18 de julho de 2011

O que me leva a pintar um quadro?

Depois de vinte anos sem tocar em um pincel decidi ocupar meus finais de semana Brasilienses com uma atividade lúdica que tanto satisfação havia me havia proporcionado nos anos que me dediquei exclusivamente à arte. Foram apenas dois ou três anos que passei, em minha juventude, na Escola Guignard antes de descobrir o design. Período suficiente para me revelar o prazer indescritível que a pintura, o desenho, a gravura e a escultura proporcionam. Porém curto para me tornar um artista.

Como os sonhos nunca morrem de repente me vejo comprando tubos de tinta a óleo e pincéis, disposto a dialogar comigo mesmo diante de uma tela em branco.
O que motiva um artista a definir o sujeito de um quadro antes de iniciá-lo? Suponho que alguns querem apenas expressar seus sentimentos e emoções transferindo para o pincel os gestos e movimentos que mais se harmonizam com este estado de espírito. O resultado final sempre surpreende já que não existia uma imagem pré-concebida na mente.

Conheci grandes pintores que definem o motivo de um quadro como um exercício de virtuosismo técnico, na expectativa do aplauso dos pares e da admiração dos amantes da arte. Buscam incansavelmente desenvolver novas técnicas ou aprimorar aquelas que dominam para satisfazer seu ego. Afinal, todo artista se nutre do amor que seu público lhe dedica.

Existem também, talvez em maior número, aqueles que desejam apenas desfrutar o prazer que experimentam no ato de pintar e na tentativa de perenizar com uma imagem uma lembrança ou o testemunho visual de um momento único. Buscam, entretanto, uma coerência entre seus quadros anteriores, na convicção da necessidade de guardar uma relação entre si, expressas no traço, na técnica e na temática que caracteriza e distingue um artista de outro.

Eu decidi usar os pinceis e tintas como quem conta uma estória. Existe por trás de cada tela um discurso não verbal. Uma reflexão sobre um determinado sujeito. Penso na imagem que irei pintar como se fosse a capa do livro dessa estória ficcional.

Conto com meus quadros estórias que nunca serão totalmente assimiladas do mesmo modo que as concebi. Os símbolos e as metáforas visuais dão pistas, mas também podem enganar. Componho imagens abertas à possibilidade para que cada um veja nele as estórias que imaginar.

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