10 de setembro de 2009

A Praça

O ponto mais central de um conglomerado urbano de pequeno porte é caracterizado geralmente por uma grande praça. Para ela convergem todos os cidadãos. Para verem e serem vistos. Para confirmarem na alteridade sua própria identidade. Por seu poder de atração a praça é o palco da vida cotidiana, de seus anseios e desejos, de suas crenças e queixas. Espaço de liberdade de expressão e de transgressões consentidas. De lazer, de encontros e despedidas. Marco simbólico para os estrangeiros e vinculo afetivo para os locais. O estado de uma praça reflete todo o estado da comunidade que a circunda, seja pelo cuidado seja pelo descuido. A praça é acima de tudo o cenário de todos os eventos, do povo e para o povo. Em uma cidade de maiores dimensões cada bairro possui sua própria praça, porém nem todas conseguem o mesmo reconhecimento e uso.

Penso nas praças mais importantes das cidades onde vivi e percebo como elas refletem o espírito da cidade. Em Belo Horizonte a Praça da Liberdade com suas palmeiras imperiais; em Brasília a Praça dos Três Poderes e seu infinito gramado; em Florianópolis a Praça XV e sua figueira centenária; em Fortaleza a Praça do Ferreira com as lembranças de seu morador mais ilustre o bode ioiô, hoje embalsamado no museu histórico.

Projetar uma praça é intervir em um espaço quase-sagrado, povoado de memórias, de lembranças e de histórias. Torna-se um desafio quando o que se busca é resgatar sua destinação original. Dar a este espaço público a mesma função que as praças sempre tiveram desde as mais remotas eras. As praças mais importantes são aquelas que conseguem ser o ponto de encontro natural das pessoas e um espelho da cidade, dotada de possibilidades de usos e ocupações diversas.

A praça é a sala de visitas da casa. Pode ser aconchegante e acolhedora ou fria e pouco hospitaleira. Mobiliada ou despojada, verde ou árida, muito ou pouco utilizada. Suas características serão determinadas por aquele que a projeta, mas sua aparência final será determinada por aqueles que a utilizam. Para projetar uma praça é necessário ouvir a população, conhecer suas necessidades e anseios e com ela debater as possibilidades e definir o que deve ser acrescido ou retirado. Fazer isso é difícil, pouco usual, mas indispensável.

Um comentário:

  1. Ótimo texto! AS coisas lidas podem parecer óbvias, mas de fato não são. Projetar uma praça é difícil. Entender os diferentes tipos de praça fica muito mais fácil com esse texto.

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