produz e quem consome. Todos querem ser a bola “Wilson” da vez, como no filme “O Naufrago” com Tom Hanks. Infelizmente, poucos conseguem.

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