24 de maio de 2017

ócio criativo

Ha três anos fui dispensado do trabalho obrigatório, pela aposentadoria. Desde então venho tentado usar todo o meu tempo para criar algo. Transformando cada dia em uma oportunidade de criar alguma coisa, seja lá o que for, passou a ser minha principal preocupação. Pintando um quadro, escrevendo um texto, fazendo um jantar, preparando uma palestra, formatando um projeto, ou propondo alguma coisa que julgo útil e necessária, estou sempre movido por esse desejo de usar o tempo de modo mais produtivo e menos contemplativo. Isso me obrigou a rejeitar a ideia de simplesmente deixar a vida fluir, sem fazer planos. Não que condene aqueles que assumem essa atitude, ao contrário, às vezes até os admiro. Contudo, não consigo ficar parado. É como se tivesse uma dívida a ser paga, comigo mesmo ou com o mundo. "Keep Walking" ouço dizer o João Caminhante do rótulo do whisky. Considero um desperdício abdicar da experiência e conhecimento acumulado, simplesmente por uma questão cronológica de direito adquirido. É na terceira idade que melhor percebemos os caminhos oferecidos com suas bifurcações que nos conduzem a muitos futuros possíveis, prováveis e diferentes. Por estar mais próximo do fim, do que do princípio da vida, talvez consigo perceber com mais clareza a importância das coisas singulares e dos momentos mágicos.

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