2 de abril de 2009

Algumas reflexões sobre ICONOGRAFIA

As lendas e os mitos ancestrais, transmitidos de geração a geração, são o ponto de partida para encontrar as pistas da história cultural de uma determinada região, e que permitem a reconstrução de sua verdadeira identidade, capaz de fazer com que as pessoas se conheçam entre si e se reconheçam individualmente, que criem e recriem seu universo de sonhos, e necessidades, que exprimam suas crenças e desejos, que exteriorizem sua visão, única e singular, do mundo que as rodeia. Plasmando, moldando, gravando ou imprimindo na matéria os gestos, as imagens, as cores e as marcas de seu universo simbólico, artistas e artesãos, fazem uma afirmação sobre suas origens, contando parte de sua trajetória cognitiva, e dando indicações sobre prováveis destinos.

Estes conjuntos de elementos visuais constituem a iconografia de uma determinada região e de um determinado grupo social sendo parte indissociável e inalienável de seu patrimônio cultural. Por esta razão devem ser resgatados e preservados, servindo às gerações futuras como uma síntese visual da história. Na diversidade pictórica, nos estilo e padrões, na formas dos objetos, nas linhas e cores mais utilizadas define-se uma linguagem visual que reflete o modo de ser e de viver de cada época.

Uma imagem para ser considerada um ícone necessita estar referenciada no repertório comum, e somente faz sentido se remeter o observador ao contexto original, espaço-temporal, que lhe corresponda. Um ícone não se determina por decreto, não se elege, e nem se escolhe. Existe por sua própria carga de conteúdo e de representação, pela força de seu significado, e por sua aceitação como parte integrante e indissolúvel da cultura de uma determinada região. Cada signo corresponde a um sistema organizado e aceito que constituem uma linguagem comum

São estas referências que nos permitem projetar o futuro, pois para fazê-lo devemos olhar o passado já que é nele que percebemos os caminhos e suas bifurcações, que se dividem, que se somam e se multiplicam, que se cruzam e convergem-se continuamente. Este olhar para trás é que nos permite pensar no amanhã. Entender a assimétrica geometria da vida e do destino, esta espiral de fatos sucessivos e simultâneos que conduzem ao amanhã, e retomando fragmentos de memória constroem novas linguagens e meios de comunicação.

Esta é a base referencial dos processos criativos. Este repertório de símbolos, de signos, de cores e representações, que são identificados e aceitos como marcas indeléveis de uma cultura é que permitem criar e recriar os processos de expressão e de afirmação de uma identidade.

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