3 de setembro de 2011

O futuro do design e o design do futuro

Design é uma palavra inglesa cuja tradução literal significa projeto. Projeto de acordo com nosso léxico é um conjunto de atividades programadas, com tempos e custos definidos, cujo resultado final é algo que até então não existia. Entendido desse modo o design significa um processo de construção consciente de novas realidades.

O futuro do design enquanto atividade (e não processo) encaminha-se para um distanciamento cada vez maior de seu significado acadêmico original, com suas clássicas divisões: design de produtos, design de interiores ou design gráfico. Esta forma de compartimentalização tinha sentido em um momento de afirmação de uma atividade ainda incipiente e pouco conhecida da sociedade como um todo e do sistema produtivo em particular. Hoje, as dezenas de novas especialidades no design são uma resposta a demanda de mercado por inovação.

Cinqüenta anos depois de seu surgimento na América Latina, a palavra "design" começa a ser entendida, em muitos setores da economia, como um processo estratégico para o desenvolvimento de empresas, regiões e países.

Isso porque nas últimas duas décadas o design evoluiu como atividade capaz de propor e introduzir novas ferramentas de inovação, além de orientar a gestão integrada de todas as interfaces de uma empresa, pública ou privada, com seu público consumidor ou usuário, interno e externo, de modo harmônico e coerente. Esta percepção holística da empresa, e de seus produtos e serviços é a característica diferenciadora do "design management".

Novas frentes de atuação também se abriram na medida que setores economicamente marginais se viram na contingência de buscar soluções inovadoras para seus problemas de produto, produção e comercialização, como é o caso do artesanato e dos produtos típicos. Atuar junto as estes setores economicamente deprimidos implica levar em consideração, na mesma ordem de importância dos fatores econômicos e produtivos, as questões de ordem social, cultural e ambiental, principalmente a necessidade de geração de trabalho e renda. O artesanato e a pequena produção local, associada a sua cultura e região de origem, consegue através da agregação de valor colocar em evidência seus atributos qualitativos e diferenciadores, novo foco e demanda do "design social" cujo objetivo permanente é "mudar respeitando as origens".

Com relação aos produtos intangíveis a demanda por inovação tem sido exponencial, com tendência sempre crescente e na mesma velocidade do avanço tecnológico. No universo digital a demanda por inteligência, criatividade e expertise requer um nova abordagem profissional que o design busca suprir, substituindo micreiros e vituoses da computação gráfica.

Para os bens de consumo tradicionais, incluindo vestuário, a liberdade de criação é cada vez maior na medida que desaparecem os impedimentos tecnológicos. Antes um designer se capacitava principalmente no “como fazer”, hoje a preocupação é “o que fazer”, já que tudo é possível.

Saindo da escala micro para a escala macro, cidades e territórios representam um problema cuja solução não pode ser monodisciplinar. A complexidade destes espaços requer uma visão integradora, direcionada para o futuro, sem esquecer as lições do passado. Essa fusão de conhecimentos é o processo de trabalho do "design territorial ou urbano". que atua conciliando interesses, visões e expectativas.

Esta multiplicidade de oportunidades e as múltiplas frentes de atuação que se abriram somente são compreensíveis quando entendemos a natureza do design e sua singularidade no modo de abordagem dos problemas, para quem o conteúdo é que define a forma, seja para comunicar ou suprir uma demanda de produto ou serviço de qualquer natureza.

Design significa para mim, antes de tudo, como uma vontade irrefreável de fazer melhor. É descobrir o oculto, revelar o invisível, identificar a beleza, mesmo nas coisas mais simples do cotidiano.

Essa é a dificuldade de se ensinar design. De certo modo foi isso que me distanciou da sala de aula como professor. Descobri que sensibilidade, capacidade de percepção, talento e ousadia são atributos que se potencializam mas não se transmitem. Sem eles o design é pobre, medíocre, simplório e banal.

Ao se orientar na direção da inovação radical as empresas mais competitivas têm no "design estratégico" seu diferencial de qualidade e de marcado. Apple, Sony e Google são exemplos emblemáticos. Uma revolução a cada nova geração de produtos.

Esta é também a forma de se pensar (e construir) o futuro. Olhando os problemas a partir de todos os seus ângulos, privilegiando a pluralidade nas soluções, focadas no individuo e em suas necessidades, desejos e expectativas, sem comprometer, entretanto, as necessidades das futuras gerações.

Parodiando Stefano Marzano “Cada vez que projetamos (ou consumimos) um produto estamos fazendo uma afirmação sobre o futuro que desejamos”.








Um comentário:

  1. Download do Documentário - O Futuro no Design - http://t.co/SMlz3oTC

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