18 de outubro de 2010

Dia dos Médicos

Hoje, Dia do Médico, me lembrei de meu pai, que foi da primeira turma de medicina da UFMG. Embora só tenha vivido com ele meus seis primeiros anos (relação abortada por um infarto fulminante) tive de reconstruí-lo a partir dos relatos que ouvia ou de minhas próprias deduções lógicas. Depreendo desta reflexão tardia que, de certo modo, tivemos uma vida parecida. Descobri que ele não trabalhava pelo dinheiro, mas por ideais.
Durante mais de 20 anos foi médico no interior de Minas, na Cidade de Mar de Espanha, e da carta de despedida que deixa para os habitantes consigo algumas preciosas informações, do mesmo modo, nas frases sublimadas nos livros que deixou. O juramento de Hipocrates, emoldurado e em lugar de destaque da casa, era a prova de seu orgulho pela profissão que escolhera.
Herdei dele uma caneta Parker 51 com o símbolo dos médicos, duas cobras envoltas em um bastão, incrustadas na tampa.
Era como um dever de família seguir a profissão, pois os dois Eduardo´s que me antecederam haviam feito esta escolha. Por isso optei por cursar o cientifico (assim se chamava naquela época) direcionado para as ciências biológicas. Desisti na ultima hora, até por juízo, e fiz vestibular para Belas Artes, que depois larguei, quando descobri o design.

Acho que o que mais me assustava, e por isso admiro tanto os médicos, era a capacidade de lidar com a vida dos outros, e quase sempre em situação de sofrimento.

A opção pela arte era uma forma inconsciente de alienação e que depois revelou ser um prazer tão imenso do qual é dificil abdicar. Criar é um dos maiores prazeres da existência humana, mesmo que seja somente para si mesmo. Limitação que você consegue superar quando descobre a capacidade de melhorar a vida das pessoas também nas pequenas coisas do cotidiano.

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