30 de agosto de 2010

Incitação ao coletivo - Resumo de minha intervenção no Encontro Técnico da UNISOL

Nos últimos dez anos nenhum país do mundo ocidental investiu tanto no segmento artesanal como o Brasil. A soma dos recursos aportados pelos Programas Estaduais de Artesanato, pelo SEBRAE, Artesanato Solidário, FBB, CEF, BNB, apenas para citar os patrocinadores mais expressivos, somam algumas centenas de milhões de reais.

A descontinuidade destes programas é uma possibilidade a ser considerada pelos gestores de um novo governo que se avizinha. Uma reflexão sobre o custo e o beneficio destes investimentos, que nem sempre se refletiram, na mesma proporção, na melhoria das condições de vida e de trabalho dos artesãos, poderá alterar o rumo os investimentos públicos no segmento artesanal. O mesmo raciocínio pode ser aplicado as feiras artesanais, cuja soma de gastos ultrapassam algumas vezes as vendas efetivadas pelos artesãos.

Mesmo que estas avaliações não aconteçam ainda é necessário considerar a possibilidade de um ataque de Adanismo, síndrome comum aos governantes que se julgam fundadores de uma nova história, cujas primeiras linhas eles escreveram. Anulam assim os feitos do passado, como fez a Governadora (que apeou Jackson Lago do poder) com a descontinuidade do projeto “Saberes e Sabores do Maranhão” apenas para citar um exemplo recente.

Por que estas coisas ainda acontecem, quando já evoluímos para uma sociedade democrática e com forte discurso social? Creio que isso é fruto da desmobilização dos maiores interessados que são os artesãos. Enganam-se aqueles que acreditam que as reivindicações individuais serão ouvidas. A atenção política se volta sempre para os grupos quantitativamente mais expressivos e melhor organizados.

O único modo de preservar os avanços conquistados nestes últimos dez ou doze anos de políticas sistemáticas e afirmativas de apoio ao artesanato é através das Comissões ou Fóros Estaduais de Artesanato. Mas, para que isso aconteça é necessário deles participar, que jamais recusarão um assento às representações formais dos artesãos.

A cobrança da sociedade organizada tem sido vital para preservar as conquistas sociais, cujo teste poderá acontecer dentro de poucos meses.

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