11 de setembro de 2010

A dependência do feminino

Existem homens que não gostam de passar um dia sequer de suas vidas sem a presença e o respaldo de uma mulher. Eu sou um deles.

Quando digo isso não estou aludindo a uma questão de sexualidade, mas da importância do universo do feminino para que o masculino se complete e se realize. A presença feminina, onipresente na minha vida, me deu uma segurança ímpar, o de se saber cuidado. Talvez mais do que a o próprio amor penso que o homem deseja é saber que alguém vela por ele. Dos seus iguais espera a admiração e o companheirismo, que por maiores que sejam como valores, não suprem a ausência do pensamento diferenciado que o feminino aporta.

Minha admiração por esse mundo estranho e sedutor, cheio de mistérios e valores subjetivos, me instiga a buscar explicações e justificativas. A ciência já demonstrou o funcionamento diferenciado da mente feminina através da maior intensidade de atividade no hemisfério direito do cérebro, área responsável pela intuição e pela emoção. Fascina-me a capacidade da mulher de superar a dependência masculina pelas aparências em seus impulsos e escolhas afetivas; de conseguir representar vários papeis simultâneos (profissional, mulher e mãe) e de propor quase sempre soluções pouco cartesianas a partir de uma lógica nebulosa que não opta nem pelo sim e nem pelo não, muito antes pelo contrário. São estes os elementos, que definem o que qualifico como sendo o “pensamento assimétrico” fundamental para os processos criativos.

A mulher busca, desde tempos imemoriais, formas de superar sua capacidade de atração, onde a maquiagem é apenas uma das armas de sedução. A indústria de cosméticos movimenta mais de cem bilhões de dólares por ano, segundo cálculos da ONU. O mundo feminino é pródigo de fetiches, transformados em acessórios, cujo sapato hoje é o campeão. A maioria das mulheres ocidentais, de um determinado extrato social, contam os pares de sapato, em seus armários, em centenas. A média de consumo mensal no Brasil é hoje de um par de sapatos por mês por cada mulher. Observar os sapatos das mulheres e disso tirar alguma conclusão pode ser um exercício prazeroso, mas impossível de aportar uma resposta conclusiva e satisfatória. Falar de cor então, nem se fala...

Trabalhar com as mulheres é absolutamente fundamental para o sucesso de qualquer empreitada, mas tenho dúvidas, pelo ao menos pelo momento, se o mesmo principio vale para conduzir o país, não por uma questão de gênero, mas de personagem.

A dependência do feminino foi descrita com precisão no livro “Eurico o Presbítero de Alexandre Herculano, na metade do século XIX. “Dai às paixões todo o ardor que puderes, aos prazeres mil vezes intensidade, aos sentidos a máxima energia e convertereis o mundo em paraíso, mas tirai dele a mulher, e o mundo será um ermo melancólico, onde os deleites serão apenas o prelúdio do tédio."

Somos todos frutos da união entre o feminino e o masculino e trazemos em nosso DNA esta dupla referencia, com maior ou menor presença de um destes lados, cujas escolhas conscientes ou não, constroem nossa identidade individual e moldam nossa sensibilidade.

4 comentários:

  1. Que bom que você reconhece o valor da mulher.
    Sem elas o mundo fica menos doce.
    Boa semana
    Tânia Gomes

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  2. Boa noite Eduardo, adorei suas palavras e o mundo não seria o mesmo sem as mulheres e os homens para nos fazer feliz e ser compreendidas.
    Wilma Caldas

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  3. Adorei o texto. Que bom que existem homens capazes de reconhecer a importância do feminino em suas vidas.

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